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29 de outubro de 2017

História De Israel – Teologia 31.48 (Livro 5 Cap 1) JOSUÉ, POR UM MILAGRE, PASSA O JORDÃO COM O EXÉRCITO E, POR OUTRO MILAGRE, TOMA JERICO, ONDE SOMENTE RAABE SE SALVA COM OS SEUS. OS ISRAELITAS SÃO DERROTADOS PELOS DE AI, POR CAUSA DO PECADO DEACÃ, E TORNAM-SE SENHORES DESSA CIDADE DEPOIS QUE ELE FOI CASTIGADO. ARTIFÍCIOS DOS GIBEONITAS PARA FAZER ALIANÇA COM OS HEBREUS, QUE OS AJUDAM CONTRA O REI DE JERUSALÉM E QUATRO OUTROS REIS. JOSUÉ DERROTA EM SEGUIDA VÁRIOS OUTROS REIS, COLOCA O TABERNÁCULO EM SILO, DIVIDE O PAÍS DE CANAÃ ENTRE AS TRIBOS E DESPEDE AS DE RÚBEN E GADE E METADE DA DE MANASSES. ESTAS, DEPOIS DE PASSAR O JORDÃO, ERGUEM UM ALTAR, O QUE SE PENSOU CAUSAR UMA GRANDE GUERRA. MORTE DE JOSUÉ E DE ELEAZAR, SUMO SACERDOTE.

História De Israel – Teologia 31.48


Livro Quinto

CAPÍTULO 1

JOSUÉ, POR UM MILAGRE, PASSA O JORDÃO COM O EXÉRCITO E, POR OUTRO
MILAGRE, TOMA JERICO, ONDE SOMENTE RAABE SE SALVA COM OS SEUS. OS
ISRAELITAS SÃO DERROTADOS PELOS DE AI, POR CAUSA DO PECADO DEACÃ,
E TORNAM-SE SENHORES DESSA CIDADE DEPOIS QUE ELE FOI CASTIGADO.
ARTIFÍCIOS DOS GIBEONITAS PARA FAZER ALIANÇA COM OS HEBREUS, QUE OS
AJUDAM CONTRA O REI DE JERUSALÉM E QUATRO OUTROS REIS. JOSUÉ
DERROTA EM SEGUIDA VÁRIOS OUTROS REIS, COLOCA O TABERNÁCULO EM
SILO, DIVIDE O PAÍS DE CANAÃ ENTRE AS TRIBOS E DESPEDE AS DE RÚBEN
E GADE E METADE DA DE MANASSES. ESTAS, DEPOIS DE PASSAR O JORDÃO,
ERGUEM UM ALTAR, O QUE SE PENSOU CAUSAR UMA GRANDE GUERRA.
MORTE DE JOSUÉ E DE ELEAZAR, SUMO SACERDOTE.

180. Josué 1. Vimos, no livro precedente, de que modo Moisés foi levado do convívio dos homens. Depois de prestados a ele os últimos serviços e passado o tempo do luto, Josué ordenou a todas as tropas que estivessem prontas, mandou exploradores a jerico, para observar as disposições dos habitantes, e marchou com o exército, tendo em mira atravessar o Jordão. Como o país dos amorreus, que corresponde à sétima parte de Canaã, havia sido entregue às tribos de Rúben e Gade e à metade da de Manasses, ele fez ver aos chefes delas o cuidado que Moisés tivera por eles até a morte e exortou-os a cumprir com alegria o que lhe haviam prometido, porque se haviam obrigado tanto para reconhecer o afeto que ele lhes demonstrara quanto para utilidade comum. Encontrou-os tão bem dispostos que eles forneceram cinqüenta mil homens. Partiu então de Abila e avançou sessenta estádios na direção do Jordão.
