História De Israel – Teologia 31.215
CAPÍTULO 14
HERODES RECONSTRÓI INTEIRAMENTE O TEMPLO EM JERUSALÉM, PARA
TORNÁ-LO AINDA MAIS BELO.
676. Depois de tantas e tão grandes realizações e de tão
soberbos edifícios feitos por Herodes, ele imaginou, no décimo oitavo ano de
seu reinado, um empreendimento que sobrepujava em muito todos os outros:
construir um Templo a Deus, maior e mais alto que o que já existia, porque
julgava, e com razão, que tudo o que fizera até então, por maior e mais
brilhante que fosse, estava de tal modo abaixo de tão alta empresa que nada
poderia contribuir mais para tornar a sua memória imortal.
Como temia que o povo, espantado pela dificuldade de tal
obra, tivesse dificuldade em iniciá-la, reuniu-o e falou: "Seria inútil
falar-vos de todas as coisas que fiz após a minha ascensão ao trono, pois sendo
mais úteis a vós que a mim mesmo, não poderieis ignorá-las. Sabeis que nas
calamidades públicas esqueci os meus próprios interesses para vos ajudar, e não
teríeis dificuldade em reconhecer que as muitas obras grandiosas que empreendi
e concluí, com a ajuda de Deus, e nas quais não visava tanto a minha satisfação
particular quanto as vantagens que disso poderieis receber elevaram a nossa
nação a um grau de estima nunca antes alcançado. Seria inútil, pois, falar-vos
das cidades que construí e das que embelezei na judéia e nas províncias que nos
são tributárias. Mas quero propor-vos uma iniciativa muito maior e mais
importante que todas as outras, pois se refere à nossa religião e ao culto que
devemos prestar a Deus. Sabeis que o Templo que os nossos antepassados
construíram depois de seu regresso do cativeiro da Babilônia mede em altura
sessenta côvados a menos que o construído por Salomão, mas não devemos
culpá-los, pois desejavam torná-lo mais suntuoso que o primeiro, porém, estando
então sujeitos aos persas è depois aos macedônios, foram obrigados a seguir as
medidas que lhes deram os reis Ciro e Dario, filho de Histapes. Agora que sou
devedor a Deus da coroa que possuo e uso sobre minha cabeça, da paz de que
desfrutamos, das riquezas que acumulei e, o mais importante, da amizade dos
romanos, que hoje são senhores do mundo, esforçar-me-ei por demonstrar o meu
reconhecimento por tantos favores, dando a essa obra a maior perfeição".
677. As palavras de Herodes surpreenderam a todos de modo
extraordinário. A grandeza da idéia a fazia parecer inexeqüível. E, mesmo que
não o fosse, eles temiam que, depois de demolido o Templo, não o pudessem
reconstruir inteiramente, e assim achavam a empresa muito perigosa. Mas ele os
tranqüilizou, prometendo não tocar no antigo edifício antes de preparar tudo o
que fosse necessário para a construção do novo, e os fatos seguiram-se às
palavras. Ele empregou mil carretas para trazer as pedras, reuniu todo o
material, escolheu dez mil operários dos melhores e sobre eles constituiu mil
sacerdotes, vestidos à sua custa, inteligentes e práticos nos trabalhos de
pedreiro e de carpinteiro.
Depois que tudo estava preparado, mandou demolir os antigos
alicerces, para serem reconstruídos, e sobre eles ergueu-se o Templo, que media
cem côvados de comprimento e cento e vinte de altura. Porém mais tarde os
alicerces cederam, e essa altura ficou reduzida a cem côvados. Nossos
antepassados quiseram, no reinado de Nero, levantar o Templo, para recuperar
esses vinte côvados de rebaixamento. Esse trabalho foi realizado com pedras
duras e muito brancas que mediam vinte e cinco côvados de comprimento por oito
de altura e doze de largura.
A frente desse soberbo edifício parecia a de um palácio
real. As duas extremidades de cada frente eram mais baixas que o centro, e esse
centro era tão alto que os que estavam em frente do Templo ou que para lá se
dirigiam podiam vê-lo, ainda que estivessem muito longe, mesmo a vários
estádios de distância. A arquitetura dos pórticos era quase semelhante ao
resto. Viam-se estendidas tapeçarias de diversas cores adornadas com flores de
púrpura, com colunas entre elas, nas cornijas, das quais pendiam ramos de
videira feitos de ouro, com os cachos e as folhas tão bem trabalhados que
nessas obras, tão ricas, a arte nada ficava a dever à natureza.
