História De Israel – Teologia 31.205
Capítulo 4
Herodes é obrigado a justificar-se
diante de Antônio pela morte de
Aristóbulo e o conquista por meio
de presentes. Antes de partir,
ordena a José, seu cunhado, que
mande matar Mariana, caso
Antônio o condene à morte. José
conta-o imprudentemente à
princesa, e Herodes manda matá-lo,
por ciúme. Avareza insaciável
e ambição desmesurada de
Cleópatra.
Herodes, que se
sentia culpado e receava a ira de Cleópatra, que ele sabia incitar
continuamente Antônio contra ele, temia muito essa viagem. A necessidade de
obedecer, no entanto, o obrigou a empreendê-la, e ele deixou o governo do reino
a )osé, seu cunhado,* ordenando-lhe em segredo que, se Antônio o condenasse,
ele deveria imediatamente matar a rainha Mariana, sua mulher, pois ele a amava
com tanta paixão que não podia tolerar que, depois de sua morte, ela passasse
para outro homem. Além disso, considerava que ela era a causa de sua
infelicidade, pois a fama de sua extraordinária beleza suscitara havia muito o
amor de Antônio por ela. Depois de dar essas ordens, ele se pôs a caminho, com
pouca esperança de um feliz êxito.
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* A continuação da
história nos faz ver que José era cunhado de Herodes, e não seu tio, como nos
refere o texto grego.
638. Na ausência de Herodes, José ia
freqüentemente visitar Mariana, quer para prestar-lhe a honra que lhe era
devida, quer para tratar dos negócios do reino, e lhe falava constantemente do
extremo amor que o rei seu marido tinha por ela. Quando ele notou que, em vez
de mostrar que acreditava, ela se punha a zombar, e Alexandra, sua mãe, mais
que ela ainda, um imprudente desejo de fazê-las mudar de sentimento levou-o a
revelar a ordem que recebera, o que comprovava que Herodes não podia tolerar
que a morte o separasse dela. Essas palavras, todavia, em vez de persuadir as
princesas do afeto de Herodes, causaram-lhes horror, pela tirânica desumanidade
que, mesmo após a morte, o tornava tão cruel para com a pessoa a quem ele mais
amava na terra.
639. Os inimigos desse príncipe então fizeram
correr a notícia de que Antônio mandara matar Herodes, depois de submetê-lo a
diversos tormentos. Toda a cidade de Jerusalém ficou agitada, principalmente
no palácio real e no das princesas. Alexandra exortou José a sair com ela e com
Mariana, a fim de se colocarem sob a proteção das águias romanas — da legião
comandada por Júlio, que estava acampada fora da cidade — e assim ficarem em
segurança, caso houvesse algum tumulto, e também porque ela não duvidava de que
quando Antônio visse Mariana obteria dele tudo o que quisesse, até mesmo a
restauração ao trono e todas as outras honras e privilégios que o seu
nascimento lhe permitia esperar.
Pensavam assim,
quando receberam cartas de Herodes, contrariando essas notícias. Diziam que,
tendo chegado onde Antônio estava, havia acalmado o seu espírito com grandes
presentes, tornando-o tão favorável nas conversações que tivera com ele que não
havia mais motivo para temer os maus ofícios de Gleópatra, porque Antônio
afirmava que um refnão era obrigado a prestar contas a ninguém de suas ações
com relação ao governo de seu território, pois se assim fosse deixaria de ser
rei, não podendo agir com a autoridade que tal posição lhe concede, e que não
importava, nem mesmo a Cleópatra, a maneira como os reis governam.
As cartas
acrescentavam que não havia honras que ele não tivesse recebido de Antônio, o
qual se servia de seus conselhos e o convidava todos os dias para banquetes,
embora Cleópatra fizesse todos os esforços para destruí-lo, pelo desejo que
tinha de ser rainha da Judéia. Mas a justiça de Antônio estava à porta dos
artifícios e calúnias da princesa, e assim ele voltaria logo, mais consolidado
do que nunca em seu reino e no afeto de Antônio, sem que restasse a Cleópatra
esperança alguma de prejudicá-lo, porque Antônio entregara a ela a Baixa Síria,
com a condição de que desistisse das pretensões que tinha sobre a Judéia.