Os homens que ele mandara para explorar a terra informaram-lhe que os cananeus de nada desconfiavam, havendo-os tomado por estrangeiros levados ao seu país apenas pela curiosidade; que haviam observado a cidade com toda calma, sem que ninguém os impedisse; que em alguns lugares as muralhas eram mais fortes ou mais fracas, e as portas, mais fáceis de serem surpreendidas; que pela tarde eles se haviam recolhido a uma hospedaria, perto da defesa, onde haviam estado por primeiro; que depois de cear eles se prepararam para regressar, mas alguém avisara o rei de que alguns homens mandados pelos hebreus haviam feito reconhecimentos na cidade e estavam na casa de Raabe com o propósito de fugir dali secretamente.
O soberano enviou imediatamente alguns homens para prendê-los e entregá-los à justiça, a fim de os obrigarem a confessar, mas Raabe os escondeu nos montes de linho que fazia secar ao longo do muro e disse às pessoas mandadas pelo rei que verdadeiramente alguns estrangeiros, que ela não conhecia, cearam em sua casa, mas haviam partido pouco antes do pôr-do-sol, e que se temiam que a visita deles tinha algum fim prejudicial à cidade e ao rei, seria fácil apanhá-los e trazê-los de volta. Aquelas pessoas, enganadas por essa mulher, em vez de procurá-los em casa tomaram caminhos que, segundo imaginavam, os estrangeiros teriam seguido, particularmente os que levavam ao rio. Porém, depois de caminharem muito tempo, voltaram sem saber notícias deles.
Depois que tudo sossegou, Raabe falou-lhes do perigo ao qual ela, com toda a sua família, se expusera para salvá-los e contou-lhes que Deus lhe revelara que eles se tornariam senhores de todo o país de Canaã. Então obrigou-os a prometer com juramento que depois de tomar Jerico e passar todos os seus habitantes a fio de espada, segundo a resolução já tomada, eles lhe salvariam a vida e a de todos os seus, da mesma forma como ela havia salvado a deles.
Depois de ter-lhe agradecido muito, eles disseram que quando ela visse a cidade prestes a ser tomada teria apenas de retirar os parentes e todos os seus bens de casa e estender diante da porta um pano vermelho, garantindo-lhe que, como recompensa pelo favor que lhe deviam, o general deles faria publicar proibições expressas quanto a entrar em sua casa ou causar-lhe algum desprazer. Mas se algum de seus parentes fosse morto em combate, ela não deveria acusá-los de ter violado o jura-mento. Eles contaram a Josué que a mulher em seguida os fez descer as muralhas da cidade por meio de uma corda. Josué narrou esse fato a Eleazar, sumo sacerdote, e ao Senado, e eles aprovaram e confirmaram a promessa feita a Raabe.
181. Josué 3. Como Jerico situava-se além do Jordão, era preciso, para atacá-la, que o exército atravessasse o rio, então muito aumentado por causa das enchentes e da chuva. Josué encontrou-se em grande aflição, porque não tinha barcos para fazer uma ponte, e, mesmo se isso viesse a ser possível, os inimigos tê-los-iam impedido de construí-la. E, diante de tão grande contratempo, Deus prometeu-lhe tornar o rio vadeável. Josué esperou dois dias e depois atravessou-o, deste modo: os sacerdotes por primeiro, com a arca, seguidos pelos levitas, que levavam o Tabernáculo e todos os vasos sagrados. Os que pertenciam ao exército marchavam junto com as respectivas tribos, colocadas as mulheres e as crianças no meio, a fim de não serem levadas pela correnteza.
Quando os sacerdotes entraram no rio, perceberam que a água não era mais tão movimentada, tendo baixado de nível, e que o fundo estava firme. Assim, podiam atravessá-lo a pé. Depois desse primeiro efeito da promessa de Deus, todos os outros passa sem receio. Os sacerdotes ficaram no meio do rio até que todos passassem, e mal eles mesmos chegaram ao outro lado imediatamente o rio tornou-se cheio e impetuoso como antes. O exército avançou ainda uns cinqüenta estádios e acampou a dez estádios de Jerico.
