História De Israel – Teologia 31.239
CAPÍTULO 7
ANTÍPATRO VOLTA DE ROMA PARA AJUDÉIA E É ACUSADO NA PRESENÇA
DE VARO, GOVERNADOR DA SÍRIA, DE TER QUERIDO ENVENENAR O
REI, SEU
PAI. HERODES FÁ-LO PÔR NUMA PRISÃO E ESCREVE
A AUGUSTO A ESSE RESPEITO.
732. Herodes dissimulava sua cólera contra Antípatro e
escreveu-lhe que logo que tivesse terminado os negócios que o retinham em Roma,
viesse procurá-lo o mais depressa possível, a fim de que sua ausência não lhe
fosse prejudicial. Fazia-lhe somente algumas leves queixas de sua mãe, com
promessa de logo que tivesse regressado ele esquecer-se-ia do descontentamento
que lhe havia dado e dava-lhe todas as demonstrações de afeto que ele pudesse
desejar, porque temia que ele suspeitasse de que não voltaria e urdisse alguma
trama contra ele. Antípatro recebeu essas cartas na Cilícia, quando já estava
de regresso. Já tinha recebido outras, antes, em Tarento, que lhe comunicavam a
morte de Feroras, com o que ficaria muito sentido, não pelo afeto que lhe
dedicava, mas porque ele não tinha envenenado seu pai, como lhe tinha
prometido. Quando chegou a Celenderis, cidade da Cilícia, começou a hesitar, se
continuaria a viagem. Ele não podia suportar o castigo imposto à sua mãe, que
fora expulsa do palácio e as opiniões de seus amigos estavam divididas. Uns eram
de parecer que se esperasse em algum lugar, para ver o que aconteceria; outros,
aconselhavam-no a se apressar, a fim de dissipar, com sua presença, a idéia de
que sua ausência suscitava aos seus inimigos a ousadia de agir contra ele. Ele
tomou este último partido, continuou a viagem e chegou ao porto de Sebaste, que
Herodes tinha feito construir com tantas despesas, dando-lhe esse nome em honra
de Augusto. Não mais se duvidou então, da ruína de Antípatro. Em vez de, como,
quando do seu embarque para Roma, ser ele rodeado e assediado pela multidão dos
que o acompanharam, formulando-lhe votos de prosperidade, ao contrário, à sua
volta, não somente não o saudaram nem dele se aproximaram, mas fizeram até
imprecações, contra ele, implorando a vingança de Deus, para castigá-lo e
exigir-lhe o sangue de seus irmãos.
Aconteceu, que nesse mesmo tempo, quando ele se dirigia para
Jerusalém, Quintílio Varo que tinha sucedido a Saturnino no governo da Síria,
tinha vindo visitar Herodes e eles haviam se reunido em conselho. Como
Antipatro ainda nada sabia do que se passava apresentou-se à porta do palácio,
vestido de púrpura, como de costume; abriram-lhe a porta, mas fecharam-na ao
seu séquito. Ele não teve então dificuldade em avaliar o grave perigo em que se
encontrava, e viu-o ainda melhor, quando Herodes, em vez de abraçá-lo,
repeliu-o, censurou-o pela morte de seus irmãos e disse que ele lhe queria
ainda acrescentar um parricídio; que teria, no dia seguinte, a Varo por juiz.
Tão imprevista desgraça tombou sobre ele como um raio. Atônito, retirou-se, e
sua mãe e sua irmã, filha de Antígono, que havia reinado antes de Herodes,
foram também informados de todas estas coisas; ele preparou-se para o
julgamento.
