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30 de abril de 2017

Hermenêutica - Teologia 29.26 - Escola Crítica - Fé Reformada

Hermenêutica - Teologia 29.26
 
3. Escola Crítica

A escola mais característica e influente desta corrente de interpretação bíblica é a escola crítica, com o seu método histórico-crítico. Uma das razões para o surgimento do método histórico-crítico parece ter sido ‘‘a pretensão de tornar científicos os estudos bíblicos, ou seja, faze-los compatíveis com o modelo científico e acadêmico da época’’ (Nota 12) E o resultado desta nova postura para com as Escrituras (crítica, ao invés de gramatical) foi o liberalismo teológico que tem sido a postura de muitos teólogos desde o século passado.

Trata-se sem dúvida de uma hermenêutica racionalista. Ao invés da revelação governar a razão, a razão é que determina a revelação. A razão e o intelecto passaram a ser determinantes, sendo rejeitado como erro, fábula ou mito tudo o que não puder ser explicado ou harmonizado com a razão.

Os adeptos desta corrente rejeitam as doutrinas reformadas das Escrituras, tais como inspiração, autoridade, inerrância, e preservação; enfatizam a moralidade e descartam o sobrenatural. Sob forte influência do evolucionismo de Darwin e da dialética de Hegel, as Escrituras deixaram de ser vistas como a Palavra de Deus inspirada na qual ele se revela ao homem, passando a ser considerada ‘‘como um registro do desenvolvimento evolucionista da consciência religiosa de Israel (e mais tarde da Igreja)’’. (Nota 13).

O conceito liberal de inspiração das Escrituras só é objetivo no sentido de as Escrituras serem o objeto da inspiração. No mais, é subjetivo: elas são o sujeito: elas é que inspiram, com o ‘‘seu poder de inspirar experiências religiosas’’. (Nota 14)

Na prática, portanto, a principal característica da escola crítica de interpretação é o pressuposto de que as Escrituras devem ser estudadas do mesmo modo que as demais literaturas antigas, pelo emprego das mesmas metodologias. Esta postura, crítica, com sua ênfase apenas no caráter humano das Escrituras, resultou em uma série de metodologias críticas de caráter histórico ou lingüístico que vêm sendo empregadas na interpretação das Escrituras.

A crítica ou história da tradição é uma dessas metodologias, cuja pretensão é ‘‘descobrir a história percorrida por determinado trecho, no âmbito da tradição oral, ou seja, na fase anterior à sua fixação literária mais antiga’’. (Nota 15). Isto é: estudar como os eventos históricos e ensinos originais de Jesus teriam dado origem às diversas formas de tradições orais até o seu registro escrito. Seu propósito é ‘‘destradicionalizar’’ (semelhante à desmitologização de Bultmann) os Evangelhos, em busca do ‘‘fato’’ ou ensino ‘‘original’’. (Nota 16)

A crítica da forma é outra metodologia crítica. Sua pretensão é classificar os escritos do Novo Testamento em gêneros literários e identificar as tradições que teriam dado origem às fontes empregadas pelos autores do Novo Testamento. Segundo os teóricos da crítica da forma, (nota 17), os evangelhos provém de tradições orais não cronológicas existentes (chamadas de paradigmas, novelas, lendas, mitos e exortações). Posteriormente essas tradições orais teriam sido organizadas em relatos cronológicos escritos que foram empregados pelos evangelistas. Mas a teoria é extremamente especulativa, visto que não explica como esses gêneros teriam surgido e se desenvolvido. Além disso, não existe registro histórico dessas supostas coleções não cronológicas.(Nota 18).

Outra metodologia desenvolvida pela escola crítica de interpretação é a crítica das fontes. De acordo com esta teoria há muito pouco nos evangelhos (especialmente nos sinópticos) originário dos evangelistas. Eles teriam sido mais coletores e editores dos diversos relatos (tradições escritas) existentes sobre a vida de Jesus do que propriamente autores. A teoria se baseia nas palavras de Lucas no início do seu evangelho (cf. Lc 1.1, 3), e na observação de que os evangelhos de Mateus e Lucas normalmente concordam literalmente com o evangelho de Marcos (ambos ou cada um isoladamente), enquanto que raramente concordam entre si, quando discordam de Marcos. A conclusão mais comum a que se chegou é que Mateus e Lucas foram copiados de Marcos (quando concordam com ele) e de outra suposta fonte chamada "Q", quando concordam entre si, mas discordam de Marcos.

