História De Israel – Teologia 31.251
CAPÍTULO 4
REVOLTA DOS JUDEUS CONTRA PILATOS, GOVERNADOR DAJUDÉIA,POR
TER FEITO ENTRAR EM JERUSALÉM AS BANDEIRAS, QUE TRAZIAM A IMAGEM DO IMPERADOR.
ELE AS RETIRA. LOUVORES DE JESUS CRISTO. HORRÍVEL OFENSA FEITA A UMA DAMA
ROMANA PELOS SACERDOTES DA DEUSA ÍSIS E CASTIGO QUE TIBÉRIO LHES INFLIGE.
770. Pilatos,
governador da Judéia, enviou dos quartéis de inverno de Cesaréia a Jerusalém
tropas que traziam em seus estandartes a imagem do imperador, o que é tão
contrário às nossas leis que nenhum outro governador antes dele o fizera. As
tropas entraram de noite, e por isso apenas no dia seguinte é que se percebeu.
Imediatamente os judeus foram em grande número procurar Pilatos em Cesaréia e
durante vários dias rogaram-lhe que removesse aqueles estandartes. Ele negou o
pedido, dizendo que não o poderia fazer sem ofender o imperador. Mas como eles
continuavam a insistir, ordenou aos seus soldados, no sétimo dia, que
secretamente se conservassem em armas e subiu em seguida ao tribunal que
mandara erguer de propósito no local dos exercícios públicos, porque era o
lugar mais apropriado para escondê-los.
Os judeus, porém, insistiam no pedido. Ele então deu o sinal
aos soldados, que os envolveram imediatamente por todos os lados, e ameaçou
mandar matá-los se continuassem a insistir e não voltassem logo cada qual para
a sua casa. A essas palavras, eles lançaram-se todos por terra e
apresentaram-lhe a garganta descoberta, para mostrar que a observância de suas
leis lhes era muito mais cara que a própria vida. Aquela constância e zelo tão
ardentes pela religião causou tanto assombro a Pilatos que ele ordenou que se
levassem os estandarte de Jerusalém para Cesaréia.
771. Em seguida,
Pilatos tentou retirar dinheiro do tesouro sagrado para fazer vir a Jerusalém,
pelos aquedutos, a água cujas nascentes distavam uns duzentos estádios. O povo
ficou de tal modo revoltado que veio em grupos numerosos queixar-se e rogar-lhe
que não continuasse aquele projeto. E, como acontece ordinariamente no meio de
uma população exaltada, alguns chegaram de dizer-lhe palavras injuriosas. Ele
ordenou então aos soldados que escondessem cacetes debaixo da túnica e
rodeassem a multidão. Quando recomeçaram as injúrias, sinalizou aos soldados
para que executassem o que havia determinado. Eles não somente obedeceram, como
fizeram mais do que ele desejava, pois espancaram tanto os sediciosos quanto os
indiferentes. Os judeus não estavam armados, e por isso muitos morreram e
vários foram feridos. E a sedição terminou.
772. Nesse mesmo
tempo, apareceu JESUS, que era um homem sábio, se é que podemos considerá-lo
simplesmente um homem, tão admiráveis eram as suas obras. Ele ensinava os que
tinham prazer em ser instruídos na verdade e foi seguido não somente por muito
judeus, mas também por muitos gentios. Ele era o CRISTO. Os mais ilustres
dentre os de nossa nação acusaram-no perante Pilatos, e este ordenou que o
crucificassem. Os que o haviam amado durante a sua vida não o abandonaram
depois da morte. Ele lhes apareceu ressuscitado e vivo no terceiro dia, como os
santos profetas haviam predito, dizendo também que ele faria muitos outros
milagres. É dele que os cristãos, os quais vemos ainda hoje, tiraram o seu
nome.
773. Por esse mesmo
tempo, aconteceu uma grande perturbação na Judéia e um horrível escândalo em
Roma, durante os sacrifícios de ísis. Começarei a falar deste último e depois
passarei ao que se refere aos judeus.