182. Josué 4 e 5. Josué mandou erguer — com doze pedras que os príncipes das doze tribos, por sua ordem, apanharam no Jordão — um altar para servir como monumento ao auxílio de Deus, que, em benefício do povo, retivera a violência e a impetuosidade do rio. Sobre esse altar ele ofereceu um sacrifício e nesse lugar celebrou a festa da Páscoa. O exército encontrava-se em tão grande abundância quanto antes estivera em premente necessidade, pois além de toda espécie de presas com que se haviam enriquecido fora feita a colheita dos grãos já maduros, de que os campos estavam cobertos. E o maná, que os havia nutrido durante quarenta anos, deixou então de cair.
183.  Josué, vendo-se senhor do campo, pois o medo dos cananeus os havia encerrado todos na cidade, resolveu então atacá-los. Assim, no primeiro dia da festa, os sacerdotes, acompanhados pelo Senado, marcharam para Jerico no meio dos batalhões, levando a arca sobre os ombros, ao som de sete trompas, para animar os soldados. Depois de nessa ordem rodearem a cidade, regressaram ao acampamento e continuaram durante seis dias a fazer a mesma coisa.
No sétimo dia, Josué reuniu todo o exército e todo o povo e disse-lhes que antes que o Sol se ocultasse no ocaso Deus lhes entregaria jerico sem que eles tivessem necessidade de fazer esforço algum para dela se tornar senhores, porque as muralhas cairiam por si mesmas, para lhes dar entrada. Ordenou-lhes então que matassem não somente todos os seus habitantes, mas tudo o que tivesse vida, sem que a compaixão, o desejo do saque ou o cansaço os impedisse e sem nada reservarem para proveito particular. Deveriam levar a um mesmo lugar todo ouro e toda prata que encontrassem, para oferecer a Deus como primícias, e os despojos daquela que era a primeira cidade que Ele fazia cair nas mãos deles deveriam ser oferecidos em ação de graças, pela assistência que lhes prestava. Dessa lei geral, deviam excetuar apenas Raabe e seus parentes, por causa do juramento que a ela fizeram os que ele havia mandado para reconhecimento.
Depois de ter dado essas ordens, mandou o exército avançar para a cidade. Rodearam-na por sete vezes, os sacerdotes à frente, com a arca e ao som das trompas, como nos dias precedentes, para animar os soldados. E ao sétimo dia as muralhas caíram sozinhas. Fato tão prodigioso espantou de tal modo os seus habitantes que eles perderam totalmente a coragem, permitindo que os hebreus entrassem por todos os lados sem encontrar resistência alguma. Fez-se assim horrível matança, não sendo poupadas nem as mulheres nem as crianças. Puseram fogo à cidade e reduziram a cinzas todas as casas nos campos.
Somente Raabe e seus parentes, a salvo em casa dela, foram isentos dessa desolação geral, e ela foi levada a Josué. Ele agradeceu-lhe por ter salvo aqueles que havia enviado, prometendo recompensá-la como merecia. Em seguida, deu-lhe terras e tratou-a sempre com muita cordialidade. Destruiu-se com o ferro em Jerico tudo quanto o fogo havia poupado. Pronunciaram-se maldições contra os que tentassem reconstruir a cidade e rogou-se a Deus que o primeiro que lhes lançasse os alicerces perdesse o filho primogênito ao começar a obra e o mais moço ao terminá-la. Essa maldição teve o seu efeito, como diremos a seu tempo. Encontrou-se nessa poderosa cidade grande quantidade de ouro, de prata e de cobre sem que ninguém, sem excetuar um só, ousasse se apoderar de algo, por causa da proibição que se fizera. Josué mandou entregar todas as riquezas nas mãos dos sacerdotes, para conservá-las no tesouro.
