Estamos em Manutenção # We are in Maintenance Bem Vindos a Este Espaço # Welcome to This Space

10 de junho de 2018

História De Israel – Teologia 31.212 (Livro 15 Cap 11) MARIANA RECEBE HERODES COM FRIEZA, A QUAL, UNIDA ÀS CALÚNIAS DA MÃE E DA IRMÃ DO PRÍNCIPE, A TERIA LEVADO À MORTE, MAS HERODES É OBRIGADO A VOLTAR PARA JUNTO DE AUGUSTO. HERODES MATA MARIANA QUANDO REGRESSA. COVARDIA DE ALEXANDRA, MÃE DE MARIANA. DESESPERO DE HERODES APÓS A MORTE DE MARIANA. ELE ADOECE GRAVEMENTE. ALEXANDRA PROCURA APODERAR-SE DAS DUAS FORTALEZAS DE JERUSALÉM. ELE A MATA, BEM COMO A COSTOBARO E ALGUNS OUTROS. EM HONRA DE AUGUSTO, ESTABELECE JOGOS E ESPETÁCULOS, IRRITANDO A MAIOR PARTE DOS JUDEUS, E DEZ DELES TENTAM MATÁ-LO. CONSTRÓI DIVERSAS FORTALEZAS E RECONSTRÓI SOBRE AS RUÍNAS DE SAMARIA UMA BELA E FORTÍSSIMA CIDADE, A QUE CHAMA SEBASTE.

História De Israel – Teologia 31.212

 
CAPÍTULO 11

MARIANA RECEBE HERODES COM FRIEZA, A QUAL, UNIDA ÀS CALÚNIAS DA
MÃE E DA IRMÃ DO PRÍNCIPE, A TERIA LEVADO À MORTE, MAS HERODES É
OBRIGADO A VOLTAR PARA JUNTO DE AUGUSTO. HERODES MATA MARIANA
QUANDO REGRESSA. COVARDIA DE ALEXANDRA, MÃE DE MARIANA.
DESESPERO DE HERODES APÓS A MORTE DE MARIANA. ELE ADOECE
GRAVEMENTE. ALEXANDRA PROCURA APODERAR-SE DAS DUAS FORTALEZAS DE
JERUSALÉM. ELE A MATA, BEM COMO A COSTOBARO E ALGUNS OUTROS. EM
HONRA DE AUGUSTO, ESTABELECE JOGOS E ESPETÁCULOS, IRRITANDO A MAIOR
PARTE DOS JUDEUS, E DEZ DELES TENTAM MATÁ-LO. CONSTRÓI DIVERSAS
FORTALEZAS E RECONSTRÓI SOBRE AS RUÍNAS DE SAMARIA UMA BELA E
FORTÍSSIMA CIDADE, A QUE CHAMA SEBASTE.

652.  Herodes, na volta ao seu reino, em vez de desfrutar a doçura da paz ou um descanso tranqüilo, encontrou apenas perturbação em sua própria família, pelo descontentamento de Mariana e de Alexandra. Elas julgavam, com razão, que não era para cuidar de sua segurança que ele as encerrara naquele castelo, e sim para mantê-las prisioneiras, pois não tinham liberdade para dispor do que quer que fosse. Mariana, além disso, estava convencida de que o grande amor que ele lhe demonstrava era simulação, que ele apenas a julgava útil aos seus interesses. Como sempre se recordava da ordem que ele dera a José, pensava nisso com horror, pois, mesmo que ele viesse a morrer, ela não esperava continuar vivendo depois da morte dele. Assim, não havia meios que ela não empregasse para conquistar os guardas, particularmente Soeme, de quem ela sabia que dependia a sua morte ou a sua vida.
