História De Israel – Teologia 31.209
CAPÍTULO 8
DISCURSO DO REI HERODES AOS SOLDADOS, QUE LHES RESTITUI A
CORAGEM,
E ELES OBTÊM VITÓRIA CONTRA OS ÁRABES E OS OBRIGAM A TOMAR
HERODES COMO SEU PROTETOR.
645. Disse-lhes o
soberano: "Não ignorais, certamente, as desgraças que retardaram o nosso
progresso de algum tempo para cá. Elas foram tão grandes que não se pode achar
estranho que tenham amedrontado até mesmo os mais ousados. Mas, como os podemos
vencer com a nossa virtude — toda a razão está do nosso lado —, por que não
esperar mais do futuro e não retomar aqueles primitivos sentimentos de
generosidade que nos tornaram temíveis aos inimigos? A única razão dessa guerra
deve ser suficiente para vos animar, pois não a tendo empreendido senão para
repelir injúrias intoleráveis, nada pode ser mais justo. Os males que nos
afligem não nos devem fazer desesperar da vitória. Torno-vos a todos como
testemunhas dos ultrajes que recebemos desses bárbaros, os mais pérfidos e
ímpios de todos os homens. Por maiores que sejam os motivos que todos os seus
vizinhos tenham para se queixar deles, ninguém experimentou como nós os efeitos
de sua avareza e inveja. Que direi de sua ingratidão, sem falíir das outras
obrigações que eles nos devem? Pois, podem eles negar que fui eu, pelo afeto
que Antônio sempre me demonstrou, quem impediu que eles caíssem sob o domínio
de Cleópatra? Quando essa princesa obteve de Antônio parte do país deles e do
nosso, acaso deixei de ajudá-los ou não procurei a tranqüilidade dos dois povos
com os presentes que lhes fiz de meus próprios bens? Por esse motivo, pago
duzentos talentos cada ano e sou fiador de outros tantos, e, embora as terras
das quais se exige esse tributo nos pertençam, são esses bárbaros que as
possuem. Sendo judeus como nós, que motivo têm para nos obrigar a pagar esse
tributo e nos tirar parte de nossos bens para dá-los a outro país que nos é
devedor de sua salvação? É ainda mais injusto, porém, que aqueles que não podem
negar ter obtido a liberdade pelo nosso auxílio, os quais nos apresentaram os
seus agradecimentos por isso, tenham recusado, em plena paz e no tempo em que
se diziam nossos amigos, pagar o que nos deviam. Como se pode, sem infâmia,
faltar à palavra aos amigos, quando se é obrigado a mantê-la aos próprios
inimigos? Um povo tão brutal só acha honesto aquilo que lhe é útil e julga que
as injúrias devem ficar impunes quando são vantajosas aos que as fazem. Quem
pode então duvidar de que não somos obrigados a nos vingar pelas armas das
ofensas que recebemos desses bárbaros? Deus mesmo no-lo ordena, quando nos
manda odiar a insolência e a injustiça, e esta guerra não é somente justa, mas
necessária. Pois, matando os nossos embaixadores, como fizeram, não cometeram
eles, segundo o juízo dos gregos e mesmo o das nações selvagens, o maior de
todos crimes? Quem não sabe que entre os gregos o nome de arauto é sagrado e
inviolável? Com muito maior razão deve sê-lo entre nós, que recebemos de Deus
as nossas santas leis, pelo ministério dos anjos, que são os seus arautos e
mensageiros. E essa uma prerrogativa que não podemos deixar de honrar, pois
serve para levar os homens ao conhecimento de Deus e reconciliar os mais
mortais inimigos. O que então é mais horrível que manchar as próprias mãos no
sangue daqueles que vêm fazer propostas muito razoáveis e que feliz êxito podem
esperar os que cometeram tão detestável ação? Dir-se-á, talvez, que é verdade
que a razão está conosco, mas que eles são mais fortes. Respondo que isso não
tem valor, pois Deus está sempre do lado da justi-ça e em toda parte onde Ele
está o seu poder infinito aí também se faz presente. E, considerando apenas as
nossas próprias forças, não os vencemos no primeiro combate e não os
desbaratamos no segundo, sem que eles ao menos tivessem ousado resistir aos
primeiros ataques? E não teríamos sido plenamente vitoriosos se Ateniom, por
uma pérfida manobra, à qual não se pode dar o nome de valor, não nos tivesse
atacado, sem antes nos declarar guerra? Por que então agora, que temos mais
motivo de bem esperar, demostraríamos menor coragem que no passado? Por que
temeríamos àqueles aos quais sempre vencemos quando não usam de fraude e a quem