184. Josué 7. Acã, filho de Carmi, da tribo de Judá, que se apoderara da cota de armas do rei, toda tecida em ouro, e de uma barra de ouro, do peso de duzentos sidos, julgou que, tendo-se exposto ao perigo, era injusto não poder tirar disso nenhuma vantagem, bem como era desnecessário oferecer a Deus uma coisa de que Ele não tinha necessidade e da qual ele, Acã, se poderia aproveitar. Por isso enterrou-os na sua tenda, pensando enganar a Deus tal como havia iludido os homens.
O exército estava então acampado num lugar a que os hebreus chamam Gilgal, isto é, "liberdade", porque, estando livres do cativeiro dos egípcios e das males que suportaram no deserto, julgavam nada mais ter de recear. E, poucos dias depois da queda de Jerico, Josué mandou três mil homens contra a cidade de Ai. Combateram os inimigos, mas foram derrotados, e trinta e seis dentre eles morreram na luta. A notícia dessa desgraça causou mais aflição ao exército que a perda, a qual não foi grande, embora todos os mortos fossem pessoas de grande mérito. Por serem já senhores do país de modo absoluto e segundo a promessa de Deus, seriam sempre vitoriosos, mas viram que essa vitória erguia o ânimo dos inimigos. Assim, cobriram-se com saco e entregaram-se de tal modo à dor que passaram três dias em lamentações, sem desejar comer.
Josué, vendo-os tão desconsolados e abatidos, recorreu a Deus. Prostrando-se em terra, disse-lhe confiante: "Não foi por temeridade, Senhor, que empreendemos a conquista deste país. Moisés, vosso servidor, nos induziu a isso, após a promessa — que lhe fizestes e confirmastes por meio de milagres — de que nos tornaríamos donos do país e triunfaríamos sempre sobre os nossos inimigos. Nós lhe vimos o efeito em vários fatos, mas esta perda tão inesperada parece dar-nos motivo para duvidar e nada mais esperar para o futuro. No entanto, meu Deus, como sois Todo-poderoso, é fácil para vós socorrer-nos, mudar a nossa tristeza em alegria e o nosso desânimo em confiança e dar-nos a vitória".
Tendo Josué rogado desse modo, Deus ordenou-lhe que se levantasse e fosse purificar o exército, pois estava manchado de sacrilégio pelo roubo de uma coisa que devia ser consagrada a Ele, e aquela era a causa da desgraça que lhes sucedera. Depois do castigo a tão grande crime, porém, seriam vitoriosos. Josué referiu esse oráculo ao povo e lançou a sorte em presença do sumo sacerdote Eleazar e dos magistrados.
A sorte caiu sobre a tribo de Judá. Ele sorteou as famílias dessa tribo, e a escolha caiu sobre a de Zacarias. Por fim lançou a sorte sobre todos os homens dessa família, e ela caiu sobre Acã, o qual, vendo que era impossível ocultar o que Deus descobrira, confessou o seu furto e trouxe-o à presença do povo. Mataram-no imediatamente e, como sinal de infâmia, enterraram-no de noite, como se fora executado publicamente.
Josué 8. Josué, depois de haver purificado o exército, levou-o contra os habitantes de Ai. À noite, colocou homens de emboscada próximo da cidade e tentou ao raiar do dia uma escaramuça. Como a vitória que os inimigos haviam obtido os tornara ousados, atracaram-se corajosamente com os hebreus. Estes, a fim de afastá-los da cidade, simularam fugir, mas de repente voltaram-se de frente para eles, deram sinal aos que estavam escondidos e marcharam todos juntamente para a cidade. Apoderaram-se dela sem trabalho algum, porque os habitantes estavam tão certos da vitória que uma parte se achava sobre as muralhas e outra parte ficara do lado de fora para presenciar o combate.