733. No dia seguinte, convocou Herodes uma grande assembléia
que Varo presidiu; seus amigos lá estavam com os parentes de Herodes; Salomé,
sua irmã, também. Mandaram chamar os que haviam descoberto a conspiração, os
que tinham sido submetidos à tortura e algumas criadas da mãe de Antipatro, que
tendo sido presas um pouco antes de seu regresso, tinham em seu poder cartas
que falavam de que sua conspiração tinha sido descoberta e que ele não
voltasse, para não cair nas mãos do rei, seu pai, e que a única esperança de
salvação que lhe restava era recorrer à proteção de Augusto. Antipatro
lançou-se aos pés de Herodes, para rogar-lhe que não o condenasse antes de
escutá-lo, mas lhe permitisse antes justificar-se. Herodes ordenou-lhe que se
erguesse, e disse em seguida que bem infeliz ele se julgava por ter tido
semelhantes filhos, por ter caído nos seus últimos dias nas mãos de Antipatro;
que não havia cuidados que ele não tivesse tido de sua educação, que o tinha
cumulado de benefícios, mas que tantasprovas de afeto e de bondade não tinham
podido impedir que ele tentasse contra sua vida, para obter antes do tempo, com
um crime horrível, um reino que ele poderia possuir legitimamente, quer pelo
direito da natureza, quer pela vontade de seu pai, que ele não podia
compreender que vantagem ele tinha imaginado encontrar na execução de um
intento tão detestável; pois ele já o havia declarado seu sucessor, no
testamento e que mesmo durante sua vida ele já compartilhava de toda sua
autoridade, que ele lhe dava todos os anos cinqüenta talentos para suas
despesas e lhe havia dado trezentos, para sua viagem a Roma. Cervsurou-lhe em
seguida a morte de seus irmãos, dos quais tinha sido o acusador e o imitador;
se eles fossem inocentes, pois não tinha encontrado outras provas contra eles
senão as que ele havia alegado e os havia condenado por sua insinuação. Mas que
agora ele os justificava, sendo ele mesmo culpado do assassínio de que os
acusava.
Herodes assim falava e as lágrimas corriam-lhe dos olhos em
tão grande abundância, que ele não pôde continuar. Rogou a Nicolau de Damasco,
por quem tinha não menor amizade do que confiança, que estava bem a par do
assunto, que referisse o que continham as deposições das testemunhas que
serviam de provas da culpabilidade de seu filho. Mas Antípatro antecipou-se e
defendeu ele mesmo a causa. Empregou para sua defesa as mesmas razões de que
Herodes se servira contra ele, dizendo que aquela extrema aflição de seu pai
era uma recompensa de sua piedade e um sinal de que ele não havia faltado a
nenhum dos deveres que lhe devia prestar; que não havia possibilidade de que,
depois de o ter defendido nas tentativas feitas contra sua vida, ele tivesse
querido cometer semelhante crime e enxovalhar com tal mancha a sua reputação;
que não havia nenhum motivo para isso, porque seu pai o tinha declarado seu
sucessor e tornado participante de todo poder e de todos as honras anexas à
coroa, ele não tinha somente a probabilidade de ser rei, mas podia-se dizer que
de fato ele já o era, sem que ninguém se opusesse a isso; que assim não havia o
mínimo motivo de crer que a esperança incerta de conquistar a inteira posse de
um reino, de que já gozava pacificamente, de uma parte de sua virtude, ele se
tivesse metido em semelhante perigo e em tal crime; que o castigo sofrido por
dois de seus irmãos, por terem tentado semelhante ação tornava a coisa ainda
mais verossímil; que não era necessária melhor prova de seu ardente amor por
seu pai, do que ele mesmo ter sido delator deles e que não estava arrependido
disso, porque não podia melhor demonstrar sua piedade para com ele do que se tornando
o vingador de sua impiedade, que ele tinha por testemunha de todas as suas
ações em Roma, o mesmo Augusto, ao qual não se podia enganar bem como a Deus,
que ele podia apresentar suas cartas às quais se devia prestar
incomparavelmente mais crédito do que às calúnias de seus inimigos, que não
tinham maior desejo do que pôr a divisão na família real e aos quais sua
ausência tinha dado os meios para isso e a comodidade também; quanto às
deposições das testemunhas, não era justo que lhas prestassem fé, pois haviam
sido extorquidas pela violência das dores e que por fim ele mesmo se oferecia a
ser torturado e interrogado sem que o poupassem. Assim falando, Antípatro tinha
o rosto cheio de lágrimas, batia com força no rosto, de tal modo que causava
compaixão aos seus mesmos inimigos, e também comoveu de algum modo os
presentes; Herodes mesmo estava comovido, embora fizesse todo o possível para
não demonstrá-lo. Nicolau, então, tomou a palavra para continuar a acusação que
o rei tinha começado. Ele estendia-se em cada artigo: trouxe como prova dos
crimes, o testemunho dos que tinham sido torturados. Estendeu-se muito sobre a
bondade extrema que o rei havia demonstrado por seus filhos, pelo cuidado que
tivera de sua educação, de que tinha sido tão mal recompensado; disse que por
maior que tivesse sido a culpa de Alexandre e Aristóbulo não havia tanto motivo
de se admirar de que, sendo jovens e mal aconselhados, eles se tivessem deixado
levar mais pela ambição de reinar do que pelo desejo de enriquecer. Mas que nada