Herodes mandou fazer galerias ao redor do Templo, tão largas
e tão altas que correspondiam à magnificência de todo o resto, sobrepujando em
beleza todas as que antes haviam sido vistas, de sorte que parecia que ninguém
mais a não ser esse príncipe havia trabalhado para adornar o Templo. Duas
dessas galerias eram sustentadas por muralhas fortes e espessas, e nada fora
visto até então de mais belo que essa obra.
Havia um outeiro pedregoso muito áspero e inclinado, mas que
pendia em descida, mais suave, em direção a cidade, do lado do oriente, e
Salomão foi o primeiro, por ordem de Deus, a rodear o seu vértice com muralhas.
Herodes fez rodear com outro muro todo o sopé desse montículo, abaixo do qual,
do lado sul, há um profundo vale. Esse muro, construído com grandes pedras ligadas
com chumbo, ia até a extremidade embaixo do montículo e o rodeava por inteiro.
Era de forma quadrangular e tão alto e forte que não se podia contemplá-lo sem
admiração. As pedras, de tamanho extraordinário, faziam frente para fora e
estavam ligadas entre si com ferro, por dentro, para que pudessem resistir a
todas as injúrias do tempo. Depois que esse muro foi erguido, tão alto quanto o
vértice do montículo, encheu-se todo o vazio que havia dentro dele. Formou-se
assim uma plataforma, cujo perímetro era de quatro estádios, pois cada uma das
frentes tinha um estádio de comprimento, e havia um grande pórtico, colocado no
meio dos dois ângulos.
Fez-se nesse quadrado um outro muro, também de pedra, para
rodear o vértice do montículo, cujo lado, oposto ao oriente, tinha um duplo
pórtico, que estava em frente à entrada do Templo, a qual estava construída no
meio, e vários de nossos reis adornaram e enriqueceram muito essa entrada. Todo
o perímetro do Templo estava cheio de despojos, obtidos sobre os nossos inimigos,
e Herodes consagrou-os de novo, depois de acrescentar-lhes os troféus
conquistados aos árabes.
Do lado do norte, havia uma torre bastante forte e bem
municiada, que fora construída pelos reis da família dos asmoneus, os quais
detinham ao mesmo tempo a soberana autoridade e o sumo sacerdócio. Eles haviam
dado a essa torre o nome de Baris, porque aí se conservava o veste de que o
sumo sacerdote se revestia somente quando oferecia sacrifícios a Deus, e
Herodes ordenou que ali se colocasse essa vestimenta sagrada.
Depois da morte de Herodes, os romanos tiveram-no em seu
poder até os tempos do imperador Tibério. Mas quando, durante o seu reinado,
Vitélio veio tomar posse do governo da Síria, os habitantes de Jerusalém o
receberam com tanta honra que este, para lhes demonstrar a sua satisfação,
obteve de Tibério para eles, ante os reiterados pedidos que lhe faziam, outra
vez a guarda desse santo depósito. Eles desfrutaram essa graça até depois da
morte do rei Agripa, o Grande. Então Cássio Longino, governador da Síria, e
Cúspio Fado, governador da Judéia, ordenaram aos judeus que o colocassem na
torre Antônia, a fim de niiP PIP firassp ramo antes, em Dosse dos romanos. Os
judeus, a esse respeito, enviaram embaixadores ao imperador Cláudio. Mas o
jovem rei Agripa, que estava em Roma, pediu para ter a posse dele, o que lhe
foi concedido, sendo a ordem comunicada a Vitélio.
Era assim que se fazia outrora: a preciosa veste era
guardada sob o selo do sumo sacerdote e dos tesoureiros do Templo. Na vigília
das festas solenes, eles iam procurar o comandante na torre dos romanos, onde,
após a confirmação de que o selo estava intacto, recebiam de suas mãos essa
veste e a devolviam, selada como antes, depois de terminada a festa. Essa torre
já era forte, mas Herodes a fortificou muito mais ainda, a fim de fortalecer
também o Templo, e a chamou Antônia, para honrar a memória de Antônio, que lhe
havia demonstrado tanta amizade.