No começo, ele era muito fiel a Herodes, mas pouco a pouco os presentes e a cordialidade das princesas o conquistaram. Ele não imaginava que Herodes, mesmo evitando o perigo que o ameaçava, viesse a conquistar tão grande autoridade. Julgava também que podia esperar mais das princesas do que dele e que a gratidão que elas lhe demonstravam por tão grande serviço o manteria não somente na estima em que se achava, mas aumentaria ainda o seu prestígio. E, ainda que sucedesse a Herodes tudo o que este poderia desejar, a sua incrível paixão por Mariana o tornaria onipotente. Tantas considerações, juntas, levaram-no a revelar às princesas o segredo que lhe fora confiado. Mariana ficou fora de si de despeito e de cólera ao ver que os males que ela devia temer não tinham limites, e fazia continuamente votos de que tudo fosse contrário a Herodes. Nada agora lhe parecia mais insuportável que passar a vida com ele, e esses sentimentos fizeram tal impressão em seu espírito que ela já não os podia dissimular.
653.  Os resultados da viagem sobrepujaram as esperanças de Herodes, e a primeira coisa que ele fez ao chegar foi procurar Mariana, para abraçá-la e dizer-lhe que ela era a pessoa a quem mais ele amava no mundo e que a amava ainda mais e para contar de que modo tudo lhe havia sucedido maravilhosamente. Enquanto ele falava, ela ficou sem saber se devia alegrar-se ou afligir-se, mas a sua extrema sinceridade não lhe permitia ocultar a agitação de seu espírito, e os seus suspiros faziam ver que aquelas palavras lhe davam mais tristeza que alegria.
Herodes então não pôde mais duvidar do que ela trazia na alma: uma aversão tão patente que ele a percebeu em seguida. E o seu excessivo amor por ela tornava aquele desprezo insuportável. Ao mesmo tempo, contudo, a sua cólera era de tal modo combatida pelo afeto que ele passava do ódio ao amor e do amor ao ódio. Assim, hesitando entre as duas paixões, não sabia que partido tomar, pois, ao mesmo tempo em que desejava matá-la, para vingar-se daquela ingratidão, sentia em seu coração que a morte dela o tornaria o mais infeliz de todos os homens.
654. Quando a mãe e a irmã de Herodes, que odiavam mortalmente Mariana, viram-no sob aquela agitação, julgaram ter encontrado uma ocasião mais que favorável para destruí-la. Não houve calúnias de que não se servissem para aumentar a irritação do príncipe e inflamar cada vez mais os seus ciúmes. Eles as escutava e demonstrava não reprovar que elas falassem contra Mariana, mas não se resolvia a matar uma pessoa a quem ele amava mais que a própria vida. No entanto irritava-se contra ela cada dia mais, e ela, por sua vez, não dissimulava os seus sentimentos. Por fim, o amor dele transformou-se em ódio, e ele teria então executado a sua cruel resolução, não fosse a notícia de que Augusto se tornara senhor do Egito pela morte de Antônio e de Cleopatra.
Essa notícia obrigou-o a deixar tudo para ir procurá-lo. Recomendou Mariana a Soeme com grandes demonstrações de satisfação, pelo cuidado que tivera dela, e deu a ele um governo na Judéia. Como já havia adquirido muita familia-ridade com Augusto e tinha parte na sua amizade, Herodes recebeu dele não somente honras, mas grandes benefícios. Augusto deu-lhe quatrocentos gauleses que serviam de guardas a Cleopatra e entregou-lhe aquela parte da judéia que Antônio entregara a ela, bem como as cidades de Gadara, Hipona e Samaria e, à beira-mar, Gaza, Antedom, Jope e a torre de Estratão, o que aumentou em muito o seu reino.
655.   Herodes acompanhou Augusto até Antioquia e, quando voltou a Jerusalém, sentiu que o seu casamento, que antes considerava a sua maior felicidade, o tornava agora tão infeliz em seu próprio reino quanto era bem-sucedido fora de sua pátria. Ele amava tão ardentemente Mariana que não se lê em história alguma que outro homem tenha sido mais arrebatado que ele por um amor ilegítimo a sua própria mulher. A princesa, não obstante ser extremamente sensata e muito casta, era de mau gênio e abusava de tal modo da paixão que ele sentia por ela que o tratava às vezes com desprezo, chegando mesmo a ofensas, sem teimem consideração o respeito que lhe era devido.