era tão horrível como o crime de Antípatro, o qual, mais cruel do que os
animais mais cruéis, que se amansam e se mostram reconhecidos para com aqueles,
dos quais receberam algum benefício, não tinha ele se comovido, com tantos
favores que recebera do rei, seu pai, e, em vez de considerar a infelicidade em
que seus irmãos tinham caído, por seu mau proceder, não tivera medo de os
imitar. "Pois não fostes vós mesmo", acrescentou ele, dirigindo sua
palavra a Antípatro, "o primeiro a acusá-los? Não fostes vós que vos
empenhastes em provar-lhe a culpabilidade? Não fostes vós que os fizestes
castigar? Não é, porém, disso que eu vos censuro; vosso ódio por eles era
justo. Mas, pode-se assaz admirar de que não tenhais temido atrair sobre vós
coisa semelhante? Pois, não é fácil julgar que o que fizestes contra eles não
foi por amor a vosso pai, mas para poderdes mais facilmente executar o
abominável desígnio, que tínheis já formulado contra ele, parecendo ser tão
zeloso pela sua conservação e ter tanto horror por seu crime, como as
conseqüências no-lo fizeram ver? Pois, querendo a morte de vossos irmãos,
poupastes seus cúmplices; demonstrastes assim suficientemente, que estáveis de
combinação còm eles e que vossa intenção era servir-vos deles para tentardes
contra a vida de vosso pai. Sentíeis assim uma dupla alegria: parecer aos olhos
dos homens ter feito uma ação digna de louvor, como teria sido mesmo, se vossos
irmãos, sendo culpados, não tivésseis vos declarado contra eles, como inimigos,
para salvar vosso pai e a outra, secreta, oculta, no vosso coração, achando por
esse meio mais facilidade em fazer perecer, à traição, por um crime ainda maior
que o deles, aquele mesmo por quem parecíeis sentir um amor tão cheio de
piedade. Mas se verdadeiramente tivésseis tido horror ao detestável desígnio de
que vossos irmãos eram acusados e que lhes custou a vida, teríeis tido coragem
para imitá-los? Não é evidente que não tínheis outro objetivo que perder por
vossa astúcia os que vos poderiam disputar o reino, como sendo muito mais
dignos do que vós, de possuí-lo e atirar todo ódio sobre vosso pai, de vos
pordes em condições de não poder ser castigado, acrescentando a esse
fatricídio, um parricídio, tão horrível, que nenhum século ainda viu outro
semelhante? Pois não é de um pai qualquer que resolvestes eliminar a vida, mas
de um pai que vos amava com paixão, que vos cumulou de benefícios, que
compartilhou convosco a sua autoridade, que vos declarou seu sucessor, que vos
fez gozar crescentemente do prazer de reinar, que vos tinha garantido a coroa
por meio de seu testamento. Mas essa excessiva bondade não causou impressão, em
tão mau espírito como o vosso. Em vez de considerá-lo como benfeitor, vos
considerastes apenas a vós mesmos; vossa paixão desmesurada de dominar não pôde
tolerar ter como companheiro vosso próprio pai, a quem sois devedor de tantos
benefícios e ao mesmo tempo que vossas palavras demonstravam um ardor tão
violento pela sua conservação, todas as vossas ações tendiam à sua ruína. Vós
não vos contentaste de ser mau, procurastes tornar vossa mãe tão má quanto vós,
fazendo-a cúmplice do vosso crime; irritastes o espírito de vossos irmãos e
tivestes a insolência de ultrajar a vosso pai, chamando-o de animal, vós, cujo
coração está mais cheio de veneno do que os mais venenosos animais, as
serpentes, e de que vos servistes contra os mais próximos e as quais devíeis
maiores favores: e vós, enfim, que em vez de ajudar vosso pai na sua velhice,
não vos contentastes unicamente com a vossa malícia para fazê-lo sentir os efeitos
da vossa ira, mas vos fizestes acompanhar por guardas e conquistastes o maior
número possível de pessoas, a fim de juntar os seus artifícios aos vossos para
o aniquilar. Agora, depois de tantos depoimentos, tanto de pessoas livres como
de escravas, às quais fostes causa de serem torturadas, depois de provas tão
claras do vosso crime, ousais negar a verdade; não vos é suficiente terdes
renunciado aos sentimentos mais ternos da natureza, esforçando-vos por tirar a
vida a vosso próprio pai, quereis também subverter as leis estabelecidas contra
vós e vossos semelhantes, para surpreender a eqüidade de Varo e para abolir
tudo o que há de justiça no mundo. Dizeis que não se devem dar valor a
depoimentos extorquidos por meio de torturas, que salvaram a vida ao vosso pai
e pretendeis, ao mesmo tempo, que se deva crer no que direis, sofrendo também a
tortura." "Mas, Senhor", acrescentou Nicolau, dirigindo então a
palavra a Varo, "nós livrareis nosso rei dos detestáveis empreendimentos
movidos contra ele, pelos seus parentes mais próximos? Não mandareis ao
suplício esse cruel animal, que depois de se ter servido de uma falsa aparência
de afeto para com seu pai, para perder seus próprios irmãos tudo fez para
perdê-lo a ele também, a fim de reinar sozinho? Sabeis que o parricídio não
deve ser considerado como um crime particular, mas como público, porque é um
ultraje feito à natureza e ataca o princípio da vida. Vós sabeis que nesse caso
o simples pensa-mento merece ser castigado como o mesmo fato e que não se deve
deixar de castigá-lo, sem se pecar contra essa mesma natureza, que é a mãe
comum de todos os homens."