Os hebreus mataram todos os que lhes caíram nas mãos, sem perdoar um sequer. Por outro lado, Josué desbaratou as tropas que haviam corrido ao seu encontro, as quais pensavam salvar-se na cidade, mas, vendo que ela fora tomada e ardia em chamas e assim não podendo esperar socorro algum, fugiram para o campo, desordenadamente. Fez-se nessa cidade um número muito grande de prisioneiros entre mulheres, crianças e escravos e arrebatou-se uma presa de grande valor: muito gado e dinheiro em moedas. Josué distribuiu tudo ao exército, que ainda estava acampado em Gilgal.
185. Josué 9. Quando os gibeonitas, que não estão muito longe de Jerusalém, souberam do que acontecera em jerico e em Ai, não duvidaram de que Josué viria imediatamente contra eles e nem pensaram em tentar aplacá-lo com orações, pois sabiam que ele declarara guerra mortal aos cananeus. Julgaram mais conveniente estabelecer uma aliança com os hebreus e disso convenceram os ceferitanos e os catierinitanos, seus vizinhos, pois era o único meio de escapar do perigo que os ameaçava. Escolheram em seguida os mais hábeis dentre eles e os enviaram a Josué. Os embaixadores julgaram que, para obter êxito no seu intento, não deveriam dizer que eram cananeus, mas, ao contrário, fazer pensar que o seu país ficava muito longe e que nenhuma ligação tinham com eles.
Foi a reputação da virtude dos hebreus que os levou a procurar a amizade destes. Para justificar o embuste, tomaram vestuários velhos, a fim de fazer crer que vinham de longa caminhada, e, depois de assim se apresentarem à assembléia dos principais da cidade, disseram-lhes que os habitantes de sua cidade e das cidades vizinhas, vendo que Deus tinha tanto afeto pela nação hebréia a ponto de desejar torná-los senhores do país inteiro de Canaã, os enviaram para fazer aliança com eles e pedir que os tratassem como compatriotas, sem no entanto mudar coisa alguma de seus antigos costumes ou de sua maneira de viver. E, para mostrar-lhes como fora longa a caminhada que haviam feito, exibiram-lhes as vestes.
Josué, acreditando nas palavras deles, concedeu-lhes o que pediam. Eleazar, sumo sacerdote, e o Senado prometeram-lhes com juramento tratá-los como amigos e aliados, e o povo ratificou a aliança. Josué levou em seguida o exército às montanhas do país de Canaã, onde veio a saber que os gibeonitas eram cananeus e vizinhos de Jerusalém. Mandou então chamar os principais dentre eles e queixou-se da mentira que haviam contado. Eles responderam que se sentiram obrigados a isso, porque não viam outro meio de se salvar. Para tratar do assunto, Josué reuniu o sumo sacerdote e o Senado. Foi resolvido manter-se a palavra, pois fora dada com juramento, mas os gibeonitas seriam obrigados a servir em obras públicas. E assim, esse povo evitou o perigo que o ameaçava.
186. Josué 10. Esse ato dos gibeonitas irritou de tal modo o rei de Jerusalém que ele reuniu quatro reis vizinhos para juntos fazer-lhes guerra. Os gibeonitas, vendo-os acampados perto de uma fonte pouco distante de sua cidade, prontos para atacá-los, recorreram a Josué. Assim, por uma estranha circunstância, quando tudo tinham a temer dos habitantes de seu próprio país, a sua única esperança de salvação estava no auxílio daqueles que tinham vindo para destruí-los.
Josué avançou imediatamente com todo o seu exército. Marchou dia e noite e atacou os inimigos ao despontar do dia, quando estavam prestes a dar o assalto. Colocou-os em fuga, perseguindo-os pelas colinas até o vale de Bete-Horom. Jamais se viu tão claramente como nesse combate o quanto Deus auxiliava o seu povo. Pois, além dos trovões, dos raios e de uma saraiva extraordinária, por um estranho prodígio e contra a ordem da natureza o dia prolongou-se, para impedir que as trevas da noite roubassem aos hebreus parte da vitória.
