História De Israel – Teologia 31.198
CAPÍTULO 25
BARZAFARNÉS CONSERVA PRESOS FAZAEL E HIRCANO. MANDA SOLDADOS
A
JERUSALÉM PARA PRENDER HERODES. DURANTE A NOITE, HERODES SE
RETIRA
COM TODOS OS SEUS SOLDADOS E PARENTES. E ATACADO NO CAMINHO,
MAS
LEVA VANTAGEM. FAZAEL SUICIDA-SE. INGRATIDÃO DO REI DOS
ÁRABES PARA
COM HERODES, QUE VAI A ROMA.
608. Logo que Barzafarnés partiu, prenderam Hircano e
Fazael, que nada mais pôde fazer senão execrar tal perfídia. Aquele bárbaro
mandou ao mesmo tempo um eunuco a Jerusalém, a Herodes, com ordem de atraí-lo
para fora do palácio e prendê-lo. Mas este sabia que os partos haviam
aprisionado os que Fazael lhe mandara para avisá-lo da traição. Fez graves
queixas a Pacoro e a todos os outros chefes, e eles, embora de tudo soubessem,
fingiram completa ignorância do que se passava e disseram-lhe que ele não devia
criar dificuldades para sair do palácio a fim de receber as cartas que lhe
queriam entregar, pois traziam somente boas notícias de seu irmão. Herodes não
prestou fé a essas palavras porque já sabia da prisão de Fazael, confirmada por
Alexandra, filha de Hircano, cuja filha ele devia desposar. Embora os outros
zombassem de seus avisos, ela não deixava de os considerar atentamente, porque
era uma mulher muito hábil.
Os partos, embaraçados quanto ao que deviam fazer, porque
não ousavam atacar abertamente um homem tão destemido, deixaram para o dia
seguinte a sua determinação. Então Herodes, não podendo mais duvidar de sua
perfídia e da prisão de seu irmão, embora outros afirmassem o contrário,
resolveu aproveitar para fugir naquela mesma tarde, evitando permanecer em tal
risco no meio de seus inimigos. Para realizar essa resolução, tomou tudo o que
tinha de soldados, fez subir em carros puxados por cavalos sua mãe, sua irmã,
sua noiva Mariana, Alexandra, mãe dela, seu irmão, todos os criados e o resto
dos servidores. Assim, tomou o caminho para a Iduméia sem que os inimigos o
soubessem.
Teria sido impossível permanecer insensível diante de tão
triste espetáculo. Mulheres banhadas em lágrimas e aflitas pela dor arrastavam
os filhos, abandonavam o seu país e deixavam parentes na prisão, não podendo
esperar também para si mesmas uma sorte melhor. Nada, porém, pôde abater a
coragem de Herodes. Nessa contingência, ele mostrou que o seu valor era maior
que a sua infelicidade e durante toda a viagem não deixava de exortá-los a
suportar corajosamente a situação a que se encontravam reduzidos, sem se deixar
dominar pela tristeza ou por queixumes inúteis, que só iriam retardar a fuga,
sua única esperança de salvação. Mas aconteceu um acidente, e este o tocou de
tal modo que pouco faltou para que não se suicidasse: o carro no qual estava a
sua mãe tombou, e ela ficou tão ferida que se pensava que viesse a morrer.
A grande dor que ele sentiu, unida ao temor de que seus
inimigos chegassem de repente, aproveitando o atraso de sua retirada, deixou-o
tão fora de si que ele puxou a espada, e atravessá-la-ia no próprio corpo se
alguns dos que estavam perto não tivessem impedido aquele gesto. Eles
rogaram-lhe que não os abandonasse ao furor dos inimigos, mostrando que aquela
não era uma ação digna de sua generosidade, isto é, pensar somente em se
esquivar daqueles males, mais temíveis que a própria morte, sem se incomodar
que pessoas que lhe eram tão caras ficassem a eles expostas. Assim, em parte pela
força e em parte pela vergonha de sucumbir ante a infelicidade, ele desistiu
daquele fúnebre desígnio, mandou medicar a mãe como se poderia fazer naquela
contingência, e retomaram o caminho para a fortaleza de Massada.
Os partos atacaram-no várias vezes durante o caminho, e ele
os venceu em todas as ocasiões. Até mesmo alguns judeus o atacaram, quando ele
ainda não estava afastado de Jerusalém mais que uns sessenta estádios, mas ele
os venceu também num grande combate, porque não se defendia como um homem que
foge e é surpreendido, e sim como um grande general preparado para sustentar um
ataque violento. E, quando ele foi elevado ao trono, mandou construir naquele
mesmo lugar um soberbo palácio e uma cidade, a que chamou Herodiom.
Quando chegou a Tressa, aldeia da Iduméia, José, seu irmão,
veio encontrá-lo, e juntos consideraram sobre o que fazer com o grande número
de soldados que Herodes trouxera, além dos que estavam sob pagamento, porque a
fortaleza de Massada, onde ele queria abrigar-se, não era bastante grande para
recebê-los todos. Resolveu então mandar embora a maior parte deles, mais ou
menos umas nove mil pessoas. Deu-lhes víveres e disse-lhes que poderiam se
estabelecer do melhor modo possível nas diversas regiões da Iduméia. Ficou com
os parentes e mais alguns valentes e peritos. Deixou as mulheres na fortaleza,
bem como as pessoas para servi-las, em número de oitocentos mais ou menos. Como
a fortaleza tinha bastante trigo e água e todas as outras coisas necessárias
para a sua subsistência, ele tranqüilizou-se. Depois de tomar todas as
providências, partiu para Petra, capital da Arábia.
