História De Israel – Teologia 31.223
CAPÍTULO 8
ALEXANDRE JUSTIFICA-SE DE TAL MODO QUE AUGUSTO OS JULGA
INOCENTES E RECONCILIA-OS COM O PAI. HERODES VOLTA ÀJUDÉIA COM OS TRÊS FILHOS.
691. Quando os dois irmãos perceberam que Augusto, os
presentes e mesmo o seu pai tinham o coração enternecido pela compaixão de sua
infelicidade e que alguns não podiam reter as lágrimas, Alexandre, o mais
velho, tomou a palavra para se justificar dos crimes de que seu pai os acusava
e disse, dirigindo-se a ele: "Não é necessária, senhor, outra prova de
vossa bondade por nós senão o lugar em que nos encontramos, porque, se
tivesseis querido destruir-nos, não nos teríeis trazido à presença deste grande
príncipe, que deseja unicamente merecer o glori-oso título de salvador, fazendo
bem a todos. Poderíeis servir-vos contra nós do poder que vos dá a qualidade de
rei e pai, mas, se a nossa vida não vos fosse cara, não nos teríeis feito vir a
Roma, a fim de termos o imperador como juiz e testemunha de nossa morte. Pois
não se levam aos lugares sagrados e aos Templos aqueles a quem se deliberou
tirar a vida. Essa mesma bondade, de que temos motivos para nos gloriar,
aumentaria ainda o nosso crime, se fôssemos culpados, pois ela nos obriga a
reconhecer que não podemos, sem nos tornamos indignos de ver a luz do dia,
faltar ao amor e ao respeito por tão bom pai. Ser-nos-ia muito mais vantajoso
morrer inocentes que viver torturados pelas suspeitas de tão negra ingratidão.
Se Deus nos ajudar em nossa defesa, de modo que vos possamos persuadir da
verdade, não nos regozijaremos tanto por escapar de tão grande perigo quanto
por sermos tidos como inocentes no vosso julgamento. Mas se as calúnias de que
se servem para vos incitar contra nós prevalecerem no vosso espírito,
inutilmente nos conservaríeis a vida, pois nos seria insuportável. Confessamos
que a nossa idade, unida à infelicidade da rainha nossa mãe, pode tornar-nos
suspeitos de aspirar ao trono. Considerai, porém, eu vos suplico, se não se
poderia fazer a mesma acusação a todos os filhos de rei que já não tivessem mãe
e se uma simples suspeita é bastante para convencer as pessoas de um crime tão
detestável como o de atentar contra a vida do próprio pai a fim de reinar em
seu lugar. Como a simples suspeita não basta, não temos razão em pedir que se
apresentem provas dessa horrível acusação? Nada há que a calúnia não invente na
corte dos reis. Poderá alguém dizer que preparamos veneno ou fizemos conjuração
ou subornamos servidores domésticos ou escrevemos cartas contra o vosso
governo? A esperança de reinar, que apresentastes como a recompensa pelo
respeito e piedade dos filhos para com os pais, é muitas vezes causa de que
maus espíritos cometam péssimas ações. E estamos certos de que não há
absolutamente nenhuma de que nos possam culpar. Quanto às calúnias que vos
incitaram contra nós, como poderíamos vos fazer co-nhecer a falsidade delas, se
não nos quisestes escutar? Confessamos que fizemos queixas abertamente. Não de vós,
o que nos teria feito culpados, mas daqueles que vos relatavam tais coisas.
Reconhecemos também que choramos nossa mãe, mas as nossas lágrimas não
procediam tanto de sua morte quanto da dor de ver que ainda há pessoas que
procuram desonrar a sua memória. Dizem mesmo que nós, durante a vossa vida,
aspiramos à coroa. Que probabilidade pode ter tal acusação? Se desfrutamos
todas as honras que os vossos sucessores podem pretender, como de fato
desfrutamos, que mais podemos desejar? E, se não as desfrutamos, não nos seria
lícito esperá-lo? Ao passo que, cometendo um crime tão detestável como o de
manchar as mãos no sangue daquele que nos deu a vida, não poderíamos esperar
outra coisa senão que a terra se abrisse para nos tragar ou que o mar nos
sepultasse em seus abismos. Poderia a santidade de nossa religião e a
fidelidade de vossos súditos tolerar que reis parricidas entrassem no santo
Templo, que construístes para honra de Deus? Ainda que não temêssemos tais
castigos, acaso ficaríamos impunes enquanto vivesse um monarca tão justo quanto
César? Se tendes em nós, senhor, os filhos mais indesejáveis no que convém à
vossa tranqüilidade, sabei pelo menos que não somos ímpios nem desprovidos de
juízo, como vos querem fazer crer. Estamos certos de que nada se encontrará de
verdade em tudo quanto nos acusam. Com relação à morte de nossa mãe, a sua
desgraça nos deve tornar mais sensatos, em vez de nos incitar contra vós. Eu
poderia apresentar várias outras razões para a nossa defesa, se fosse
necessário justificar aquilo que jamais foi cogitado. A única coisa que pedimos
ao imperador, nosso soberano árbitro, se vos persuadirdes da verdade de nossa
inocência e deixardes de suspeitar de nós, é que vivamos, ainda que infelizes,
pois haveria maior desgraça que ser acusado falsamente do mais horrível de
todos os crimes? Mas se continuais a desconfiar de nós, morramos então, pelo
julgamento que trouxemos contra nós mesmos, sem que sejais acusado pela nossa
condenação. A vida não nos é tão cara que a queiramos conservar à custa da
reputação daquele de quem a recebemos".