Havia em Roma uma jovem senhora, de nome Paulina, que não
era menos ilustre por sua virtude que por seu nascimento e era tão bela quanto
rica. Havia desposado Saturnino, a quem não poderíamos louvar suficientemente,
bastando dizer que era digno de ser o marido de semelhante mulher. Décio Mundo,
jovem que ocupava uma posição muito elevada na ordem dos cavaleiros, concebeu
por ela o amor mais ardente que se possa imaginar. E, como ela era de tal
virtude que não se deixava conquistar por presentes, a impossibilidade de obter
o seu desejo aumentou-lhe ainda mais a paixão. Ele chegou a oferecer-lhe
duzentas mil dracmas por uma noite, porém ela rejeitou a proposta com desprezo.
A vida tornou-se tão insuportável para Mundo que ele
resolveu matar-se pela fome. No entanto, uma das libertas de seu pai, chamada
Idé, que era muito hábil em determinadas coisas, as quais convém mais ignorar
que saber, procurou-o para dizer-lhe que não perdesse a esperança. Ela prometeu
obter o que ele desejava, sem que lhe custasse mais de cinqüenta mil dracmas.
Tal proposta fez Mundo retomar alento, e ele deu-lhe a soma que ela pedia.
Como a tal liberta sabia que o dinheiro era inútil para
tentar uma mulher tão casta, resolveu servir-se de um outro meio. Sabendo que
ela nutria uma devoção muito particular pela deusa ísis, foi procurar alguns de
seus sacerdotes. Após comprar-lhes o segredo, informou-os do extremo amor de
Mundo para com Paulina. Se eles encontrassem um meio de satisfazer aquela
paixão, ela lhes daria no mesmo instante vinte e cinco mil dracmas e outro
tanto depois que houvessem cumprido a promessa. Na esperança de tão grande
recompensa, eles aceitaram a proposta, e o mais velho foi imediatamente dizer a
Paulina que o deus Anúbis tinha paixão por ela e lhe ordenava que fosse
procurá-lo.
A dama sentiu-se tão honrada com isso que se vangloriou
perante as amigas e disse o mesmo ao marido, o qual, conhecendo a sua extrema
castidade, consentiu de boa mente que ela fosse procurá-lo. Depois cear, ela
foi então ao Templo. Chegou a hora de se pôr ao leito, e aquele sacerdote
fechou-a num quarto onde não havia luz e onde Mundo, que ela julgava ser o deus
Anúbis, estava escondido. Ele passou toda a noite com ela, e no dia seguinte de
manhã, antes que aqueles detestáveis sacerdotes, cuja maldade a havia feito
cair naquela cilada, se tivessem levantado, ela foi procurar o marido e
contou-lhe o que se havia passado — e continuou a se vangloriar junto às
amigas. Tudo lhes pareceu tão incrível que não podiam acreditar no que ela dissera,
mas, por outro lado, não podiam desconfiar de sua virtude.
Três dias depois, Mundo encontrou-a por acaso e disse-lhe:
"Na verdade devo agradecer-vos por terdes recusado as duzentas mil dracmas
que vos ofereci. No entanto fizestes o que eu desejava. Que me importa que
tenhais desprezado Mundo, pois obtive o que queria sob o nome de Anúbis".
Dizendo essas palavras, foi-se embora. Paulina percebeu então o horrível engano
em que havia caído. Rasgou os seus vestes, contou ao marido o que havia acontecido
e rogou-lhe que não deixasse impune tamanho crime. Ele foi em seguida falar com
o imperador, a quem relatou o fato. Tibério, depois de estar bem informado de
toda a verdade, mandou crucificar aqueles maus sacerdotes e com eles Idé, que
imaginara a trama. Mandou também destruir o Templo de ísis e lançar-lhe a
estátua no Tibre. Quanto a Mundo, contentou-se em mandá-lo ao exílio, porque
atribuía o seu crime à violência de seu amor. Retomemos, porém, o fio de nossa
narração, para dizermos o que aconteceu aos judeus que moravam em Roma.
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