Despontando o dia, os partos saquearam e roubaram tudo o que
Herodes havia deixado em Jerusalém, até mesmo no palácio. Não tocaram, porém,
em trezentos talentos que pertenciam a Hircano, e uma parte do que pertencia a
Herodes também foi salva, com tudo o que a sua previdência o fizera mandar para
a Iduméia. Os bárbaros não se contentaram em saquear a cidade, devastaram
também os campos e destruíram inteiramente Maressa, cidade muito rica. Assim,
Antígono apoderou-se da Judéia, tomando-lhe o governo por intermédio do rei dos
partos. Entregaram-lhe também Hircano e Fazael como prisioneiros, mas ele ficou
muito envergonhado, porque as mulheres que ele prometera dar ao príncipe junto
com os quinhentos talentos haviam escapado. E, com medo de que o povo
restaurasse Hircano no trono, mandou cortar-lhe as orelhas, para torná-lo
inapto ao sumo sacerdócio, porque a Lei proíbe que se conceda essa honra aos
que têm qualquer defeito físico.
609. Não poderemos
deixar de admirar a grandeza da coragem de Fazael. Ele não temia tanto a morte,
à qual sabia estar destinado, quanto a vergonha de recebê-la das mãos do
inimigo. Não podendo matar-se, porque estava acorrentado, quebrou a cabeça
contra uma pedra. Diz-se que Antígono lhe mandou alguns médicos, os quais, em
vez de medicá-lo, envenenaram-lhe as feridas. Antes de morrer, ele teve a
consolação de saber por uma mulher pobre que Herodes estava a salvo e suportou
a morte alegremente, acreditando que deixava um irmão que a vingaria e que seus
inimigos receberiam dele o castigo pela sua perfídia.
610. Herodes, cuja
coragem não se abatia ante a fortuna adversa, tudo fazia para se pôr em
condições de superá-la. Foi procurar Malco, rei dos árabes, que lhe devia
grandes favores, para pedir-lhe que demonstrasse reconhecimento em tão pungente
necessidade e, principalmente, que o ajudasse com dinheiro, quer como donativo,
quer como empréstimo. Como ainda não sabia da morte do irmão, estava resolvido
a empregar até trezentos talentos para resgatá-lo. Havia até mesmo levado
consigo, para esse fim, o filho de Fazael, de apenas sete anos de idade, para
dá-lo como refém aos árabes. Porém, alguns homens enviados por esse príncipe
vieram ordenar-lhe, da parte dele, que saísse de suas terras, porque os partos
o haviam proibido de recebê-lo, dizendo-lhe que os grandes de seu reino tinham
dado aquele covarde conselho para dele se isentarem, com o pretexto de entregar
a Herodes o dinheiro que Antípatro havia confiado em depósito. Herodes
respondeu que não o queria atacar, mas desejava apenas falar-lhe de assuntos
importantes.
611. Depois de pensar, ele julgou que era melhor retirar-se
e dirigiu-se para o Egito, tão insatisfeito como se pode imaginar alguém diante
de uma ação tão indigna de um rei. Deteve-se num Templo onde havia deixado
vários dos que o acompanhavam, chegando no dia seguinte a Rinosura, e lá soube
da morte de Fazael. No entanto, o rei dos árabes reconheceu o seu erro e,
sentido, veio ao seu encalço, mas não pôde alcançá-lo, porque ele caminhava
rapidamente, a fim de chegar logo a Pelusa. Alguns marinheiros que iam para
Alexandria, porém, recusaram-se a recebê-lo em seu navio, e Herodes dirigiu-se
então aos magistrados, que lhe prestaram grandes honras. A rainha Cleópatra
quis retê-lo, mas não conseguiu persuadi-lo a ficar, tanto ele estava ansioso
para ir a Roma, embora fosse pleno inverno e corresse a notícia de que as
coisas na Itália estavam muito difíceis, com grandes perturbações e motins.
Assim, ele embarcou para a Panfília, mas foram acossados por
uma violenta tempestade, que os obrigou a lançar ao mar muitas das coisas que
estavam no navio. Chegou por fim a Rodes. Lá encontrou dois amigos, Sapinas e
Ptolomeu. Ficou tão comovido ao ver a cidade destruída pela guerra contra
Cássio que nem a necessidade em que se encontrava o impediu de fazer-lhe
grandes benefícios, muito acima de suas posses. Ali equipou uma galera,
embarcou com os seus amigos, chegou a Brindisi e de lá foi para Roma, onde primeiramente
se dirigiu a Antônio. Contou-lhe tudo o que havia acontecido na Judéia: que seu
irmão Fazael fora aprisionado e morto pelos partos; que eles ainda retinham
Hircano prisioneiro; que haviam constituído Antígono rei porque ele lhes
prometera mil talentos e quinhentas mulheres, as quais escolheu dentre as
pessoas de maior destaque, particularmente da família dele, de Herodes; que
para salvá-las de suas mãos ele as levara à noite, com muita dificuldade,
deixando-as em grandíssimo perigo; e que por fim enfrentara os risco do mar em
pleno inverno para vir procurá-lo, como sendo o seu refúgio e o único de quem
esperava algum auxílio.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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