640. Essas cartas
fizeram Alexandra — e também Mariana — abandonar a idéia de ficar sob a
proteção das águias romanas, mas Herodes veio a sabê-lo. Salomé, sua irmã, e
sua mãe disso lhe falaram logo que ele chegou a Jerusalém e depois que Antônio
partiu em marcha contra os partos. Salomé fez ainda mais. Para se vingar de
Mariana, que tinha o coração extremamente grande, mas havia censurado numa contestação
entre ambas a baixeza da origem da outra, ela acusou José, seu próprio marido,
de ter se portado muito familiarmente com a princesa. Herodes, que amava ardentemente
Mariana, sentiu então até onde iam os seus ciúmes. Conteve-se, todavia, embora
com dificuldade, para que não percebessem que a sua paixão o fazia perder o
juízo. E, em particular, perguntou a Mariana que relações ela tivera com José.
Ela protestou com juramento, do qual uma pessoa inocente pode se servir para a
sua justificação, que nada houvera entre eles que ele viesse a ter motivo para
se queixar.
Herodes, vencido pelo
amor que lhe devotava, não somente acalmou o espírito como também pediu perdão
por ter, ainda que levemente, prestado fé às palavras que lhe haviam dito.
Demostrou ainda toda a satisfação que sentia por saber que ela era tão fiel e
tudo fez para mostrar-lhe com que paixão a amava. Tantas provas de ternura
fizeram, como acontece em casos semelhantes, com que ambos se pusessem a chorar
e se abraçassem. Porém, ainda que Herodes se esforçasse por lhe incutir cada
vez mais o seu amor, ela não pôde deixar de lhe dizer: "Achais então que é
grande prova de amor ter ordenado que me mandassem matar, caso Antônio também
vos tirasse a vida, embora eu jamais tivesse dado motivo para que ficásseis
insatisfeito comigo?"
Essas palavras foram
como uma punhalada no coração de Herodes. Ele afastou Mariana, a quem ainda
estava abraçado, arrancou os cabelos e disse que já não podia duvidar de seu
crime, pois era impossível que José lhe tivesse manifestado um segredo daquela
importância sem que ela se tivesse entregado a ele, para recompensá-lo pela
traição. Ficou de tal modo transtornado pela cólera que a teria matado naquele
mesmo instante, se a violência do amor não tivesse combatido a força do ciúme.
Quanto a José, mandou imediatamente matá-lo, sem nem mesmo querer vê-lo ou
ouvi-lo, e mandou meter Alexandra numa prisão, como sendo a causadora de todo aquele
mal.
641. Nesse ínterim, a
Síria estava convulsionada pela insaciável avareza de Cleópatra, a qual,
abusando do poder que exercia sobre o espírito de Antônio, incitava-o
continuamente contra os grandes do país, a fim de que ele os privasse de suas terras
e possessões e as entregasse a ela. O amor que ela nutria pelas riquezas era
tão grande que nada havia que não julgasse lícito para obtê-las. A sua ambição
era tão desme.surada que ela mandou envenenar o irmão de quinze anos, ao qual
pertencia o reino, e fez com que Antônio mandasse matar Asinoé, sua irmã,
enquanto esta orava em Éfeso, no Templo de Diana. Ela não temia violar a
santidade dos Templos, dos sepuicros ou dos asilos, se deles pudesse obter
dinheiro. Não tinha escrúpulos em cometer sacrilégios, se lhe fossem úteis, nem
diferençava os caminhos santos dos profanos, quando se tratava de seus
interesses. Não tinha nenhuma dificuldade em calcar aos pés a justiça, contanto
que daí lhe viesse alguma vantagem. Os tesouros todos da terra dificilmente
seriam suficientes para satisfazer essa ambiciosa e voluptuosa princesa. Não
devemos, portanto, nos admirar de que ela instigasse continuamente Antônio a
despojar os outros para enriquecê-la.
Assim, não havia
ainda entrado com ele na Síria, quando sonhou apoderar-se de toda a região.
Mandou então matar Lisânias, filho de Ptolomeu, dizendo que ele favorecia os
partos. Depois insistiu com Antônio que tirasse a Arábia e a Judéia de seus
reis as entregasse a ela. No entanto, embora a paixão de Antônio por ela fosse
tão violenta que parecia havê-lo enlouquecido, ele não quis cometer uma
injustiça tão patente, que com certeza teria mostrado ao mundo que ele era
escravo de uma mulher. E, para não aborrecê-la com uma negativa a todos os seus
pedidos e também para não passar por injusto perante todos se neles
consentisse, deu-lhe tudo o que se havia suprimido dessas duas províncias e
todas as cidades situadas desde o rio de Eleutério até o Egito, exceto Tiro e
Sidom, que ele sabia terem sido sempre cidades livres, não obstante os esforços
que ela fazia para obtê-las.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine o nosso entendimento
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