somente a traição faz obter a vitória? Se eles fossem mesmo tão temíveis como
querem fazer crer, não deveria isso fortalecer a nossa coragem, em vez de
enfraquecê-la? Pois o verdadeiro valor não consiste em sobrepujar os fracos e
os tímidos, e sim em vencer os mais bravos e os mais valentes. Se eles julgam
que os nossos problemas domésticos e esse último tremor de terra nos deixaram
atônitos, devem considerar que foi isso mesmo o que enganou os árabes, pois
eles julgaram o mal maior do que ele era na realidade, e nada nos seria mais
vergonhoso que sentir medo daquilo que lhes dá coragem. Pois na verdade o valor
que eles demonstram não procede da confiança nas próprias forças, mas por nos
considerarem abatidos e esmagados por tantos males. Assim, quando nos virem
marchar corajosamente contra eles, o seu ardor esvair-se-á, o seu medo
aumentará a nossa coragem e teremos apenas de combater homens semivencidos. Os
nossos males não foram tão grandes como eles e outros apregoam, pois o
terremoto não foi causado pela cólera de Deus contra nós, mas por um daqueles
acidentes com causas naturais. E, mesmo que tivesse acontecido pela vontade de
Deus, não poderíamos duvidar de que a sua cólera já está satisfeita com esse
castigo, pois de outro modo Ele não o teria feito cessar nem manifestaria, como
fez, com sinais evidentes, que aprova a justa guerra que empreendemos. Esse
terremoto foi geral para todo o resto do reino, e somente vós, que estáveis em
armas, dele fostes preservados. Assim, se todo o povo estivesse como vós, na
guerra, ninguém teria sofrido mal algum. Depois de termos ativamente
considerado todas essas coisas, principalmente sabendo que Deus em tempo algum
deixou de ser o nosso protetor, marchai com firme confiança na justiça de vossa
causa contra essa pérfida nação, que violou os tratados mais sagrados, que
sempre fugiu diante de nós e que só demonstrou coragem para assassinar os nossos
embaixadores".
646. As palavras de Herodes animaram de tal modo as tropas
que nada mais queriam senão partir para a luta. Ele ordenou sacrifícios segundo
o costume e, sem perda de tempo, fez com que todos os soldados atravessassem o
Jordão para marchar contra os árabes e acampou perto deles. Havia entre os
exércitos um castelo do qual ele poderia tirar vantagem, tanto se fosse travada
a batalha quanto se fosse necessário passar além para escolher um acampamento
mais seguro. Ele resolveu tomá-lo. Os árabes tinham o mesmo objetivo, e a
batalha teve início, depois de algumas pequenas escaramuças. Vários foram
mortos, e os árabes fugiram. Os judeus perseguiram-nos, com intenção de
atacá-los até mesmo no acampamento, e eles então foram obrigados a parar para
se defender, embora estivessem em completa desordem e sem esperança de vitória.
Depois desse grande combate, onde muitos perderam a vida, os
árabes fugiram definitivamente, e cinco mil foram mortos pelos judeus e por
eles mesmos, tanto se esforçavam e se comprimiam para salvar-se. O resto
retirou-se para o acampamento, embora já tivessem falta de víveres e de água e
se vissem cercados pelos judeus. Tal contingência obrigou-os a propor a Herodes
fazer tudo o que ele desejava, contanto que os deixasse partir e lhes
permitisse matar a sede. Mas ele não quis escutar os embaixadores nem receber o
dinheiro que ofereciam como resgate e nem aceitar qualquer outra condição, tal
o seu desejo de vingar-se daqueles que tinham violado o direito das gentes.
Então, não podendo mais suportar tão ardente sede, quatro mil árabes se
apresentaram no quinto dia do cerco para ser acorrentados como escravos.
No dia seguinte, o resto resolveu sair para morrer de armas
na mão, preferindo isso a expor-se a tão grande infâmia. Fizeram o que
intentavam, mas estavam tão fracos e com o espírito tão abatido que nenhum
esforço puderam fazer. Desejavam apenas morrer, temendo unicamente ficar vivos.
Cerca de sete mil morreram desde o primeiro choque. Tão grande perda abateu
completamente o orgulho daquela nação, que se admirou, em sua desgraça, do
valor e do proceder de Herodes e tomou-o como protetor.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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