Nicolau referiu em seguida diversas coisas, que a mãe de
Antípatro, impelida pelo prazer que as mulheres têm de falar, não tinha podido
deixar de dizer, isto é, que ela tinha consultado adivinhos e oferecido
sacrifícios para saber o que aconteceria a Herodes. Não esqueceu também as
desordens, tanto por causa do vinho como das mulheres, causadas por Antípatro,
na família de Feroras e citou o grande número de depoimentos feitos contra ele,
uns voluntários, outros obtidos pela tortura e que se podiam ter como os mais
certos, porque aqueles, que antes o temor de Antípatro levava a calar o que
sabiam contra ele, vendo que a mudança da sorte dava a todos a liberdade de
falar e de acusá-lo, diziam então com franqueza o que seu ódio por ele já lhes
não permitia ocultar.
734. Nada, porém,
aniquilava tanto a Antípatro, como as recriminações de sua consciência, que lhe
atirava continuamente diante dos olhos, seus horríveis crimes, contra seu pai,
o sangue de seus irmãos derramado por seus criminosos manejos e a perturbação
que ele havia suscitado em toda a família real. Havia-se mesmo notado há muito
tempo que jamais ele tinha ódios justos, nem amizades fiéis: mas o interesse
era sua única regra de conduta. Assim, mais se amava a virtude e a justiça,
mais ela era tida em horror e apenas houve segurança, começou-se a clamar
contra ele e a se dizer à porfia todo o mal que ele havia feito e de que se
tinha conhecimento. Vários acusaram-no de diversos crimes; e havia motivo para
se crer em tudo como verdade, porque parecia que não era para agradar ao rei,
nem o temor do perigo que os obrigava a ocultar alguma coisa. Parecia, ao
contrário, que eles eram levados a falar daquele modo porque detestavam sua
maldade e desejavam sua morte não só para garantir a vida de Herodes, como para
evitar de cair sob o domínio de tão perverso príncipe, como Antípatro. Não
eram, porém, somente os interrogados que assim falavam; havia muitos que depunham
voluntariamente contra ele, e embora ele fosse um dos mais astuciosos dos mais
desavergonhados dos homens, não ousava abrir a boca para responder.
735. Varo, então, tomou a palavra e disse que lhe dava toda
a liberdade de falar, se tivesse alguma coisa a alegar em sua defesa e que o
rei, seu pai e ele, só desejavam que ele fosse inocente. Antípatro, em vez de
responder, lançou-se de rosto em terra, rogando a Deus que fizesse saber por
meio de algum sinal a sua inocência e quanto ele estava longe de jamais ter
tido o pensamento de empreender algo contra seu pai. É assim que os maus
costumam agir. Quando enveredam pelo caminho do crime, abandonam-se às suas
paixões, sem se lembrar de que há um Deus; quando se encontram, porém, no
perigo de serem castigados, eles o invocam, tomam-no como testemunha da sua
inocência e dizem que se abandonam inteiramente à sua vontade. Foi o que
sucedeu a Antípatro. Antes, em todas as coisas, ele procedia como se Deus não
existisse, mas quando se viu prestes a receber o castigo que merecia, ele se
atreveu a dizer que Deus o tinha conservado para velar por seu pai. Varo, vendo
que ele não respondia às perguntas que lhe eram feitas e que ele continuava
somente a invocar a Deus, ordenou que trouxessem o veneno, de que se havia falado
no processo para que dele se experimentasse a força. Trouxeram-no e ele o fez
beber a um homem condenado à morte, o qual apenas o sorveu, caiu morto.