678. Do lado do ocidente, havia quatro portas. Por uma
delas, ia-se ao palácio real, atravessando-se um vale que estava entre eles.
Pelas outras duas, ia-se aos arrabaldes e, pela quarta, à cidade. Mas era
preciso, para isso, descer vários degraus até o fundo do vale e tornar a subir
por outros tantos, pois a cidade, em forma de circo, está situada em frente ao
Templo e termina naquele vale do lado do sul. E, desse mesmo lado, à frente do
quadrado, havia no meio uma outra porta igualmente distante dos dois ângulos e
uma tríplice e soberba galeria, que se estendia desde o vale que estava do lado
do oriente até o que estava do lado do ocidente. Essa galeria não podia ser
mais longa porque compreendia todo esse espaço.
Tal obra era uma das mais admiráveis que o sol jamais
iluminou. O vale era tão profundo e tão alta a cúpula elevada acima da galeria
que não se podia contemplá-la do fundo do vale, porque a vista não alcançava
tão longe sem se obscurecer e turbar. Essas galerias eram sustentadas por
quatro séries de colunas igualmente distantes, e um muro de pedra preenchia os
espaços entre as colunas da quarta fileira. Essas colunas eram tão grossas que
eram necessários três homens para abraçar uma delas. Tinham vinte e sete pés de
circunferência, e a sua base media o dobro. Havia ao todo cento e sessenta e
duas. Eram de estilo coríntio e tão artisticamente trabalhadas que causavam
admiração. Entre essas quatro fileiras de colunas, estavam três galerias, cada
uma medindo trinta pés de largura, mais de cinqüenta pés de altura e um estádio
de comprimento. Mas a do meio era uma vez e meia mais larga e duas vezes mais
alta que as outras. Viam-se nos forros dessas galerias diversas figuras, muito
bem talhadas. A arcada da galeria do meio, que superava as outras, apoiava-se
sobre cornijas de pedra, tão bem talhadas e entremeadas de colunas e feitas com
tanta arte que as junturas não eram percebidas a olho nu — poder-se-ia pensar
que toda a obra era feita de um único bloco de pedra.
Assim estava construído esse primeiro recinto. Havia um
segundo, feito com um muro de pedra e que estava a pouca distância. A ele se
subia por alguns degraus, e havia uma inscrição que proibia aos estrangeiros lá
entrar, sob pena de morte. Esse recinto interior tinha três portas do lado do
sul e três do lado norte, igualmente distantes, e uma grande do lado do
oriente, pela qual os que estavam purificados entravam com as suas mulheres,
mas a estas era proibido transpô-la.
Somente os sacerdotes podiam adentrar o espaço que ficava
entre esses dois recintos, porque ali estava construído o Templo, e era onde
também se localizava o altar sobre o qual se ofereciam os sacrifícios a Deus.
Assim, nem mesmo Herodes ousava entrar ali, porque não era sacerdote. Por isso
deixou aos sacerdotes o cuidado dessa obra. Eles a concluíram em dezoito meses.
Para tudo o mais, haviam-se empregado oito anos.
Não se pode descrever a alegria do povo ao ver tão grandiosa
obra terminada em tão pouco tempo. Começaram por dar ações de graças a Deus e
em seguida fizeram também elogios ao rei, pois o seu zelo bem os merecia.
Depois, promoveram uma grande festa para celebrar a memória da nova construção.
Herodes ofereceu a Deus trezentos bois como sacrifício, e os outros também
ofereceram vítimas, segundo as suas posses. O número delas foi tão grande que
se pode dizer incalculável, e a festa realizou-se no mesmo dia do início do reinado
de Herodes e que ele solenizava todos os anos com grande pompa. Esse grande
príncipe mandou fazer um subterrâneo, que ia desde a torre Antônia até a porta
oriental do Templo, perto da qual mandou construir outra torre, a fim de que
ele e os outros reis lá pudessem refugiar-se em caso de rebelião.
Diz-se que durante todo o tempo em que se trabalhou para a
reconstrução do Templo choveu somente à noite, para que os trabalhos dessa
santa obra não fossem retardados. Esse pormenor veio por tradição de nossos
antepassados até nós, mas não devemos ter dificuldade em lhe prestar fé, quando
se apresentam aos nossos olhos tantas graças e favores recebidos da mão liberal
e onipotente de Deus.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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