Os cinco reis, pensando encontrar segurança numa caverna perto de Maquedá, para onde se retirariam, foram aprisionados por Josué, que os matou a todos. Sabemos, pelo que está escrito nos Livros Sagrados conservados no Templo, que aquele foi um dia mais comprido que os outros. Depois de tamanho êxito, Josué levou o exército para os montes de Canaã e, depois de aí ter realizado grande mortandade entre os seus habitantes e obtido grande presa, reconduziu-o a Gilgal.
187. Josué 11. A fama das vitórias dos hebreus e de que eles não poupavam um só dos inimigos, matando todos os que lhes caíam nas mãos, instigou contra eles os reis do Líbano, que também eram da descendência dos cananeus. E os dessa nação, que habitam os campos, chamaram também em seu auxílio os filisteus. Assim, vieram todos juntos, com trezentos mil soldados de infantaria, dez mil cavaleiros e vinte mil carros acampar perto de Berote, cidade da Galiléia, pouco distante de uma outra do mesmo país, de nome Alta Cades.
Tão temível exército deixou assustados os israelitas, de tal modo que o próprio Josué parecia também ter perdido a coragem. Deus censurou-os por seu temor e ainda mais por não confiarem no seu auxílio, pois Ele lhes prometera a vitória. Ordenou-lhes que cortassem o jarrete de todos os cavalos que capturassem e queimassem todos os carros. Assim, tranqüilizaram-se. Marcharam corajosamente contra os inimigos, alcançaram-nos ao quinto dia e deram-lhes combate.
A luta foi renhida, e a mortandade entre os inimigos, quase inacreditável. Vários foram mortos quando fugiam, muito poucos escaparam e nenhum dos reis se salvou. Depois de assim tratarem os homens, não pouparam também os cavalos e queimaram todos os carros. Os vencedores devastaram em seguida todo o país, sem que ninguém aparecesse para lhes opor resistência, forçaram as cidades e passaram a fio de espada todos os que lhes caíram nas mãos.
188. Ao fim de cinco anos, o tempo que durou essa guerra, só restava dos cananeus um pequeno número, que se retirara para lugares bem fortificados. Josué, ao partir de Gilgal, levou o exército para os montes e colocou o santo Tabernáculo na cidade de Silo, cuja localização parecia muito bela para moradia, até que se oferecesse ocasião favorável para a construção do Templo. Foi depois com todo o povo a Siquém, onde, segundo a ordem deixada por Moisés, dividiu o exército em dois, colocando metade sobre o monte Gerizim e metade sobre o Ebal, e ergueu ali um altar. Os sacerdotes e os levitas ofereceram sacrifícios a Deus, proferiram as maldições de que falei anteriormente, gravaram-nas sobre o altar e voltaram a Silo.
189.  Josué, já bastante carregado de anos, vendo que as cidades que restavam aos cananeus eram quase inexpugnáveis, tanto por causa de sua posição quanto porque esses povos sabiam que os hebreus haviam saído do Egito com o propósito de se tornar senhores do país de Canaã e por isso empregaram todo o tempo em tornar esses lugares imunes às conquistas, reuniu todo o povo em Silo e falou-lhes dos felizes empreendimentos com que Deus os havia favorecido até ali, porque tinham observado as leis que Ele lhes outorgara.
Haviam derrotado trinta e um reis, que se atreveram a lhes resistir, e desfeito em pedaços os seus exércitos, dos quais apenas alguns conseguiram escapar às armas vitoriosas. Tomaram também a maior parte de suas cidades, e as que restavam eram tão fortes e contavam com tão grande obstinação de seus defensores que seriam necessários grandes cercos para vencê-las. Agora ele julgava necessário dispensar as tribos que moravam além do Jordão, depois de agradecer-lhes por terem passado o rio para correr com eles os perigos daquela guerra, e escolher dentre as que restavam homens de probidade comprovada que fossem constatar com exatidão a gran-Ho7a r> a fertilidade de todo o oaís de Canaã, retoínando com uma descrição fiel.