Ele dissimulava, no entanto, e sofria mesmo as censuras que ela fazia a sua mãe e a sua irmã pela baixeza do nascimento delas, causa do ódio irreconciliável que as levou a usar de tantas acusações falsas para arruiná-la. E assim, os ânimos acirravam-se cada vez mais, e um ano passou-se desse modo depois que Herodes retornou da visita a Augusto. Mas, por fim, o desígnio que ele vinha alimentando desde muito tempo em seu espírito chegou ao seu termo, pelo motivo que passo a expor.
Um dia, Herodes retirou-se para o seu quarto, a fim de descansar, pelo meio-dia, e mandou chamar Mariana, a quem ele não conseguia deixar de amar com paixão. Ela veio. No entanto, por mais instâncias que ele lhe fizesse, ela não quis aproximar-se dele e censurou-o ainda pela morte de seu pai e de seu irmão. Essas palavras ofensivas, bem como o desprezo dela, irritaram Herodes de tal modo que ele foi tentado a feri-la. Salomé, ao saber do que se passara, fez entrar no quarto um criado do príncipe. O homem, que ela havia subornado, instruído por ela disse que a rainha lhe oferecera uma grande recompensa para levar ao rei certa bebida. Herodes, perturbado por essas palavras, perguntou-lhe que bebida era. O criado respondeu-lhe que a rainha não lhe dera o que colocar dentro da taça, queria somente que a apresentasse. E, como ignorava a força daquela poção, julgara seu dever advertir sua majestade.
Tal resposta aumentou ainda mais a perturbação de Herodes. Então ele mandou torturar um eunuco de Mariana, que ele sabia ser-lhe muito fiel, pois não duvidava de que ela lhe confiasse tudo. O homem nada confessou, mas deixou escapar dos lábios, no meio dos tormentos, que o ódio de Mariana provinha do que ela soubera por meio de Soeme. Diante dessas palavras, Herodes disse que Soeme, antes tão fiel, jamais lhe teria revelado o segredo se não tivesse abusado de Mariana e ao mesmo tempo mandou matar Soeme.
Quanto à rainha, quis submetê-la a julgamento. Reuniu para isso os conselheiros nos quais ele mais confiava e ordenou a Mariana que se defendesse. Acusou-a do falso crime de tentar dar-lhe uma bebida para envenená-lo. E, em vez de se manter nos limites da moderação, como convém a um juiz, falou com tanta veemência e fúria que os outros juizes não tiveram dificuldade em lhe conhecer a intenção, e eles condenaram à morte a inocente princesa. No entanto julgaram — e ele também foi da mesma opinião — que não se devia apressar a execução, que era preferível aprisioná-la no palácio. Porém, Salomé e os de seu partido, não podendo tolerar qualquer demora, procuraram por todos os meios mudar essa deliberação, e uma das mais fortes razões de que-se serviram para persuadir Herodes foi o temor que ele devia ter de que o povo se sublevasse, caso viessem a saber que a rainha ainda estava viva. Assim, levaram-na imediatamente ao suplício.
Alexandra, julgando que não seria tratada com mais benignidade que a filha, esqueceu, por vergonhosa mudança, a coragem de que até então sempre dera provas e mostrou-se tão fraca e covarde quanto antes fora altiva. Assim, para insinuar que não tivera parte no crime da filha, tratou-a ultrajosamente na presença de todos. Dizia que ela era má, ingrata e indigna do extremo amor que o rei lhe dedicara e sofria o que merecia tão grande crime. Falando assim, parecia querer ela mesma lançar-se sobre a filha e arrancar-lhe os cabelos. Não houve quem não condenasse essa covarde dissimulação. Mariana, mais que todos, com o seu silêncio, tampouco se comoveu com tais injúrias e nem se dignou responder-lhe, mas contentou-se em mostrar no rosto, com a coragem de costume, a vergonha que sentia por tal baixeza. E, sem demonstrar o menor medo, nem ao menos mudando de cor, manifestou até a morte a mesma coragem que havia demonstrado durante toda a sua vida.
