História De Israel – Teologia 31.224
CAPÍTULO 9
HERODES, DEPOIS DE CONSTRUIR CESARÉIA, CONSAGRA-A EM HONRA
DE
AUGUSTO E NELA PROMOVE ESPETÁCULOS DE INCRÍVEL MAGNIFICÊNCIA
PARA O POVO. CONSTRÓI AINDA OUTRAS CIDADES E DIVERSOS
EDIFÍCIOS.
SUA EXTREMA LIBERALIDADE PARA COM OS ESTRANGEIROS
E SEVERO RIGOR PARA COM OS SÚDITOS.
695. Nesse mesmo
tempo, a cidade de Cesaréia, cujos alicerces tinham sido lançados havia dez
anos, foi terminada, no ano vinte e oito do reinado de Herodes e na centésima
nonagésima segunda Olimpíada. Ele quis celebrar a dedicação com toda a
suntuosidade possível e imaginável. Mandou vir de todas as partes todos os que
tinham fama de excelentes músicos, lutadores ou atletas de corridas e das
outras espécies de exercícios. Reuniu um grande número de gladiadores, animais
ferozes, cavalos rapidíssimos e tudo o que se usa nesses espetáculos tão
apreciados pelos romanos e por outras nações. Consagrou todos esses jogos em
honra de Augusto e ordenou que fossem repetidos cada cinco anos.
A imperatriz Lívia quis contribuir para essa soberba
festividade, em que Herodes não havia poupado despesa alguma. Mandou-lhe de
Roma muitas coisas preciosas, cujo valor chegava a quinhentos talentos. Além de
uma multidão enorme de povo que acorreu de toda as partes para ver tão
grandiosa festa, vieram embaixadores de diversas nações, convidados por
Herodes. Ele recebeu-os, alojou-os e os tratou com grande fidalguia. Dava-lhes
todos os dias novos divertimentos e, quando a noite caía, reunia-os em grandes
banquetes, dos quais eles não se cansavam de admirar a magnificência. Sentia
tanto prazer em se distinguir que se esforçava para que o brilho das últimas
ações superasse sempre o das anteriores. Afirmava-se que Augusto e Agripa
disseram muitas vezes que a sua alma estava tão acima de sua coroa que ele
teria merecido reinar sobre toda a Síria e todo o Egito.
696. Depois dessas festas e jogos celebrados com tanta
pompa, ele construiu uma cidade no campo de Cafarbasa, num lugar em que as
águas e os bosques a tornavam muito agradável. Era cercada por um rio e por uma
grande floresta de árvores muito altas. Deu a essa cidade o nome de
Antipátride, por causa de seu pai, Antípatro. Construiu, acima de Jerico, um
castelo a que chamou Cipro, nome de sua mãe, e tornou-o tão ilustre pela força
quanto pela beleza. Como não podia se esquecer de Fazael, seu irmão, a quem
amara extremamente, erigiu vários e excelentes edifícios para honrar-lhe a
memória. O primeiro foi uma torre em Jerusalém, que não era inferior à de
Faraó. Chamou-a Fazaela, sendo uma das principais fortalezas da cidade.
Construiu depois, no vale de Jerico, do lado do norte, uma cidade à qual deu o
nome de Fazaela e que foi causa de que o território das redondezas, antes
deserto e abandonado, fosse repovoado e recebesse também esse nome.
Seria difícil enumerar os bens que Herodes proporcionou não
somente a várias cidades da Síria e da Grécia, mas às de outros países por onde
ele passava em suas viagens. Costumava ajudar parte delas com a construção de
novas obras públicas ou fornecendo dinheiro para que concluíssem aquelas que,
após começadas, haviam sido abandonadas pela falta de recursos dos moradores.
Dentre as suas generosas doações, a mais digna de nota foi a do Templo de Apoio
Pítio, em Rodes, que ele mandou reconstruir à sua custa, contribuindo também
com vários talentos para que se restaurasse a frota da cidade. Ele também
ajudou na construção de obras públicas em Nicópolis, erigida por Augusto depois
da batalha de Accio. Ele ordenou ainda que se fizessem galerias dos dois lados
da praça que atravessa Antioquia, importantíssima cidade, e mandou que lhe
pavimentassem as ruas com pedra polida, tanto para embelezá-la quanto para a
comodidade de seus habitantes.
697. Como os jogos olímpicos não correspondiam à sua fama,
porque faltavam os recursos para cobrir as despesas, Herodes reservou para esse
fim uma importância anual, de modo que pudessem ser celebrados, cuidando também
da suntuosidade dos sacrifícios e dos ornamentos. Essa liberalidade tão
extraordinária fez com que lhe concedessem a honra de superintendente perpétuo
desses jogos.
Alguns ficam admirados com as grandes contradições que se
acham em Herodes. Quando consideramos a generosidade que ele dispensava com
tanta profusão, somos obrigados a confessar que ele era caridoso por natureza.
Quando se observa, no entanto, as crueldades e injustiças que ele cometia para
com os seus súditos e até mesmo para com os mais próximos, não há como negar o
seu gênio duro e o caráter violento e inexorável, que não conhecia limites.
Embora essas qualidades sejam tão opostas que parece não poderem ser
encontradas na mesma pessoa, é minha opinião que elas procedem de uma mesma
causa.
Como a ambição pela honra era a paixão dominante desse
soberano, a glória e o desejo de merecer elogios durante toda a vida e
imortalizar a sua memória levaram-no a ser tão munificente. Em contrapartida,
os seus bens, por maiores que fossem, não bastavam a despesas tão desmedidas.
Ele era então obrigado a tratar rudemente os seus súditos e receber assim, por
meios indignos, o que a sua vaidade o levava a dissipar. Desse modo, como ele,
para não empobrecer, tinha de insistir em fazer tais exações, que o tornavam
odioso aos seu súditos e o impediam de conquistar-lhes o afeto, tirava então
proveito desse ódio. Em vez de tentar acalmá-los, quando alguém não obedecia
cegamente a tudo o que ele ordenava ou quando ele desconfiava de alguma intenção
de mudança em seu governo, devido à dura servidão, ele os tratava com rigor
semelhante ao que dispensaria aos piores inimigos. Não poupava nem os parentes
nem aqueles a quem mais amava, porque exigia que todos lhe prestassem respeito
e submissão absolutos, por mais injusto que fosse o seu governo.
Não precisamos de prova melhor dessa paixão desmesurada pela
glória pessoal que as honras excessivas que ele prestava a Augusto, a Agripa e
aos seus amigos, pois o seu intento era mostrar, pelo exemplo, de que maneira
ele gostaria de ser reverenciado. Como as nossas leis, todavia, têm por
objetivo unicamente a justiça, e não a vaidade, elas não permitiam aos judeus
ganhar o afeto dos príncipes levantando-lhes estátuas, consagrando-lhes Templos
ou usando de bajulações para contentar a própria ambição. Essa seria a razão,
julgo eu, pela qual Herodes era tão magnânimo para com os estrangeiros quanto
era injusto e cruel para com os próprios súditos.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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