Livros Históricos - Teologia 36.
INTRODUÇÃO
O Pentateuco registra o
nascimento do povo de Deus. Essa narrativa continua na segunda parte do Cânon,
conhecida como "Livros Históricos". Esses livros são importantes em primeiro lugar por causa de
seu conteúdo histórico. Eles cobrem um período de tempo de pelo menos
oitocentos anos da conquista de Josué
até o Império Persa onde viveu Ester.
Os Livros Históricos começam descrevendo a conquista da terra
prometida (Josué). Então, essa parte da
Bíblia continua com o relato do período antes de Israel ter reis, quando os
juízes governavam o povo (Juízes, Rute).
Eles também cobrem o período da monarquia. O reino unido de Saul, Davi e
Salomão acabou sendo dividido em Israel, ao norte, e Judá, ao sul (1-2 Sm, 1-2
Rs). Crônicas, Esdras e Neemias contam
a história de uma perspectiva teológica posterior e continuam a narração até o período de restauração pós-exílio.
Ester ilustra o papel do povo de Deus sob o domínio persa.
Além de seu valor
histórico, esses livros também são importantes por aquilo que ensinam
teologicamente. Eles descrevem a história de Israel, mas são mais que uma simples história ou um mero
registro de fatos históricos. Eles são
a palavra de Deus nos dias de hoje para os cristãos. A igreja sempre afirmou
o valor desses livros "para o ensino, para a repreensão, para a correção,
para a educação na justiça" (2Tm 3.16). Lemos esses livros por motivos que
vão além do seu valor histórico. Eles traçam a história do relacionamento de
Deus com sua nação, revelando seu amor fiel e imutável por seu povo, mesmo
quando eles quebraram a aliança. Esses
são acontecimentos importantes dos
quais devemos tirar lições e não apenas
ouvir falar.
Conteúdo dos Livros
Históricos. O livro de Josué foi
escrito para mostrar o valor insuperável
da obediência. Ele cria um retrato do sucesso de Israel na conquista da
terra prometida, destacando a importância do comprometimento total com a
palavra de Deus e dependência de seu poder. Apesar de haver alguns exemplos de
desobediência, de um modo geral, o livro de Josué não contrasta a obediência
com a desobediência como fazem os livros de Reis.
Juízes, por outro lado,
relata o estado quase irremediável de Israel depois da conquista. A nação foi
vítima de transigência religiosa. Israel
parecia incapaz de manter períodos prolongados de obediência à vontade de Deus
e parecia condenada ao fracasso. Períodos temporários de obediência traziam paz
e sucesso, mas sempre de novo a nação
caía
O livro de Rute está
inserido depois do livro de Juízes, pois os acontecimentos nele relatados
ocorreram durante o mesmo período. Esse pequeno livro ilustra o cuidado
soberano de Deus por indivíduos fiéis
que viviam em um tempo de apostasia religiosa. Deus usou a fidelidade de
uma única família para realizar um milagre e dar a Israel seu maior rei,
Davi.
Os livros de Samuel traçam
a história do início da monarquia
Os livros de Reis contam em
detalhes a história da monarquia de Salomão
até a queda de Jerusalém. Eles contrastam a obediência e a desobediência
para ilustrar os resultados de ambas. A princípio, tudo corria bem para Salomão. Mas quando ele
deixou de ser fiel a Iavé, o resultado foi um reino dividido, Israel ao norte e
Judá ao sul. Segundo Bill Arnold (2001, p. 158), "Israel, ao norte, foi
apóstata desde o início e foi tomada pelos assírios em
Os demais Livros
Históricos são do período pós-exílio.
Os livros de Crônicas constituem o primeiro comentário das Escrituras. Esses
livros relatam as histórias de Davi, Salomão e do reino de Judá, histórias já
conhecidas dos livros de Samuel e Reis. Mas o cronista não estava simplesmente
relembrando notícias antigas. Ele ressaltou a obra de Deus em meio ao seu povo
por meio da linhagem de Davi. Ele desejava seguir uma linha reta de fé e
salvação, sem os desvios dos fracassos do passado. Seus leitores no exílio
sabiam muito bem a história do colapso moral e da derrota de sua nação. Sua
geração precisava ser lembrada das vitórias
da herança de Israel como meio de dar-Ihes esperança para o futuro.
Os livros de Esdras e
Neemias, que provavelmente foram escritos como uma só obra, apresentam os
acontecimentos da restauração, na metade do século 5º a.C. Sob o governo persa,
os judeus que viviam na Babilônia receberam permissão para voltar para sua
terra natal e reconstruí-Ia. A liderança capaz de Esdras e Neemias, juntamente
a certos profetas que eram ativos naquela época, ajudou o povo de Israel a
reconstruir o templo e os muros de Jerusalém. Além de descrever essas
estruturas físicas, esses livros também
relatam a reconstrução das
fundações sociais e religiosas do povo
de Deus.
O pequeno e fascinante
livro de Ester demonstra o cuidado soberano de Deus e a proteção dele sobre seu
povo, mesmo quando eles estavam vivendo no exílio persa. O livro é um conto histórico sobre a rainha Ester e
seu primo Mordecai. Ao contrário de qualquer outro livro bíblico, Ester mostra
que mesmo quando Deus está em silêncio, ele está trabalhando para cumprir suas
promessas para o seu povo.
O papel da História na
Bíblia. Vimos no Pentateuco que
Israel era uma nação singular entre
seus vizinhos no antigo Oriente Próximo
pela ênfase que dava à História. Deus criou o tempo e o espaço e,
conseqüentemente, é soberano sobre a História da humanidade.
Não é de se surpreender, portanto, que
uma grande partes dos escritos sagrados de Israel fossem narrativas
históricas.