656. Assim terminou a sua existência essa princesa tão casta e corajosa, porém muito altiva e de natureza muito áspera. Sobrepujava infinitamente em beleza, em majestade e em graça todas as outras mulheres de sua época, e tantas e tão raras qualidades foram a causa de sua infelicidade, pois, vendo o rei seu marido tão apaixonado por ela, julgou que nada tinha a temer, perdeu o respeito que lhe devia e não teve receio de confessar o ressentimento que conservava por ter ele mandado matar o seu pai e o seu irmão. Semelhante imprudência tornou também a mãe e a irmã do soberano adversárias suas e por fim obrigou ele mesmo a tornar-se também seu inimigo.
657.  Por mais violenta que fosse a paixão de Herodes por Mariana durante a vida, e o que referimos nô-lo mostra suficientemente, ela aumentou após a sua morte. Ele não a amava como os outros maridos amam a suas esposas, mas chegava quase à loucura. E, por mais estranha a maneira como ambos viveram, ele não conseguia deixar de amá-la. Depois que ela já não era deste mundo, parecia-lhe que Deus exigia dele o sangue da mulher. Ele ouvia a todo instante pronunciarem o nome dela. Lamentava-se de maneira indigna da sua condição de rei e buscava em vão nos banquetes e nos outros divertimentos algum alívio para o seu sofrer. Chegou o seu penar a tal excesso que ele abandonou o cuidado do reino. E ordenava que fossem chamar Mariana como se ela ainda estivesse viva.
Vivia ele nesse estado jjuando sobreveio uma horrível peste, que ceifou não somente grande parte do povo, mas várias pessoas da nobreza. Todos consideraram esse terrível mal uma justa vingança de Deus pelo crime cometido na injusta condenação de Mariana. Esse acréscimo de sofrimento acabou por abater completamente Herodes, que se abandonou ao desespero e foi esconder-se no deserto, sob o pretexto de ir à caça. Depois caiu doente, com uma inflamação e uma dor de cabeça tão violenta que lhe perturbou o juízo. Os remédios só serviam para aumentá-la, e os médicos, vendo a obstinação do mal, bem como a do doente, que queria governar-se por si mesmo, sem lhes permitir um tratamento segundo as regras da medicina, foram obrigados a abandoná-lo à sorte de sua enfermidade e quase perderam a esperança de lhe salvar a vida. Ele então estava em Samaria, que agora se chama Sebaste.
658. Quando Alexandra, que estava em Jerusalém, soube que ele corria tão grande perigo, fez todos os esforços possíveis para se apoderar das duas fortalezas, uma das quais estava na cidade, e outra, perto do Templo. Porque, se conseguisse tomá-las, seria também, de certo modo, dona de todo o país, visto que não se poderia, sem o seu consentimento, oferecer sacrifícios a Deus, e os judeus são tão apegados à sua religião que preferem os deveres aos quais ela obriga à própria vida.
Assim, Alexandra insistiu com os comandantes dessas fortalezas que as entregassem a ela e aos filhos de Herodes e Mariana. Disse-lhes que, se ele viesse a faltar, não era justo que elas caíssem em poder de outra família e, se ele sarasse, ninguém melhor para possuí-las que os seus próprios parentes. Mas essas razões não os convenceram, tanto porque havia muito tempo eram fiéis e bastante afeiçoados ao rei, não tendo perdido a esperança de sua saúde, quanto pelo ódio que sentiam por Alexandra. Um deles, de nome Aquiabe, que era sobrinho de Herodes, mandou com urgência avisar o rei das intenções de Alexandra, e este ordenou imediatamente que a matassem.
659. Por fim, o soberano, com grande dificuldade, restabeleceu-se de sua doença. Mas as forças refeitas do corpo e do espírito tornaram-no tão colérico e tão violento que não havia crueldade a que não fosse levado, pelo menor motivo. Não poupou nem mesmo os seus mais íntimos amigos: mandou matar Costobaro, Lisímaco, Gadias, cognominado Antípatro, e Doziteu, pelo motivo que vou dizer agora.
