História De Israel – Teologia 31.204
Capitulo 3
Herodes tira o cargo de sumo
sacerdote de Ananel e o entrega a
Aristóbulo. Manda prender
Alexandra e Aristóbulo quando eles
tentam procurar Cleópatra para se
salvar. Finge reconciliar-se com
eles. Manda afogar Aristóbulo e
ordena-lhe magníficos funerais.
634. Logo depois, o
rei Herodes tirou o sumo sacerdócio de Ananel, o qual, embora fosse da família
dos sacerdotes, passava por estrangeiro porque era da raça dos judeus que
moravam em grande número além do Eufrates. Herodes honrara-o com aquela
dignidade logo que subira ao trono, mas apenas porque era um grande amigo. E
tirou-a somente porque julgou necessário, para acalmar as divergências em
família, pois aquele cargo era concedido não por algum tempo, mas para sempre,
e não se podia tirá-lo de alguém sem cometer uma injustiça. Antíoco Epifânio
foi o primeiro a violar essa lei, quando depôs Jesus para colocar Onias em seu
lugar. Aristóbulo foi o segundo, quando tirou o cargo de Hircano, seu irmão, a
fim de tomá-lo para si mesmo. E Herodes foi o terceiro, quando, para ter paz em
casa, o entregou a Aristóbulo, vivendo ainda Ananel.
635. Essa reconciliação, todavia, não impediu que
Herodes continuasse com as suas desconfianças. Julgou que Alexandra, depois do
que ela havia feito, não deixaria de provocar uma rebelião, se ocasião para tal
se apresentasse. Assim, proibiu-a de sair do palácio e de intrometer-se em
qualquer coisa. Mandou vigiá-la com tanto cuidado que nada fazia ela que não
lhe fosse logo relatado. Como era muito orgulhosa, coisa natural nas mulheres,
ela suportava com grande revolta aquele indigno tratamento, pois preferia sofrer
qualquer coisa a perder a liberdade. Sob pretexto de honra, faziam-na passar a
vida numa verdadeira escravidão e em contínuo temor. Assim, ela resolveu
escrever à rainha Cleópatra, rogando-lhe que tivesse compaixão dela e de sua
infelicidade e a ajudasse. A princesa mandou dizer-lhe que tentasse fugir com o
filho para o Egito.
Alexandra aprovou o
conselho e ordenou a dois de seus servidores de mais confiança que fizessem
duas caixas em forma de ataúde, numa das quais ela se encerraria, e na outra
estaria o seu filho, para de noite serem levados a bordo de um navio que já
estava preparado para partir para o Egito. Esopo, um desses servidores, falou
disso a Sabiom, julgando que ele sabia do caso, pois passava por muito amigo de
sua senhora e grande inimigo de Herodes — até mesmo se suspeitava que ele fosse
um dos cúmplices no envenenamento de Antipatro. Esse homem, porém, feliz por
haver encontrado tão favorável ocasião para conquistar o afeto de Herodes, foi
manifestar-lhe a intenção de Alexandra de fugir para o Egito. Herodes, que não
era menos vingativo que inteligente, deixou-a executar livremente o seu intento
com o filho, sem detê-los, senão quando já eram levados naquelas caixas em
forma de ataúde.
Como ele não ousava
causar mal a Alexandra, para que Cleópatra não ficasse ressentida, fingiu
perdoá-la e mostrou-se clemente para com mãe e filho, num excesso de bondade.
Mas no seu coração resolveu eliminar Aristóbulo de qualquer maneira. Esperaria
mais um pouco, no entanto, para melhor ocultar os seus intentos. A festa dos
Tabernáculos, uma das que nós celebramos com maior solenidade, havia chegado,
e ele a quis passar em banquetes com o povo. Mas um fato que aconteceu nessa
ocasião aumentou de tal modo a sua inveja por Aristóbulo que ele não pôde esperar
mais para executar o seu projeto. Eis como as coisas se passaram:
636. Esse príncipe, que então contava dezessete
anos, revestido com os ornamentos de sumo sacerdote, subiu ao altar para
oferecer a Deus os sacrifícios ordenados na Lei. A sua extraordinária beleza e
a figura esbelta, que sobrepujava em muito os de sua idade, fizeram brilhar de
tal modo em sua pessoa a majestade de sua descendência que ele atraiu sobre si
os olhos e o afeto de toda aquela grande multidão. Esse fato renovou no
espírito do povo a lembrança dos grandes feitos de Aristobulo, seu avô. O povo
não pôde esconder a sua alegria, e as aclamações e votos ao jovem príncipe
foram manifestados com excessiva liberdade, não recomendável sob o reinado de
um soberano tão invejoso e cioso de sua autoridade como Herodes.
Essa demonstração de
sentimentos pela família de Aristobulo e de gratidão pelos favores dele
recebidos irritaram-no tanto que ele não quis adiar mais a execução do que
tinha em mente. Assim ,
passada a festa, foi a um banquete que Alexandra oferecia em Jerico. Ali , como para
homenagear Aristobulo, ele demonstrou prazer em assistir aos divertimentos dos
moços. Com essa intenção, foi a um lugar ideal para o seu propósito. Sendo um
dia de muito calor, os moços ficaram logo cansados de jogar e foram descansar e
abrigar-se dos ardores do sol do meio-dia num jardim, onde se puseram a
contemplar alguns dos companheiros e servidores que se banhavam. Herodes fez
com que Aristobulo fosse banhar-se com eles, e então aqueles que ele havia levado
para esse fim atiraram-se também à água e, como brincadeira, fizeram Aristobulo
mergulhar, mas não o deixaram emergir, até que ele morreu afogado. Esse foi o
triste fim de Aristobulo, que contava apenas dezoito anos e somente por um ano
exercera o sumo sacerdócio. Herodes logo o restituiu a Ananel.
Quem poderia exprimir
a dor da mãe e da irmã desse infeliz príncipe? Elas derramavam lágrimas junto
ao seu corpo e estavam inconsoláveis. A notícia espalhou-se logo por toda a
Jerusalém e encheu a cidade de luto. Não havia uma casa ou família que não
considerasse aquela perda como própria. Nenhuma outra dor, porém, se igualava à
de Alexandra, e o conhecimento da traição que tão cruelmente lhe arrebatara o
filho aumentava-a ainda mais. Era, no entanto, obrigada a dissimular, pelo
temor de um mal maior. Veio-lhe muitas vezes à mente a idéia de matar-se, mas
se conteve, na esperança de que, sobrevivendo ao filho sem mostrar o que sabia
a respeito de sua morte, encontraria talvez ocasião para vingá-la. Herodes, por
sua vez, usava de todos os meios para persuadir a todos de que não tivera
naquilo a mínima participação, e não somente com palavras procurava demonstrar
a sua tristeza e pesar, mas a elas ajuntava lágrimas, as quais pareciam tão
espontâneas que poderiam passar por verdadeiras.
A verdade, porém, é
que ele julgava que a sua segurança dependia daquela morte. No entanto não
podia deixar de se comover pela morte de um príncipe de tão rara beleza, tirado
do mundo na flor da idade. Fosse como fosse, ele fazia todo o possível para dar
a entender que não era culpado daquele crime, e não poupou despesas para lhe
organizar um magnífico funeral. Se a dor das princesas pudesse ter sido
mitigada por demonstrações exteriores de afeto, tê-lo-ia sido, sem dúvida, pela
quantidade de preciosos perfumes que ele fez queimar sobre o túmulo e pelos
ornamentos de que o enriqueceu, com magnificência mais que real.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine o nosso entendimento
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