História De Israel – Teologia 31.203
Capítulo 2
Fraate, rei dos partos, permite a
Hircano, seu prisioneiro, voltar à
Judéia. Herodes outorga o sumo
sacerdócio a um homem sem
mérito. Alexandra, sogra de
Herodes e mãe de Aristóbulo, dirige-se
a Cleópatra para obter esse cargo
para o filho por meio de
Antônio. Herodes descobre e
concede o cargo a Aristóbulo.
Finge reconciliar-se com
Alexandra.
631. Hircano foi levado a Fraate, rei dos partos,
e esse príncipe tratou-o muito bem por causa da nobreza de sua família.
Tirou-lhe as cadeias e permitiu que morasse na Babilônia, onde havia um grande
número de judeus. Ele era honrado como sumo sacerdote e rei não somente pelos
que se haviam estabelecido naquela poderosa cidade, mas também por todos os
outros judeus que moravam além do Eufrates, e ele sentia-se feliz em sua
desdita. E, quando soube que Herodes subira ao trono, concebeu as maiores
esperanças, tanto porque o rei naturalmente amava os seus parentes e aliados
quanto por julgar que, tendo lhe salvado a vida quando ele corria o risco de
ser condenado, nada mais esperava dele senão reconhecimento. Assim, desejou
ardentemente ir procurá-lo e falou de seus planos àqueles em quem mais
confiava.
Aconselharam-no,
porém, a ficar, dizendo-lhe, para convencê-lo disso, que todos os seus
compatriotas naquele país já estavam prestando a ele todas as honras que podiam
prestar a seu sumo sacerdote e rei; que ele não podia esperar a mesma coisa da
Judéia, por causa da maneira ultrajosa como Antígono o havia tratado; que a
mudança de sorte muda também os sentimentos dos homens, e jamais os reis se
lembram dos favores recebidos enquanto simples cidadãos; e que ele não devia
esperar tanto afeto da parte de Herodes. Essas opiniões, embora tão sensatas,
não fizeram impressão no espírito de Hircano, tanto ele estava ansioso para
voltar. E Herodes escreveu-lhe também, rogando que pedisse ao rei e aos judeus
para não lhe invejarem o contentamento de compartilhar o poder da realeza, pois
chegara o tempo de agradecer os favores que lhe devia, tanto por Hircano
havê-lo elevado como por lhe salvar a vida.
Esse fingido soberano
não se contentou em escrever-lhe nesses termos, mas também enviou Saramala como
embaixador a Fraate, com muitos presentes, para obter deste a liberdade de seu
benfeitor e a oportunidade para recompensá-lo pelos favores que recebera. Todas
essas demonstrações de amizade, no entanto, eram pura mentira e hipocrisia. A
única coisa verdadeira nisso tudo era que ele havia usurpado a coroa e temia
uma reviravolta. Por isso desejava com ardor ter Hircano ao seu alcance, para
poder matá-lo, caso julgasse tal coisa conveniente para a sua própria
segurança, como nos faz ver a continuação da história.
632. Hircano foi
posto em liberdade pelo rei dos partos, e os judeus que estavam na Babilônia
forneceram-lhe o dinheiro necessário para a viagem. Herodes tratou-o com muita
deferência. Dava-lhe sempre o primeiro lugar nas assembléias e nos banquetes,
chamava-o de pai e tudo fazia para que ele não suspeitasse de sua traição,
porque desejava a todo custo conservar a posse da coroa e reforçar a sua
recente autoridade. Isso causou dissensões domésticas que excitaram grande
perturbação, por motivo que vou relatar.
O temor de que uma
pessoa de origem ilustre fosse constituída no sumo sacerdócio levou Herodes a
mandar vir da Babilônia um sacerdote chamado Ananel, oriundo de uma das mais
obscuras famílias, e investiu-o nesse cargo. Alexandra, mãe de Hircano e viúva
de Alexandre, filho do rei Aristobulo, de quem ela tivera um filho de nome
Aristobulo, como o avô, e uma filha de nome Mariana, mulher de Herodes, ficou
muito sentida com a injustiça que este fez ao filho, preterindo-o para honrar
com tão excelsa dignidade um homem de nenhum mérito.