A maior parte das
expressões religiosas do antigo Oriente Próximo era mitológica. Os povos
antigos geralmente expressavam suas convicções teológicas e visão de mundo por meio de mitos complexos, nos
quais os eventos ocorriam fora da história. A maioria dos livros de religiões
do mundo são coleções de literatura de
sabedoria e AFORISMOS religiosos. Mas Israel via sua própria História como
palco para a revelação divina. A palavra de Deus para o mundo é, em grande
parte, uma narrativa de seu relacionamento com uma nação e seu plano para
estabelecer um relacionamento com toda a humanidade.
Heródoto, o pai da
História? Pelo fato da História ser o
principal meio da revelação de Deus,
Israel foi a primeira nação a dar atenção
para o registro da História. Segundo Bill Arnold (2001, p. 59),
"HERÓDOTO, um historiador grego do século 5º a.C., recebeu o título de
'Pai da História' por seu registro histórico das guerras gregas e persas".
Mas cem anos antes de Heródoto, a Bíblia tinha uma História de Israel contendo
muitas das características que consideramos História nos dias de hoje: relações
de causa e efeito, narração contínua, desenvolvimento completo de caracterização
e assim por diante.
O Cânon judaico e o
Cânon cristão. A História é importante tanto para o Cânon judaico
quanto para o cristão. O Cânon cristão separa e agrupa todos os livros que
são predominantemente de natureza
histórica. Esses Livros Históricos narram a História de Israel de um ponto de
vista religioso. O Cânon judaico chama Josué, Juízes, Samuel e Reis de
"Profetas Anteriores". De que forma esta pode ser uma designação apropriada para esses livros? Qual é a relação
entre esses livros e profecias?
A resposta para essas
questões encontra-se em um entendimento correto tanto do significado de
profecia quanto de História. A princípio, profecia não diz respeito apenas ao
futuro, mas preocupa-se com a obediência dentro do tempo e do espaço, aqui
e agora. A profecia olha
para as alianças do passado e interpreta seu significado para o presente bem
como para o futuro. Ela faz uso da História para amarrar o passado ao presente.
Nossos Livros Históricos receberam uma
designação apropriada no Cânon judaico
como "Profetas Anteriores", pois eles narram a reação do povo à
aliança ao longo da História. Esses livros apresentam a História de Israel de
um ponto de vista profético. A tradição
judaica atribui a profetas a autoria de outros livros (Samuel como autor
de Juízes e Jeremias como autor de 1Reis).
Apesar da falta de
evidências para tais conclusões, não
deixa de haver certa lógica, tendo em vista a devoção ao papel profético encontrada nesses livros.
Eles são "Profetas
Anteriores", pois relatam a história antiga da profecia e escrevem sobre a
História nacional à luz dos interesses teológicos e proféticos. Josué, Juízes, Samuel e Reis são tão apropriados como "Profetas
Anteriores" no Cânon judaico como o são
com a designação de Livros Históricos
no Cânon cristão.
História e teologia. A Bíblia é
mais que um livro de História. Ela sem dúvida relata a História de uma
perspectiva religiosa.
Não há tentativas de se fazer o que hoje
poderíamos chamar de História moderna objetiva. Os escritores estão escrevendo
o que os estudiosos chamam de Heilsgeschichte, ou História da salvação.
Essa designação distingue a História
bíblica da História geral, que normalmente lida com uma seqüência de
acontecimentos humanos na esfera natural. Os acontecimentos da História da
salvação são revelações divinas
sobrenaturais no tempo e no espaço, registradas nas Escrituras para promover a
fé.
O registro dessa História
da salvação é importante para a fé
bíblica. Os acontecimentos em si não podem ser recriados e estudados em
primeira mão, apenas o registro desses acontecimentos. Assim, a fé deve estudar
os acontecimentos por meio do registro escrito. A fé bíblica, portanto,
pressupõe a historicidade dos acontecimentos que revelam a História da salvação.
A Bíblia aceita como sendo verdadeiros os acontecimentos históricos nos quais se baseiam as revelações. Ela
também afirma a veracidade da interpretação desses acontecimentos, que a Bíblia
apresenta na forma escrita. A forma escrita em si torna-se, então, uma
importante evidência histórica. (KLASSEN, 2001, p. 160).
Os autores bíblicos
freqüentemente apelam para acontecimentos com a finalidade de validar suas
afirmações teológicas e partem do pressuposto
que os acontecimentos descritos
são historicamente precisos.
A veracidade factual
daqueles acontecimentos históricos
torna possível aceitar como verdadeiras as afirmações teológicas da
Bíblia. A historicidade não
prova que a teologia é verdadeira. Mas a confiabilidade histórica é necessária para que as afirmações teológicas
sejam verdadeiras, pois elas são
baseadas em acontecimentos da História.
Podemos afirmar, por
exemplo, que cremos que o Senhor do Antigo Testamento é um Deus cheio de graça e amor e que manteve a aliança com seu povo.
Segundo Bill Arnold (2001, p. 159), "essa é uma afirmação teológica.
Mas a menos que Iavé tenha
de fato realizado
e mantido uma
aliança com o
povo de Israel,
a afirmação teológica
não tem fundamento, independente de sua
plausibilidade. Se a História não for verdadeira, é mera especulação humana".
A fé que a Bíblia define e
expressa é explicitamente uma fé
histórica. Ela está enraizada e baseada na historicidade de certos
acontecimentos passados. Historicidade é
um ingrediente necessário para a fé
bíblica, apesar de, por si só, não ser uma base correta para a fé. No Antigo
Testamento, a fé é definida em termos de
acontecimentos passados, assim como também
o é no Novo Testamento, onde a
fé é baseada na ressurreição (1Co 15.12-19).
Que o Santo
Espirito do Senhor, ilumine o nosso entendimento
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