História De Israel – Teologia 31.303
(2º Parte Livro 1)
CAPÍTULO 21
ARRANCAM UMA ÁGUIA DE OURO QUE HERODES TINHA FEITO CONSAGRAR, DE
SOBRE APORTA DO TEMPLO. SEVERO CASTIGO QUE ELE IMPÕE,POR ESSA RAZÃO.
HORRÍVEL ENFERMIDADE DESSE SOBERANO E ORDENS CRUÉIS QUE ELE DÁ A
SALOMÉ, SUA IRMÃ, E A SEU MARIDO. AUGUSTO COMUNICA-LHE QUE ELE
PODE DISPOR DE ANTÍPATRO SEGUNDO SUA VONTADE. AS DORES RECRUDESCEM
E ELE QUER MATAR-SE.ANTE A NOTÍCIA DE SUA MORTE, ANTÍPATRO QUER
SUBORNAR SEU GUARDA E ELE MANDA MATÁ-LO. MODIFICA SEU TESTAMENTO E
DECLARA ARQUELAU SEU SUCESSOR. MORRE CINCO DIAS DEPOIS DE ANTÍPATRO.
SOBERBOS FUNERAIS QUE ARQUELAU LHE MANDA FAZER*
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* Este registro também se encontra no Livro Décimo Sétimo, capítulos 8, 9 e 10, Antigüidades Judaicas, Parte I.
130. Entretanto, a doença de Herodes, que então tinha setenta anos, aumentava sempre. A velhice enfraquecia suas forças e suas aflições domésticas davam-lhe tão profunda melancolia que mesmo que sua saúde não tivesse sido alterada, ele seria incapaz de sentir alegria. Mas nada o atormentava tanto quanto saber que Antípatro ainda vivia. Ele não determinou se o faria morrer; esperava somente ficar bom da doença para ordenar a sua morte.
131. Uma grande perturbação em Jerusalém causou-lhe novos desgostos. Judas, filho de Sarifeu e Matias, filho de Margalote, eram muitíssimo amados pelo povo, porque eram tidos como os mais sábios de todos, na explanação das nossas santas leis. Eles instruíam a juventude e havia sempre um grande número que assistia às suas lições. Quando esses dois homens souberam que a tristeza do rei unida à sua doença o enfraquecia cada vez mais, disseram àqueles em quem mais confiavam que era chegado o tempo de vingar a injúria que Deus recebera por meio de obras profanas feitas contra sua ordem expressa, que proíbe ter no Templo figuras de qualquer animal. Assim falavam porque Herodes havia feito colocar uma águia de ouro sobre a porta principal do Templo. Eles exortaram então os moços a arrancar aquela águia, dizendo-lhes que, quando mesmo houvesse nisso algum perigo, nada lhes poderia ser mais glorioso do que expor-se à morte, para defender suas leis e para conquistar vida e fama imortais e que, somente os fracos, que como eles não eram instruídos na verdadeiras sabedoria, preferiam morrer de doença num leito do que terminar seus dias na execução de empresas heróicas.
Depois de terem assim falado, espalhou-se a notícia de que o rei estava no fim da vida. Esse boato animou-os ainda mais, e assim eles se atreveram, à vista de grande multidão reunida no Templo, amarrar grossos cabos àquela águia e arrancá-la, fazendo-a depois em pedaços, a golpes de machado. Aquele que comandava as tropas do rei, apenas soube do fato, correu para lá com grande número de soldados, prendeu quarenta daqueles moços e os levou ao rei. Este perguntou-lhes se era verdade que eles haviam tido a ousadia de cometer semelhante ação. "Sim", responderam-lhe. "E quem vos ordenou que o fizésseis?", perguntou-lhes o rei. "Nossa santa lei", responderam-lhe. "Como", retrucou o soberano, "não podendo evitar a morte pelo vosso crime, ainda mostrais alegria em vosso semblante?" "Porque", responderam os jovens, "essa morte nos cumulará de felicidade na outra vida". Tais respostas irritaram de tal modo a Herodes que sua cólera, mais forte que a doença, deu-lhe forças para ir, no estado em que se encontrava, falar ao povo. Tratou como sacrílegos os que tinham arrancado a águia e disse que o que eles alegavam como observância de suas leis era apenas um pretexto para algum empreendimento mais grave que haviam imaginado e que eles deviam ser castigados como sua impiedade merecia. O povo, no temor de que o castigo se estendesse a vários outros, rogou-lhe que se contentasse de mandar castigar os autores do crime e os que o haviam executado, sem levar além a sua vingança. A isso ele se resolveu, com dificuldade; mandou queimar vivos judas e Matias e os que haviam arrancado a águia e mandou cortar a cabeça dos outros.
132. Logo depois, sua doença estendeu-se a todas as partes do corpo e não havia quase membro em que não sentisse dores horríveis e cruciantes. A febre era muito alta; ele emagrecia a olhos vistos e era atormentado por violentas cólicas. Os pés também estavam inchados e lívidos; o ventre, também; todos os nervos estavam frouxos, as partes do corpo que se ocultam por pudor, estavam tão corrompidas que eram pasto de vermes e ele respirava com extrema dificuldade. Os que o viam nesse estado refletiam sobre o justo juízo de Deus, julgavam que era um castigo da sua crueldade para com Judas e Matias. Mas embora ele fosse atormentado por tantos males juntamente, não deixava de amar a vida e esperava sarar. Não havia remédios que ele não tomasse; fez-se transportar além do Jordão, para usar águas quentes de Calliroé, que se lançam no lago de Asfaltite e não somente são medicinais, mas boas para se beber. Os médicos julgaram conveniente pô-lo num banho de óleo bem quente; mas isso enfraqueceu-o de tal modo que ele perdeu os sentidos; todos então julgaram-no morto. Os gritos dos que estavam presentes fizeram-no voltar a si; então, perdendo a esperança de cura, mandou distribuir aos soldados cinqüenta draemas a cada um, deu grandes somas aos oficiais e aos amigos e voltou a Jerico.
