Hamartiologia - Teologia 27.02
A importância Prática do Estudo da Natureza do Pecado
Introdução
O ensino bíblico a respeito do pecado apresenta
nitidamente dupla face: a depravação abissal da humanidade e a sobrepujante
glória de Deus. A sombra do pecado está sobre cada aspecto da existência
humana. Fora de nós, o pecado é um inimigo que seduz; por dentro, compele-nos
ao mal, como parte de nossa natureza caída. Nesta vida, o pecado é intimamente
conhecido, ainda que permaneça estranho e misterioso. Promete a liberdade, mas
escraviza, produzindo desejos que não podem ser satisfeitos. Quanto mais nos
debatemos para escapar ao seu domínio, tanto mais inextricavelmente nos enlaça.
Compreender o pecado nos ajuda no conhecimento de Deus, porém o pecado distorce
até mesmo nosso conhecimento do próprio-eu. Mas se a luz da iluminação divina
consegue penetrar essas trevas, e não somente as trevas mas também a própria
luz, então poderão ser melhor analisadas.
Percebe-se a importância prática do estudo do
pecado na sua gravidade. O pecado é contra Deus. Afeta a totalidade da criação,
inclusive a humanidade. Até mesmo o menor dos pecados pode provocar o juízo
eterno. E o remédio para o pecado é nada menos que a morte de Cristo na cruz.
Os resultados do pecado abrangem todo o terror do sofrimento e da morte.
Finalmente, as trevas do pecado demonstram – num contraste nítido e terrível -
a glória de Deus.
A importância prática do estudo da natureza do
pecado também pode ser percebida no seu relacionamento com outras doutrinas. O
pecado distorce todos os conhecimentos e lança dúvidas sobre eles. Ao
defendermos a fé cristã, defrontamos com um dilema ético: como pode existir o
mal no mundo governado por um Deus onipotente e inteiramente bom?
O estudo da natureza divina deve considerar o
controle providencial de Deus sobre um mundo amaldiçoado pelo pecado. O estudo
do Universo deve descrevê-lo como tendo sido criado bom, mas que agora geme,
ansiando pela redenção. O estudo da humanidade deve considerar a natureza
humana, que se tornou grotescamente desumana e desnaturada. A doutrina de Cristo
depara-se com a pergunta de como a natureza plenamente humana do Filho de Deus,
nascido de uma virgem, pode ser totalmente impecável. O estudo da salvação deve
declarar não somente para qual destino a humanidade é salva, mas também de qual
destino foi resgatada. A doutrina do Espírito Santo deve considerar a convicção
e a santificação, levando em conta a carne pecaminosa. A doutrina eclesiástica
deve adaptar seu ministério a essa humanidade distorcida pelo pecado, dentro e
fora da Igreja. O estudo dos tempos do fim precisa descrever, e também
defender, o juízo divino contra os pecadores ao mesmo tempo em que aponta o fim
do pecado. Finalmente, cabe à teologia praticar, evangelizar, aconselhar,
educar, governar a Igreja, influir na sociedade e encorajar a santidade a
despeito do pecado.
O estudo do pecado, entretanto, apresenta muitas
dificuldades. É revoltante, pois focaliza a fealdade grosseira do pecado
generalizado e flagrante e o logro sutil do secreto e pessoal. A sociedade
pós-cristã de hoje reduz o pecado a sentimentos ou atos, desconhecendo ou
rejeitando totalmente o mal. Mais insidiosamente, o estudo do pecado é
frustrado pelo próprio mal, uma vez que este é irracional por natureza.
O número de conceitos extrabíblicos é imenso. A
despeito de não serem bíblicos, estudá-los é importante porque nos
permite:
1) pensar mais clara e biblicamente a respeito do
Cristianismo;
2) defender melhor a fé e elaborar uma crítica
mais correta dos outros sistemas;
3) avaliar mais criticamente as novidades em
psicoterapias, programas políticos, abordagens educacionais, e assim por
diante;
4) ministrar de modo mais eficaz aos crentes e
não-crentes que mantêm essas e outras idéias antibíblicas.
