História De Israel – Teologia 31.213
CAPÍTULO 12
AJUDÉIA É AMARGURADA POR ENORMES MALES, PARTICULARMENTE POR
UMA VIOLENTA PESTE E UMA GRANDE CARESTIA. CUIDADOS E LIBERALIDADES
INCRÍVEIS DE HERODES PARA REMEDIAR OS GRAVES INCONVENIENTES.
RECONQUISTA DESSE MODO Â AFETO DO POVO E RESTAURA A
ABUNDÂNCIA.
SOBERBO PALÁCIO QUE ELE CONSTRÓI EM JERUSALÉM. DESPOSA
AFILHA DE
SIMÃO, QUE ELE CONSTITUI SUMO SACERDOTE. OUTRO SOBERBO
CASTELO QUE
ELE CONSTRÓI NO LUGAR ONDE OUTRORA VENCERA OS JUDEUS.
663. Naquele mesmo ano, que era o décimo terceiro do reinado
de Herodes, a Judéia foi torturada por grandíssimos males, por uma vingança de
Deus ou por algum dos funestos acidentes que de tempos em tempos sucedem no
mundo. Começou por uma prolongada seca, e a terra não dava mais os frutos que
produz naturalmente, sem que se cultive. A necessidade obrigou o povo a
sustentar a vida com um alimento que antes lhes era desconhecido, e contraíram
assim graves doenças. E ainda, por uma concatenação de males que se sucediam
uns aos outros, sobreveio uma violenta peste.
Esse terrível flagelo aumentava, porque os que eram por ela
atacados não tinham assistência nem alimento. Muitos morriam logo, e o
desespero por não terem recursos e não poderem auxiliar os enfermos tirava aos
que não haviam sido contaminados a coragem de prestar aos seus semelhantes
cuidados que lhes seriam inúteis. Todos os frutos dos anos precedentes haviam
sido consumidos. Naquele ano, nada se colhera, e inutilmente se teria semeado a
terra, porque estava tão árida e seca que deixava morrer em seu seio as
sementes lançadas. Como aquilo continuasse por mais de um ano, o mal crescia
sempre, em vez de diminuir.
Em tal desolação, a riqueza de Herodes, por maior que fosse,
não seria bastante, pois a esterilidade da terra lhe impedia de receber os
tributos, e ele havia empregado enormes somas na construção de cidades e
fortalezas. Sem esperança de socorro, ele via unir-se a tantos males o ódio de
seus súditos contra ele, porque é costume dos povos lançar sobre os governantes
a culpa dos males que sofrem. Ele procurava sem cessar o remédio para
aliviá-los, mas inutilmente, pois os vizinhos também estavam angustiados pela
fome e não lhe podiam vender trigo. Ele tampouco tinha dinheiro suficiente para
repartir com uma multidão tão grande e tão necessitada de auxílio. Por fim,
convencido de que tinha de fazer algo em tal conjuntura, mandou fundir tudo o
que havia de ouro e prata, sem mesmo poupar as obras dos mais célebres
artistas. Com isso, reuniu uma grande soma e enviou-a ao Egito, onde Petrônio
governava, no lugar de Augusto.
O governador era solicitado com insistência por muitos
outros, atingidos também por semelhante desgraça, que a ele recorriam. Mas,
como era muito amigo de Herodes, concedeu-lhe, em consideração aos seus
súditos, uma partida de trigo, dando-lhe preferência a todos os outros. Ele
próprio ajudou-os a realizar a compra e o transporte e assim contribuiu mais do
que ninguém para a salvação de nossa gente. A gratidão por se ver aliviado e
socorrido em sua miséria pelos extremos cuidados do rei não somente fez o povo
esquecer o ódio que lhe tinha, mas o levou a tecer os elogios que a sua bondade
merecia. Ele distribuiu o trigo primeiro aos que podiam fazer o pão e enviou
padeiros àqueles que, pela velhice ou pela doença, não o podiam fazer.
Ajudou-os também contra o rigor do inverno, dando-lhes vestes, de que tinham
também grande necessidade, pois o gado morrera quase todo, e eles não tinham lã
nem outras coisas de que se servir.
Depois de atender às necessidades de seus súditos, Herodes
levou os seus cuidados às cidades da Síria, vizinhas da Judéia. Deu-lhes trigo
para semear e não obteve para si menor vantagem que eles, pois a terra produziu
em tal abundância o trigo semeado que a fartura voltou. E, quando veio o tempo
da messe, ele enviou cinqüenta mil homens, aos quais salvara a vida, para fazer
a ceifa. Assim, ele foi não só benfeitor de seu reino, pela sua vigilância e
proceder, mas também de seus vizinhos, que não recorreram a ele inutilmente,
mas receberam o que precisavam. Ele calculou haver fornecido aos estrangeiros
dez mil coros de trigo, contendo cada coro dez medidas áticas. O que ele
distribuiu no seu reino montava a oitenta mil coros.