133. Estando prestes a morrer, aquela bílis negra que lhe devorava as entranhas, acendeu-se de tal modo que o fez tomar uma resolução abominável. Mandou vir de todas as regiões da Judéia as pessoas mais ilustres, fê-las encerrar no hipódromo e disse a Salomé, sua irmã, e a Alexas, marido dela: "Eu sei que os judeus sentirão imensa alegria com a minha morte; mas se quiserdes executar o que desejo de vós, eu os obrigarei a derramar lágrimas e meus funerais serão muito famosos. O que tendes a fazer é o seguinte: logo que eu tiver expirado, ordenareis aos soldados que cerquem o hipódromo e matem todos os que lá se encontram, a fim de que não haja uma só casa nem família na Judéia, que não tenha motivo de chorar."
134. Acabava ele de dar essa ordem cruel, quando lhe trouxeram cartas dos que ele havia mandado a Roma, pelas quais diziam-lhe que Augusto tinha mandado matar Acmé e julgava Antípatro digno de morte. Entretanto, se ele o quisesse somente mandar para o exílio, ele lho permitia. Estas notícias alegraram-lhe o espírito, mas as dores e uma forte tosse o assaltaram com tanta violência que, não podendo mais suportá-las, resolveu matar-se. Como estava acostumado a comer maçãs e a descascá-las, ele mesmo pediu umas frutas e uma faca. Depois, esperou que ninguém o espreitasse, para não lhe impedir o ato de deses-pero, ergueu o braço para cravar a faca. Mas Aquiabe, seu sobrinho, percebeu-o e correu para segurar-lhe o braço. Todo o palácio encheu-se imediatamente de gritos e clamores, julgando que o rei tinha morrido; essa notícia chegou até Antípatro, que concebeu então novas esperanças; rogou aos guardas que o pusessem em liberdade, prometendo-lhes grandes recompensas, mas o comandante não somente não quis satisfazê-lo, mas foi imediatamente relatar tudo ao rei. Este ficou tão irritado que soltou um horrível grito, não obstante sua extrema debilidade, e mandou no mesmo instante matar Antípatro na prisão, ordenando que o enterrassem no castelo de Hircaniom. Modificou em seguida o testamento, declarando Arquelau seu sucessor no trono e estabeleceu Antipas, tetrarca.
135. Esse infeliz pai viveu ainda mais cinco dias depois da morte de Antípatro, tendo reinado trinta e quatro anos, desde a morte de Antígono e trinta e sete, depois de ter sido constituído rei pelos romanos. Jamais príncipe teve tantas amarguras e desgostos em família, nem mais felicidade, em tudo o mais; sendo apenas um cidadão qualquer, ele não somente se viu elevado ao trono mas reinou por muito tempo e deixou a coroa aos seus filhos.
136. Antes que os soldados soubessem da notícia de sua morte, Salomé e seu marido puseram em liberdade, e mandaram regressar para suas casas, todos os que estavam presos no hipódromo, dizendo que o rei havia mudado de opinião. Ptolomeu, guarda do selo de Herodes, mandou depois reunir todos os soldados no anfiteatro, onde o povo se encontrava também, disse-lhes que o soberano era bem feliz, consolou-os e leu-lhes uma carta que ele tinha escrito aos soldados, pela qual os exortava a conservar pelo seu sucessor o mesmo afeto que lhe haviam demonstrado. Leu depois seu testamento, o qual dizia que ele declarava Arquelau seu sucessor no reino, Antipas, tetrarca, e que deixava a Filipe, a Traconítida; ordenava que levassem seu anel a Augusto e deixava inteiramente a ele que tudo determinasse com sua plena autoridade; quanto ao restante, queria que seu testamento precedente fosse executado. Quando a leitura terminou, todos se puseram a exclamar: "Viva o rei Arquelau!" Os soldados e o povo prometeram servi-lo fielmente e desejaram-lhe um reinado feliz.
137. Pensaram depois nos funerais do falecido e Arquelau tudo fez para torná-lo magnífico. O corpo, adornado com as insígnias reais, tinha uma coroa de ouro sobre a cabeça e um cetro na mão direita; era levado numa liteira adornada de pedras preciosas. Os filhos do morto e os parentes seguiam a liteira, e os soldados, armados como para um combate, marchavam junto dele, agrupados por nações.* As companhias de seus guardas trácios, alemães e gauleses iam na frente e o restante das tropas, comandadas por seus oficiais, seguiam-no em ordem. Quinhentos oficiais domésticos ou libertos levavam perfumes e fechavam aquele cortejo fúnebre, tão magnífico. Foram naquela ordem de Jerico até o castelo de Herodiom, onde ele foi sepultado conforme ele mesmo havia determinado.
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* Não falei da distância do caminho percorrido, porque o texto grego e todas as traduções dizem que era de 200 estádios, ao passo que no Livro Décimo Quinto, capítulo 6, ne 643, o texto grego e as traduções dizem apenas 8 estádios.
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