Costobaro era oriundo de uma das mais importantes famílias da Iduméia, e os seus antepassados haviam sido sacerdotes de Cosas, que era o deus que esses povos adoravam com grande veneração, antes de Hircano obrigá-los receber a religião dos judeus. Herodes, logo que foi feito rei, deu a Costobaro o governo da Iduméia e de Gaza e o fez desposar Salomé, sua irmã, depois de haver matado José, seu primeiro marido, como dissemos. Quando se viu elevado a tamanha grandeza, a qual jamais ousaria pretender, Costobaro tornou-se tão altivo que não quis mais tolerar a submissão a Herodes, e julgava que era vergonhoso aos idumeus reconhecê-lo por rei, por terem as mesmas leis que os judeus. Assim, mandou dizer a Cleópatra que, tendo sido a Iduméia sempre sujeita aos seus predecessores, ela podia com justiça pedir a Antônio que desse a ele essa terra, e por isso estaria pronto a obedecer-lhe. Não que ele preferisse estar sob a dominação de Cleópatra, mas queria diminuir o poder de Herodes, para mais facilmente tornar-se senhor da Iduméia. Ele se comprazia na esperança de obtê-lo, tanto pelo esplendor de sua família quanto pelas suas grandes riquezas. Depois de fazer esses projetos, não houve meios baixos ou ignominiosos de que ele não se servisse para ajuntar dinheiro.
Cleópatra fez todos os esforços possíveis junto de Antônio, mas inutilmente. Herodes teria logo mandado matar Costobaro, se os rogos de sua mãe e de sua irmã não o tivessem impedido. Contentou-se em não ter mais nenhuma confiança nele. Costobaro teve depois uma séria divergência com Salomé, sua mulher, e ela mandou-lhe o libelo do divórcio, contra o costume de nossas leis, que permitem esse ato somente aos maridos e não consentem nem mesmo às mulheres repudiadas tornar a casar-se sem a licença deles. Ela, porém, fez com a sua própria autoridade o que não tinha direito de fazer e foi em seguida procurar o rei seu irmão. Disse-lhe que o afeto por ele a obrigara a abandonar o marido, pois descobrira que conspirava contra ele, juntamente com Antipatro, Lisímaco e Doziteu. E, como prova do que dizia, acrescentou que ele retinha havia doze anos os filhos de Babas, a quem havia salvo a vida, o que era verdade.
Essas palavras deixaram Herodes muito surpreendido porque outrora deliberara matá-los, como eternos inimigos, mas o tempo o fizera esquecer tudo. A causa desse ódio contra eles vinha desde quando ele sitiava Jerusalém, sob o reinado de Antígono. A maior parte do povo queria abrir-lhe as portas, cansados dos males que aqueles cercos os faziam sofrer. Os filhos de Babas, porém, que tinham muita autoridade e eram muito fiéis a Antígono, opuseram-se a isso, persuadidos de que era muito mais vantajoso para a nação ser governada por príncipes da família real que por Herodes. Depois que ele tomou a cidade, deu ordem a Costobaro para vigiar as saídas, a fim de impedir a fuga dos que lhe eram contrários. Mas Costobaro, conhecendo o prestígio dos filhos de Babas entre o povo, julgou muito útil conservá-los, para deles se servir, caso houvesse no futuro alguma mudança. Assim, deixou-os escapar, mandando-os para as suas terras.
Herodes desconfiara disso, mas Costobaro declarou com tanta firmeza e com juramento não saber que fim haviam eles levado que a suspeita se dissipou de seu espírito. Depois, fez tudo para encontrá-los. Mandou publicar a som de trombetas que daria grande recompensa a quem lhe indicasse onde eles estavam, mas Costobaro nada confessou porque, tendo uma vez negado sabê-lo, foi obrigado a mantê-los escondidos, não tanto pelo afeto que lhes dedicava, mas por seu próprio interesse. Logo que Herodes veio a sabê-lo, por meio de sua irmã, mandou buscá-los onde estavam escondidos e mandou matar todos eles, bem como aos que ele julgava culpados do mesmo crime, a fim de que, não ficando nem um sequer da descendência de Hircano, ninguém mais ousasse resistir à sua vontade, por mais injusta que fosse.
