História De Israel – Teologia 31.210
CAPÍTULO 9
ANTÔNIO É DERROTADO POR AUGUSTO NA BATALHA DE ÁCCIO. HERODES
MATA HIRCANO E QUAL O PRETEXTO PARA ISSO. DECIDE PROCURAR
AUGUSTO.
ORDENS QUE DÁ ANTES DE PARTIR.
647. Depois de tão vantajoso resultado, Herodes voltou a
Jerusalém cheio de honras e de glória. Mas, quando parecia viver na mais franca
prosperidade, a vitória de Augusto sobre Antônio, em Áccio, o colocou em tão
grande perigo que ele se julgou perdido. Todos os seus amigos e inimigos eram
do mesmo parecer, pois ninguém se podia persuadir de que aquela grande amizade
entre ele e Antônio não lhe viesse causar a própria ruína. Assim, os que
deveras o amavam não podiam dissimular a dor que sentiam. Os que o odiavam
fingiam lamentá-lo, embora no coração sentissem grande alegria, pois assim
podiam esperar alguma mudança nos acontecimentos.
Como Hircano era o único de família real, Herodes julgou
necessário mandar matá-lo, a fim de que, se conseguisse escapar de tão grande
perigo, ninguém pudesse pretender a coroa, com prejuízo seu. Ou, se Augusto
mandasse matá-lo, ele teria pelo menos a consolação de saber que Hircano não
teria o prazer de sucedê-lo. Alimentava ele esses pensamentos, quando a família
onde ele se havia hospedado ofereceu-lhe uma oportunidade para executar o seu
desígnio.
Hircano era por natureza excessivamente manso e jamais se
ocupara completamente dos negócios. Tudo ele entregava à sorte e recebia de sua
mão o que ela mandava, sem demonstrar descontentamento. Sua filha Alexandra,
que, ao invés, era ambiciosa, não se podia contentar com a esperança de uma
modificação. Ela solicitava-lhe sem cessar que não permitisse por mais tempo a
Herodes perseguir assim a sua família e pensasse em sua segurança, conservando-se
para uma sorte melhor. Aconselhou-o a escrever a Malque, que então governava a
Arábia, e pedir-lhe proteção e refúgio junto dele, não havendo dúvida de que,
se a sorte de Herodes fosse tão má como o ódio de Augusto contra ele dava
motivos para crer, a nobreza de sua família e o afeto que todo o povo lhe
consagrava poderiam fazê-lo voltar ao trono.
Hircano de início rejeitou a proposta, mas Alexandra não
deixava de apresentar as probabilidades que ele tinha: de um lado, esperar
chegar à coroa; de outro, temer a traição e ^crueldade de Herodes. Ele
deixou-se convencer, por fim, à insistente importunação. Escreveu a Malque por
meio de um amigo, de nome Dositeu, rogando que lhe mandasse alguns cavaleiros
que pudessem levá-lo até o lago Asfaltite, distante trezentos estádios de
Jerusalém. Hircano e Alexandra esco-lheram Dositeu por julgarem-no um homem
inteiramente dedicado a eles e inimigo de Herodes, pois era parente de José, a
quem o rei mandara matar e também porque Antônio matara em Tiro dois de seus
irmãos. Ele, porém, foi-lhes infiel. Na esperança de obter vantagens, entregou
a carta nas mãos de Herodes.
O soberano demonstrou muita satisfação e reconhecimento e
pediu a ele outro favor: levar a carta ao destinatário, Malque, e trazer-lhe a
resposta, pois importava conhecer os sentimentos deste. Dositeu cumpriu
fielmente todas essas incumbências, e o árabe, por meio dele, mandou a Hircano
a resposta, dizendo que o receberia, bem como a todos os judeus de seu partido,
que mandaria uma escolta para conduzi-lo em segurança e que o ajudaria em tudo.