692. Augusto, que desde o começo não pudera acreditar em tão
estranhas acusações e que enquanto Alexandre falava e mantinha os olhos sobre
Herodes percebeu que este ficava comovido com as palavras do filho, convenceu-se
ainda mais da inocência dos dois irmãos. Além disso, os presentes sentiram tão
grande compaixão e estavam tão ansiosos pelo final do julgamento, para ver o
que aconteceria aos moços, que não podiam deixar de desejar mal a Herodes.
Aquelas acusações pareciam-lhes incríveis, e a mocidade dos príncipes, unida à
sua beleza, tornava-os tão sensíveis à sua infelicidade que estavam dispostos a
prestar-lhes qualquer auxílio. Essa afeição aumentou quando eles viram
Alexandre responder tão sabiamente às palavras do pai e com tanta moderação e
modéstia. Depois de concluir a sua defesa, ele e o irmão continuaram com os
olhos baixos, banhados em lágrimas. Surgiu então um vislumbre de esperança,
pois se notava no rosto de Herodes que ele julgava ter agido erradamente e se
desculpava pela maneira leviana como acreditara naquelas acusações sem provas.
Augusto, depois de refletir por uns instantes, disse que
julgava os príncipes inocentes dos crimes de que os acusavam, embora não se
pudesse eximi-los de terem dado ao pai, com o seu proceder, motivo para que se
aborrecesse. Em seguida, pediu a Herodes que os recebesse em suas boas graças e
não alimentasse mais contra eles suspeita alguma, pois não era justo acatar
semelhantes acusações contra os próprios filhos. Assim, tinha certeza de que
eles lhe prestariam ainda bons serviços, que ele esqueceria o descontentamento
que lhe haviam causado e retomaria para com eles a antiga afeição e que cada
qual trabalharia para restabelecer a amizade e a confiança que deve existir entre
parentes, e a união entre eles seria ainda maior que antes.
Depois de assim falar, Augusto fez sinal aos príncipes, para
que se caminhassem até o pai, ainda cheios de lágrimas, a fim de pedir-lhe
perdão. Mas Herodes antecipou-se e os abraçou com tantas demonstrações de afeto
e de ternura que todos ficaram comovidos. O pai e os filhos agradeceram
efusivamente ao imperador, e Antípatro mostrou também estar satisfeito com a
reconciliação de seus irmãos com o pai.
693. Alguns dias depois, Herodes presenteou Augusto com
trezentos talentos, pois nessa época davam-se espetáculos e se faziam donativos
ao povo romano. César, por sua vez, deu-lhe metade das rendas das minas da ilha
de Chipre e a direção da outra metade, acrescentando, com grandes demonstrações
de afeto, diversos outros presentes. Permitiu-lhe escolher para sucessor o
filho que ele desejasse e até mesmo dividir o reino entre eles, embora não para
desfrutarem isso enquanto ele vivesse, porque era justo que permanecesse como
senhor de seu território e de seus filhos.
694. Herodes partiu
depois com os três filhos para regressar à Judéia. E, durante a sua ausência,
Traconites, que representava uma parte considerável de seus domínios, havia se
revoltado, mas os comandantes das tropas a obrigaram a capitular. Quando ele
passou por Eleusem, na Cilícia, que agora se chama Sebaste, Arquelau, rei da
Capadócia, recebeu-o com grandes honras, bem como aos seus filhos, demonstrando
alegria por terem os dois mais novos reconquistado as suas boas graças e porque
Alexandre, seu genro, se havia justificado tão bem das acusações feitas contra
eles.
Os dois reis separaram-se depois de trocar magníficos
presentes. Herodes, quando chegou a Jerusalém, mandou reunir o povo no Templo,
falou-lhe de sua viagem, das honras que recebera de Augusto e de todas as
outras coisas que julgou conveniente informá-los. No fim de seu discurso, para
dar a seus filhos uma solene lição, exortou todos os de sua corte e da
assembléia a viver unidos, declarando-Ihes que os filhos reinariam depois dele,
a começar por Antípatro, continuando com Alexandre e Aristóbulo. Enquanto ele
vivesse, porém, queria ser reconhecido como o único rei e senhor, porque,
embora a idade fosse um impedimento para bem governar, ela o tornava ainda mais
capacitado, quer pela longa experiência adquirida, quer pelas outras vantagens
que ele tinha sobre os filhos, e assim eles e os soldados viveriam felizes
enquanto obedecessem somente a ele.
A assembléia, depois disso, dissolveu-se. A maior parte
achou que ele havia falado bem. Alguns, porém, julgaram diferente, porque a
esperança de reinar que ele dera aos filhos poderia causar entre estes muitas
divergências e contestações, as quais seriam causa de grandes turbulências.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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