Não há, contudo, concordância entre os críticos da forma. As evidências internas
(baseadas em supostas inconsistências cronológicas, estilísticas, teológicas e históricas) a favor dessa teoria são bastante limitadas, subjetivas, ambíguas e contraditórias com as evidências externas (afirmativas dos pais da igreja que apontam de modo unânime em direção oposta). (Nota 19). Muitas outras possibilidades tornam qualquer conclusão extremamente incerta. Marcos poderia ter usado Mateus e Lucas; os três evangelistas podem ter usado as mesmas fontes; Jesus pode ter repetido ensinos e parábolas com palavras diferentes em ocasiões diferentes, etc. A verdade é que não se sabe com exatidão como os evangelistas escreveram seus evangelhos.

Parece evidente que pelo menos um, Lucas, lançou mão de algumas fontes, mas conforme ele mesmo afirma, ele e suas fontes basearam-se no que lhes transmitiram ‘‘testemunhas oculares’’ dos acontecimentos (Lc 1.2). Entretanto, não há meios de saber concretamente que fontes foram estas e até que ponto e como as usaram. Isso torna a crítica da forma necessariamente especulativa. De concreto, mesmo, têm-se os Evangelhos, como Palavra de Deus escrita por homens inspirados (movidos) pelo Espírito Santo, fundamentados no que testemunharam e no testemunho de outras testemunhas oculares, e, portanto, fidedignas.

Além dessas metodologias, há também a crítica da redação, que se propõe a estudar como os evangelistas teriam usado (editado) as suas supostas fontes na composição dos evangelhos; isto é, que mudanças peculiares (ou contribuições) teriam sido introduzidas pelos evangelistas às fontes que usaram, e com que propósito (especialmente teológico). (Nota 20) Mas, a que conclusões seguras se podem chegar com a crítica da redação, se nem mesmo há certeza alguma com relação ao uso das fontes?

Por fim, pode ser mencionado o criticismo histórico. Sua pretensão é avaliar a historicidade das narrativas bíblicas, ou, como escreve Marshall, ‘‘...testar a precisão do que se propõe ser uma narrativa histórica.’’ (Nota 21) Mas este propósito não é somente pretensioso (inconsistente do ponto de vista bíblico); é também tendencioso, na medida em que explora as aparentes contradições internas (especialmente entre as passagens paralelas dos evangelhos) e externas (com fontes seculares e históricas); e encara os relatos de ocorrências sobrenaturais por uma perspectiva altamente especulativa. Assim, o criticismo histórico não vê os textos paralelos como complementares, mas como contraditórios; atribui às fontes seculares autoridade superior à das Escrituras; rejeita as intervenções sobrenaturais; e considera muitas narrativas históricas como invenção da igreja, novelas ou mitos.

Os resultados de todas estas metodologias críticas são inseguros, questionáveis e dúbios, e sua aplicação prática extremamente limitada (se possível). São hipóteses construídas sobre especulações infrutíferas que não contribuem em praticamente nada para a compreensão do texto do Novo Testamento, a não ser para lançar dúvidas sobre a sua inspiração, autoridade e inerrância. (Nota 22).

Não obstante, parece que a corrente humanista de interpretação das Escrituras tem começado a prevalecer em um número considerável de seminários teológicos no nosso país. A ênfase hermenêutica destes seminários está no método, na técnica, nos aspectos literários ou históricos das Escrituras, em detrimento do seu caráter divino, espiritual e sobrenatural. A metodologia predominante tem sido o método histórico-crítico. E, em virtude da impossibilidade de conciliar este método com as doutrinas bíblicas da inspiração, autoridade, suficiência, inerrância e preservação das Escrituras, muitos destes seminários têm se afastado cada vez mais da verdadeira fides reformata

(fé reformada).

Como os resultados das metodologias críticas empregadas pelo método histórico-crítico são quase sempre infrutíferos, e sua aplicação prática extremamente limitada, não é incomum que o produto final de muitos dos nossos seminários seja formandos despreparados para o ofício de ministros da Palavra. Nesta condição, não é de estranhar que, como observou Lopes, ‘‘...os púlpitos de bom número das igrejas evangélicas destilam uma espécie de sermão onde pouca ou nenhuma atenção se dá ao sentido original do texto bíblico’’. (Nota 23). Destilam também, acrescento, teologias imprecisas e inconsistentes, que pouco edificam os membros de suas congregações.




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