Tantos cuidados e favores realizados em favor do povo numa
tão premente necessidade fizeram-no admirado por todo o mundo. Ele ganhou de
tal modo o coração de todos que a gratidão pelos favores recentes os fez
esquecer o ódio causado pelas modificações qtie ele havia introduzido no reino
e na observância dos antigos costumes. Julgaram que aquele mal fora compensado
pelos grandes bens que haviam recebido de sua maravilhosa liberalidade, no
tempo em que ela lhes foi tão necessária. Não foi menor a glória que ele
conquistou também perante os estrangeiros. Assim, tantos males só serviram para
tornar o seu nome ainda mais ilustre. Os sofrimentos do povo aumentaram, em seu
reino, a sua fama. A gratidão pelos benefícios e a extraordinária bondade que
ele demonstrou em tão dura provação, mesmo para com os que não eram seus
súditos, fizeram-no ser considerado no exterior não como antes, mas tal como o
haviam conhecido naquela extrema necessidade.
664. O generoso
soberano, ainda para demonstrar o seu afeto por Augusto, mandou ao mesmo tempo
quinhentos dos mais valentes de seus guardas a Hélio Galo, ao qual prestaram
grandes serviços na guerra que ele fazia na Arábia, perto do mar Vermelho. E,
depois de haver restaurado a prosperidade em seu território, mandou construir
no lugar mais elevado da cidade de Jerusalém um grande e soberbo palácio,
resplandecente de ouro e de mármore, onde, entre os magníficos aposen-tos que
lá se viam, havia um com o nome de Augusto e outro com o de Agripa.
665. Ele pensou então
em casar-se novamente e, como não procurava prazer nesse ato, quis escolher uma
pessoa em quem pudesse depositar todo o seu afeto. Assim, recebeu uma jovem
apenas por amor, do modo que vou narrar. Simão, filho de Boeto, Alexandrino de
família nobre e que era sacerdote, tinha uma filha de tão extraordinária beleza
que só se falava disso em Jerusalém. A notícia chegou até Herodes, e ele quis
vê-la. Jamais houve amor maior à primeira vista que o que ele sentiu por ela.
Mas julgou que não devia usar de seu poder, tomando-a, como teria podido fazer,
para não passar por tirano. Pensou que devia desposá-la. E, como Simão não era
de posição bastante nobre para tal aliança e nem tampouco de condição
desprezível, elevou-o então, para torná-lo mais ilustre: tirou o sumo
sacerdócio de Jesus, filho de Fabete, e entregou-a a ele, desposando-lhe depois
a filha.
666. Logo após as
núpcias, ele construiu, a sessenta estádios de Jerusalém, um magnífico castelo,
no lugar onde outrora tinha vencido os judeus, quando Antígono lhe fazia
guerra. A localização era muito vantajosa, pois trata-se de um pequeno monte
arredondado, muito forte e agradável. Ele embelezou-o e o fortificou ainda
mais. O castelo era rodeado de torres às quais se subia por duzentos degraus de
pedra. Havia no interior soberbos aposentos, porque Herodes não media despesas
para unir a beleza à força. A seus pés, havia diversos e vistosos edifícios,
particularmente ricos pela quantidade de lagos e de tanques, cujas águas eram
trazidas de longe por aquedutos. Os campos das redondezas estavam tão cheios de
casas que poderiam formar uma boa cidade, da qual aquele magnífico castelo
construído sobre o monte seria a fortaleza, dominando tudo o mais.
667. Quando deu por
terminadas todas essas obras, Herodes não teve mais receios de revoltas em seu
território. O temor do castigo, do qual não excetuava ninguém, mantinha os
súditos no cumprimento do dever. A liberalidade com que cuidava das
necessidades públicas granjeava-lhe o afeto e a solicitude, os quais empregava
para se fortificar cada vez mais. E, como a sua conservação particular fosse a
mesma do reino, ela o punha em absoluta segurança. Ele tornou-se popular em
todas as cidades, mostrando-lhes muita bondade. E, como era de alma elevada,
sabia também ganhar-lhes a estima nas adversidades com a magnificência e o
coração dos grandes. Assim, ele tornou-se querido a todos, e a sua prosperidade
crescia cada vez mais.
668. A paixão de tornar célebre o seu nome e de cultivar a
amizade de Augusto e dos romanos mais poderosos, porém, levou-o a se descuidar
da observância dos nossos costumes e a violar em muitos pontos as nossas santas
leis. Ele construiu em sua própria honra cidades e Templos, mas não na judéia,
porque a nossa nação jamais o teria permitido, sendo coisa abominável entre nós
reverenciar imagens e estátuas, como fazem os gregos. Ele alegava, como
desculpa para essas obras sacrílegas, que não o fazia voluntariamente, mas para
homenagear àqueles aos quais não podia desobedecer. Herodes ganhava por esse
meio o afeto de Augusto e dos romanos, os quais viam que, para agradá-los, ele
não temia contrariar os costumes de seu país. O benefício particular e o
ardente desejo de eternizar a sua memória eram, contudo, o principal motivo de
ele gastar tão prodigiosas somas na construção e embelezamento dessas cidades.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
Não perca tempo, Indique esta maravilhosa
Leitura
Custo:O Leitor não paga Nada,
Você APENAS DIVULGA
E COMPARTILHA
.
0 Comentários :
Postar um comentário
Deus abençoe seu Comentario