Dissolveu então a assembléia e no dia seguinte voltou a Antioquia onde
costumava permanecer, porque era a cidade onde os reis da Síria tinham
habitualmente sua corte.
736. Herodes mandou no mesmo instante meter Antípatro numa
prisão, sem que se soubesse que a resolução ia tomar ou já tomara, com Varo,
sobre aquele assunto, mas a maior parte julgava que ele nada faria, sem seu
parecer. Escreveu em seguida a Augusto e ordenou aos que lhe deviam apresentar
as cartas, que hoje o informassem à viva voz dos crimes cometidos por seu
filho. Nesse mesmo tempo, interceptou-se uma carta que AntiFílon escrevia do Egito
a Antípatro. Herodes mandou abri-la e encontrou estas palavras: "Eu vos
mandei uma carta de Acmé, em que vai a minha vida, pois não duvideis de que se
fosse conhecida eu atrairia sobre mim um ódio mortal de duas mui poderosas
famílias. Toca a vós dar ordem para que o negócio tenha bom êxito".
Herodes leu esta carta, mandou procurar a outra de que falava, mas não a pôde
encontrar e o servidor de AntiFílon afirmava não ter trazido outra que não
aquela que eles tinham em mãos. Enquanto estavam assim, nessa ansiedade, um dos
amigos do rei descobriu uma costura na túnica do servo e pensou que ali poderia
estar escondida a carta. Sua suposição não o enganou; acharam-na e assim estava
redigida: Acmé a Antípatro: "Escrevi ao rei, vosso pai, do modo como desejáveis
e incluí uma cópia da carta suposta de ter sido escrita à imperatriz, minha
senhora, por Salomé. Estou certo de que apenas ele ler castigá-la-á como
culpada, por ter tentado contra sua vida." O conteúdo da carta, falsamente
atribuída a Salomé, tinha sido imaginado por Antipatro, mas ele tinha deixado a
Acmé para que exprimisse o seu pensamento com sua maneira ordinária de
escrever. Quanto à carta de Acmé a Herodes, assim estava escrita: "Tendo,
Majestade, encontrado uma carta, escrita por Salomé à imperatriz, minha
senhora, pela qual ela a suplicava de fazer de modo que ela possa desposar
Silleu, o cuidado, que eu sou obrigado a ter no que respeita o vosso serviço,
fez-me copiá-la e vo-la enviar. Far-me-eis o favor de queimá-la, porque corre
perigo minha vida." Assim, a carta. Mas o que Acmé escrevia a Antipatro
desvendava toda a trama, porque pareceria que ele nada tinha feito que por sua
ordem e para perder Salomé. Acmé, que era judeu de nascimento, estava a serviço
da imperatriz e tinha vendido muito caro a Antipatro a sua mediação. Herodes
soube assim de toda a maldade de seu filho, que chegava a tal excesso, pois não
se contentando, de atentar contra a vida de seu pai, de ter querido também
perder à sua tia Salomé, de ter enchido toda a família de confusão e
per-turbação, tinha mesmo levado a corrupção até a corte de Augusto. Tantos
crimes juntos causaram-lhe tal horror, que pouco faltou que ele não morresse
naquele mesmo instante. Salomé excitava-o e clamava, batendo no peito, que
estava pronta a sofrer a morte, se ele julgava que ela lhe tinha faltado à
fidelidade. Herodes mandou chamar Antipatro e ordenou-lhe que dissesse sem
temor, se tinha alguma coisa a alegar em sua defesa. Ele nada respondeu e então
ele pediu-lhe, que, pelo menos declarasse que eram seus cúmplices. Ele falou de
AntiFílon somente. Veio então a Herodes o pensamento de mandá-lo a Roma para
ser julgado por Augusto, mas teve receio de que os amigos de Antipatro o
salvassem pelo caminho. Assim, tornou a enviá-lo à prisão, atado como estava e
escreveu a Augusto para informá-lo do seu crime, encarregando seus
embai-xadores de lhe contar como ele havia conquistado Acmé e de lhe mostrar as
cópias das cartas que ele tinha escrito.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
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