660. Assim, Herodes, com poder absoluto e plena liberdade para fazer o que queria, não teve receio de se afastar cada vez mais das tradições de nossos antepassados. Aboliu os nossos antigos costumes, que lhe deveriam ser invioláveis, para introduzir outros, trazendo assim uma estranha mudança na disciplina que mantinha o povo no cumprimento do dever. Começou por instituir jogos, lutas e corridas, que se faziam cada cinco anos em honra de Augusto, e mandou construir para esse fim um circo em Jerusalém e um grande anfiteatro fora da cidade. Esses dois edifícios eram soberbos, mas contrários aos nossos costumes, que não nos permitem assistir a semelhantes espetáculos.
Como ele queria tornar célebres esses jogos, mandou publicá-los não somente nas províncias vizinhas, mas também nos lugares mais afastados, com a promessa de grandes recompensas para os vencedores. Vieram então de todas as partes os candidatos à luta e às corridas, músicos tocadores de toda espécie de instrumentos, homens peritos em corridas de carros com uma parelha de cavalos, com duas, três e até quatro. Outros corriam em cavalos muito velozes. Nada se podia acrescentar à magnificência e aos cuidados que Herodes usava para tornar esses espetáculos os mais belos e agradáveis do mundo.
O circo era rodeado de inscrições em louvor a Augusto e de troféus das nações que ele tinha vencido. Havia ouro e prata, ricos vestuários e pedras preciosas. Mandou também vir de todas as partes grande quantidade de animais ferozes, como leões e outros animais, cuja força extraordinária ou alguma qualidade rara suscitava admiração e curiosidade. Fazia-os lutar uns contra os outros e, às vezes, com homens condenados à morte. Tais espetáculos não causavam menos prazer que admiração aos estrangeiros. Mas os judeus o consideravam uma deturpação e uma corrupção da disciplina de seus antepassados. Nada lhes parecia mais ímpio que expor homens ao furor das feras por um prazer tão cruel ou abandonar os santos costumes para abraçar os de nações idolatras. Os troféus, que lhes pareciam cobrir figuras de homens, não lhes eram menos insuportáveis, porque violavam inteiramente as nossas leis.
Herodes, vendo-os com esses sentimentos, julgou não dever usar de violência. Falou-lhes com muita afabilidade, procurando fazê-los compreender que aquele temor procedia apenas de uma vã superstição. Mas não conseguiu persuadi-los. Convictos de que ele cometia um gravíssimo pecado, declararam que, ainda que tolerassem o resto, não permitiriam jamais em suas cidades imagens ou figuras de homens, porque a sua religião o proibia expressamente. Herodes facilmente concluiu, por essas palavras, que o único meio de acalmá-los era livrá-los daquele engano. Levou alguns deles ao circo, mostrou-lhes vários troféus e perguntou-lhes o que pensavam que eram. Eles responderam que eram figuras de homens. Então ele mandou tirar todos os ornamentos, restando apenas os cabides sobre os quais estavam pendurados. Todos acharam graça, e o tumulto acalmou-se.
Quase todos vieram a tolerar com facilidade o resto, mas alguns não mudaram os seus sentimentos nem a sua opinião. O horror que tinham aos costumes estrangeiros lhes fazia crer que não podiam ser introduzidos sem prejuízo das tradições de nossos antepassados e sem causar a ruína da nação. Assim, não consideraram mais Herodes seu rei, e sim um inimigo. E resolveram antes expor-se a qualquer coisa que tolerar tão grande mal.