Ela então escreveu a
Cleópatra, por meio de um músico, rogando-lhe que pedisse a Antônio o cargo
para o filho. A rainha prestou-lhe de boa mente aquele favor, mas nada pôde
obter. Ao mesmo tempo, Célio, que era muito amigo de Antônio, veio à Judéia
para alguns negócios e admirou-se da beleza extraordinária de Aristobulo e de
Mariana, e da felicidade de Alexandra, por ter posto no mundo tais filhos.
Aconselhou-a a mandar retratos deles a Antônio, não duvidando que ele, depois
de os ter visto, faria tudo o que ela desejava. Ela acreditou, e Gélio, ao
regressar para junto dele, exagerou a beleza deles, afirmando que mais
pareciam divindades que criaturas humanas, e tudo fez para suscitar nele o amor
por Mariana. Antônio, porém, julgou que não seria justo obrigar um rei seu
amigo a enviar-lhe a própria mulher. Além disso, temia a inveja e o ciúme de
Cleópatra. Assim, contentou-se em escrever a Herodes, pedindo que lhe enviasse
Aristobulo por algum pretexto honesto, se isso não lhe viesse a causar nenhuma
aflição.
Herodes julgou
arriscado enviar uma pessoa da origem, beleza e idade de Aristobulo, que então
contava apenas dezesseis anos, a um homem de posição tão elevada como Antônio,
que era também o mais voluptuoso dos romanos, pois podia ocultar a sua volúpia
pela confiança que tinha em seu poder. Assim, respondeu-lhe que Aristobulo não
poderia sair da Judéia sem perigo de uma guerra, pela esperança que tinham os
judeus de ser beneficiados por uma troca de rei.
633. Herodes, depois
de se desculpar perante Antônio, julgou conveniente dar atenção também a
Aristobulo e a Alexandra e não descontentar Mariana, que insistentemente pedia
o sumo sacerdócio para o irmão. Ele julgou também vantajoso tirar a Aristobulo
qualquer ocasião de sair do país sob pretexto de viagem. Reuniu em seguida os
seus amigos mais íntimos e queixou-se muito de Alexandra, dizendo que ela
trabalhava secretamente para tirar-lhe a coroa e para fazer com que Antônio,
por meio de Cleópatra, a entregasse ao filho, e que nisso ela era ainda mais
culpada, pois não poderia obtê-lo sem fazer a filha descer do trono e sem tirar
ao genro uma honra que ele conquistara com muitos sofrimentos e perigos, mas
que ele desejava, no entanto, esquecer essa injustiça e demonstrar em atos o seu
afeto por ela e pelos seus, outorgando ao filho dela o sumo sacerdócio que
Ananel exercera até então por causa da pouca idade de Aristóbulo.
Essas palavras, que
Herodes premeditara para enganar as princesas e os amigos, comoveram Alexandra,
tanto pela alegria de obter o que tão ardentemente desejava quanto pelo temor
de ver que Herodes havia descoberto os seus desígnios, e de tal modo que,
banhada em lágrimas, ela lhe confessou que tudo o que tentara referente ao sumo
sacerdócio fora na persuasão de que seria vergonhoso para o filho ver outro
homem no cargo. Quanto ao que se referia ao reino, porém, não tivera a menor
idéia de pretendê-lo para o filho, e, ainda que o oferecessem, ela não
aceitaria, pois era uma grande honra ver a filha reinar com ele e sua família,
e nada tinha a temer. Por isso, vencida pelos benefícios, ela recebia com
gratidão a honra que ele fazia ao filho, e Herodes podia ter a certeza de que
ele lhe seria submisso. Rogou-lhe ainda que perdoasse tudo o que os sentimentos
de sua origem e a injustiça que julgava se fazia a Aristóbulo a tinham levado a
empreender. Em seguida, depois dessas palavras, apertaram-se as mãos, para
mostrar que a reconciliação era verdadeira. E todos julgaram que, de fato, não
havia mais entre eles nenhum motivo de desconfiança.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine o nosso entendimento
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