Muitas teorias, tomando como ponto de partida o
existencialismo de Soren Kierkegaard, argumentam que os seres humanos enfrentam
um dilema quando suas limitadas capacidades são inadequadas para satisfazer as
possibilidades e escolhas virtualmente limitadas de suas percepções e
imaginações. Tal situação produz tensão, ansiedade. O pecado é a tentativa
fútil de se resolver à tensão, através de meios inapropriados, ao invés de
aceitá-la de modo pessimista ou, no modo cristão de pensar, voltar-se para
Deus.
Num desdobramento mais radical, argumenta-se que
a existência individual é um estado pecaminoso porque as pessoas estão
alienadas da base da realidade (freqüentemente definida como “deus”) e umas das
outras, mutuamente. Esse tema já aparece em forma primitiva com o filósofo
judaico Filo. Atualmente, expressam-no teólogos liberais, como Paul Tillich,
muitas das religiões orientais e o pensamento da Nova Era.
Alguns acreditam que o pecado e o mal não sejam
reais, porém meras ilusões que podem ser vencidas pela percepção correta. A
Ciência Cristã, o hinduísmo, o budismo, o pensamento positivo de alguns tipos
de cristianismo popular, boa parte da psicologia e aspectos do movimento da
Nova Era ressoam essa teoria.
O pecado também tem sido interpretado em termos
dos restos não envolvidos de características animais primevas, como a agressão.
Os defensores dessa idéia dizem que a história do Éden é realmente um mito a
respeito do desenvolvimento da consciência moral, e não uma queda.
A teologia da libertação entende que o pecado é a
opressão de um grupo da sociedade por outro. Os teólogos da libertação
freqüentemente combinam as teorias econômicas de Karl Marx (que falam da luta
entre as classes, em que o proletariado acabará vencendo a burguesia) com temas
bíblicos (tais como a vitória de Israel contra a escravidão) e também
identificam os oprimidos pelo emprego de termos econômicos, raciais, de
distinção entre os sexos e outros. O pecado é eliminado pela remoção das
condições sociais que provocam a opressão. Os extremistas propõem a derrubada
violenta dos opressores irredimíveis, ao passo que os moderados enfatizam a
mudança através da ação social e da educação.
Entre os mais antigos conceitos de pecado está o
dualismo, a crença de que há uma luta entre forças preexistentes iguais
(virtual ou realmente) - os deuses do bem e do mal. As duas forças cósmicas,
com sua luta, são a causa da pecaminosidade na esfera temporal. Muitas vezes, a
matéria má (especialmente a carne) ou contém ou realmente é pecado, que deve
ser conquistado. Essa idéia aparece nas religiões do Oriente Próximo antigo,
como o gnosticismo, o maniqueísmo e o zoroastrismo. Em muitas versões do
hinduísmo e do budismo bem como na sua descendente, a Nova Era, o mal é
reduzido a uma necessidade amoral.
A teologia moderna vê “deus” como finito ou até
mesmo em evolução moral. E o mundo sofrerá males enquanto o lado escuro da
natureza divina não for controlado, idéia típica da mistura que a teologia do
processo faz com a física e o misticismo oriental.
Grande parte do pensamento popular, o
cristianismo desinformado, o iSl amismo e muitos sistemas moralistas sustentam
que o pecado consiste somente em ações deliberadas. Pessoas moralmente livres
simplesmente fazem escolhas livres. Não existe a natureza pecaminosa, apenas
eventos reais do pecado. A salvação é simplesmente comportar-se melhor e
praticar o bem.
O ateísmo sustenta que o mal é meramente uma
probabilidade de um cosmos sem Deus. O pecado é rejeitado, a ética é apenas
questão de preferência, e a salvação, mera autopromoção humanística.
Embora muitas dessas teorias pareçam conter algum
discernimento, nenhuma delas aceita a Bíblia como revelação plenamente
inspirada. As Escrituras ensinam que o pecado é real e pessoal; que se originou
na queda de Satanás, um ser pessoal, maligno e ativo; e que, através da queda
de Adão, propagou-se entre a humanidade, que fora criada boa por um Deus
totalmente bom.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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