661. Dez dentre eles, desprezando a gravidade do perigo, esconderam punhais sob as vestes e, fortalecidos em seu desígnio por um cego, que não podia ter parte na ação mas quisera expor-se ao risco que eles corriam, foram ao teatro, certos de que o rei não faltaria, pois de nada desconfiava, e eles o atacariam todos de uma vez. Se viessem a falhar, pelo menos matariam muitos dos que o acompanhavam e morreriam com a consolação de torná-lo odioso ao povo por ter violado as leis e de ao mesmo tempo mostrar a outros o caminho para a realização de uma justa empresa. Herodes, porém, tinha vários espiões, que tudo observavam, e um deles descobriu a trama. Ele acreditou nela facilmente, porque sabia do ódio que lhe votavam e do que este é capaz. Então retirou-se ao palácio e mandou prender os conjurados, que, não se podendo salvar, se entregaram sem resistência.
A coragem deles tornou-lhes a morte gloriosa, pois não demonstraram o menor temor nem negaram o seu intento. Com rosto firme e tranqüilo, mostraram os punhais que haviam preparado para executar o crime e declararam que a piedade e o bem público os levara a empreendê-lo, para conservar as leis de seus antepassados, pois não há homem de bem que não deva preferi-las à própria vida. Depois de terem assim falado, morreram com a mesma firmeza, em meio aos tormentos que Herodes os fez sofrer. O ódio que o povo então concebeu contra o delator foi tão intenso que não se contentaram em matá-lo: picaram-no em pedaços e o deram a comer aos cães, sem que nenhum judeu fosse acusá-los. Herodes, após cuidadosa indagação, descobriu os autores por meio de mulheres — a violência dos tormentos obrigou-as a confessar.
662. Herodes mandou matá-lo*s, com suas famílias, mas vendo que o povo se obstinava cada vez mais em defender os seus costumes e as suas leis e que aquilo os levaria a uma revolta se ele não empregasse os meios mais violentos para reprimi-los, decidiu fazê-lo. Assim, além das duas fortalezas que havia em Jerusalém, uma no palácio real, onde ele morava, e outra de nome Antônia, que estava perto do Templo, ele mandou fortificar Samaria porque, estando longe de Jerusalém apenas um dia, podia impedir as rebeliões tanto na cidade quanto no campo. Fortificou também de tal modo a torre de Estratão, a que chamou de Cesaréia, que ela parecia dominar todo o país.
Construiu um castelo no lugar chamado O Campo, onde colocou uma guar-nição de cavalaria, cujos soldados eram indicados por sorte. Construiu outro em Gabara da Galiléia e outro, de nome Estmonita, na Peréia. Essas fortalezas, dispostas nos lugares mais convenientes para os fins a que ele as destinava e nas quais colocou fortes guarnições, tiraram ao povo, tão inclinado à revolta, todos os meios de se sublevar, porque ao menor sinal de agitação aqueles que estavam encarregados de vigiar a impediam logo ou a sufocavam apenas iniciada.
Como ele tinha intenção de reconstruir Samaria, cuja posição a fazia vantajosa e forte, porque estava sobre uma colina, mandou lá construir um Templo, colocou um grande corpo de tropas estrangeiras e das províncias vizinhas e mudou-lhe o nome para Sebaste. Dividiu entre os habitantes as terras da vizinhança, as quais eram muito férteis, a fim de logo deixá-los bem à vontade para que o lugar se povoasse rapidamente. Rodeou-a de fortes muralhas, e assim aumentou e lhe fortificou o perímetro, que era de vinte estádios, tornando-a comparável às maiores cidades. Fez no meio dela uma espaçosa praça, que media um estádio e meio, e construiu um Templo soberbo. Trabalhou continuamente e de todos os modos para tornar célebre a cidade, porque ele considerava a força necessária à segurança e à beleza, um monumento à sua grandeza e magnificência, que conservaria a memória de seu nome através dos séculos.


Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine o nosso entendimento
Não perca tempo, Indique esta maravilhosa Leitura
Custo:O Leitor não paga Nada, 
Você APENAS DIVULGA
E COMPARTILHA
.


0 Comentários :

Postar um comentário

Deus abençoe seu Comentario