Herodes, de posse dessa carta, mandou chamar Hircano ao seu conselho e
perguntou-lhe que tratado ele fizera com Malque. Respondeu este que nenhum
tratado havia feito. O rei então apresentou-lhe a carta e ordenou imediatamente
que o matassem.
Foi assim que o próprio Herodes narrou esse fato nos seus
comentários. Outros dizem que não foi por esse motivo que ele mandou matar
Hircano, mas porque este havia atentado contra a sua vida, e contam o caso
deste modo: Herodes perguntou a Hircano, num banquete, sem manifestar a sua
desconfiança, se ele havia recebido alguma carta de Malque. Ele respondeu que
sim, mas somente de saudação. Herodes acrescentou: "Não recebestes
presentes, também?" Hircano respondeu: "Sim, mas somente quatro
cavalos para o meu carro". Herodes então, acusou-o de traição e de se ter
deixado subornar e ordenou que o matassem.
Esses mesmos escritores, para mostrar que Hircano era
inocente, dizem que, tendo desde a sua mocidade — e mesmo depois de ser feito
rei — demonstrado excessiva mansidão, grande prudência e moderação e tendo
agido quase sempre a conselho de Antípatro, pai de Herodes, não havia nenhuma
razão, visto que o rei Herodes estava bem firme no trono, para ele ter saído,
na idade de oitenta anos, de além do Eufrates, onde era muito honrado, para
viver sob a sua dominação e se entregar a um empreendimento tão alheio à sua
natureza. Porém, há muito mais motivo para se crer que esse pretenso crime lhe
tenha sido atribuído pelo próprio Herodes.
Assim morreu Hircano, cuja vida foi agitada por muitas e
graves perturbações. Ele foi constituído sumo sacerdote sob o reinado de
Alexandra, sua mãe, e exerceu esse cargo durante nove anos. Sucedeu no reino a
essa princesa e foi deposto três meses depois por Aristóbulo, seu irmão. Pompeu
restaurou-o, e ele governou durante quarenta anos. Foi depois exilado por
Antígono, castigado e levado como escravo pelos partos. O rei colocou-o em
liberdade, e ele voltou à Judéia. E não somente não viu a realização das promessas
que Herodes havia feito, como, após passar uma vida cheia de incertezas e
amarguras, terminou os seus dias em adiantada velhice com uma morte deplorável,
que não havia absolutamente merecido. Como era muito manso, moderado e amante
da tranqüilidade e sabia não ter as condições necessárias para governar,
servia-se em quase tudo do ministério de outrem. Essa excessiva bondade deu a
Antípatro e a Herodes ocasião para se elevarem ao auge da autoridade e levarem
a coroa à família deles. A morte foi a recompensa que esse infeliz príncipe
recebeu da ingratidão de Herodes.
648. Depois que Herodes se desfez de Hircano, foi procurar
Augusto, de quem nada esperava de favorável, por causa da inimizade que havia
entre este e Antônio. Temia ao mesmo tempo que Alexandra aproveitasse a sua
ausência para amotinar o povo contra ele e perturbar a nação. Ele deixou o
governo a Feroras, seu irmão. Colocou Cipro, sua mãe, sua irmã e todos os seus
parentes na fortaleza de Massada e ordenou a Feroras que, se na sua viagem algo
de mal lhe viesse a suceder, tomasse o governo do reino.
Quanto a Mariana, que não se acertava com Cipro nem com
Salomé, ele a colocou com Alexandra, sua mãe, no castelo de Alexandriom, cuja
guarda confiou a José, seu tesoureiro, e a Soeme Itureu, em quem desde o começo
de seu reinado depositara sempre a sua inteira confiança. Tomou como pretexto
querer prestar às princesas essa honra, mas deu a esses dois homens ordens
secretas, caso a viagem lhe corresse mal: deveriam matá-las logo que tivessem
notícias de sua morte e depois ajudar Feroras com todas as suas forças a
conservar o reino aos seus filhos.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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