A proposta foi aprovada de modo geral, e Josué mandou dez homens acompanhados de peritos geômetras para medir toda a terra e avaliá-la segundo julgassem ser mais ou menos fértil. A terra do país de Canaã, embora apresente extensos campos com abundância de frutos, não pode ser tida como excelente se comparada com outras do mesmo país, nem como muito fértil se confrontada com as de Jerico e Jerusalém, situadas na maior parte entre montes e cuja extensão não é muito grande, mas cujos frutos sobrepujam os de todos os outros países, quer pela abundância, quer pela beleza.
Foi por esse motivo que Josué estabeleceu a apreciação segundo a fertilidade, e não segundo a extensão das propriedades, porque muitas vezes acontece de uma única medida de terra valer mais que várias dela mesma. Esses dez enviados, depois de empregar sete meses nesse trabalho, voltaram a Silo, onde, como já disse, estava então o Tabernáculo. Josué reuniu Eleazar, o sumo sacerdote, o Senado e os príncipes das tribos e fez com eles a divisão de todo o país entre as nove tribos e metade da de Manasses, na proporção do número de homens de cada tribo.
A tribo de Judá recebeu a Alta Judéia, que vai até Jerusalém e em largura até o lago de Sodoma, estando nela as cidades de Asquelom e Gaza.
A tribo de Simeão teve aquela parte da Iduméia que se limita com o Egito e a Arábia.
A tribo de Benjamim teve o país que se estende desde o rio Jordão até o mar e em largura de Jerusalém a Betei. Esse espaço é muito pequeno, por causa da fertilidade da terra, pois nele estão compreendidas as cidades de Jerusalém e Jerico.
A tribo de Efraim teve o país que se estende desde o Jordão até Gadara e em largura de Betei até Campo Longo.
A metade da tribo de Manasses teve o território cujo comprimento vai desde o Jordão até a cidade de Dor e em largura até a cidade de Bete-Seã, que hoje se chama Scitópolis.
A tribo de Issacar teve o território compreendido entre o Jordão até o monte Carmelo, cuja largura vai até o monte Itabarim.
A tribo de Zebulom teve o país que se limita com o monte Carmelo e o mar e se estende até o lago de Genesaré.
A tribo de Aser teve aquela planície rodeada de montes que está por trás do monte Carmelo, em frente a Sidom, na qual está a cidade de Arcé, outrora chamada Atipo.
A tribo de Naftali teve a Alta Galiléia e a região que se estende desde o lado do oriente até a cidade de Damasco, o monte Líbano e a nascente do Jordão, que tem a sua origem nesse monte, do lado que limita com a cidade de Arcé, para o norte.
A tribo de Dã teve os vales que tendem para o ocidente, cujos limites são Azor e Doris e onde se encontram as cidades de Jamnia e de Cita e todo o território que começa em Acarom* e termina no monte, onde começava a parte da tribo de Judá.
Assim distribuiu Josué às nove tribos e à metade da de Manasses as seis províncias a que seis dos filhos de Canaã haviam dado os próprios nomes. Quanto à sétima, que é a dos amorreus, a qual trazia também o nome de um dos filhos de Canaã, foi dada por Moisés às tribos de Rúben e de Cadê e à metade da tribo de Manasses, como já vimos. Mas as terras dos sidônios, aruseenses, amateenses e ariteenses não foram incluídas nessa partilha.

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* Ou Ecrom.

190. Como Josué, por causa da idade, não podia mais tomar parte nas várias empresas e percebia que aqueles a quem ele disso incumbia agiam com negligência, ele exortou as tribos a trabalharem corajosamente, cada uma na extensão do território que lhe coubera em partilha, a fim de se exterminar o resto dos cananeus. Disse-lhes que assim cuidariam não somente de sua própria segurança, mas da consolidação de sua religião e de suas leis, fazendo-os lembrar ainda o que Moisés lhes dissera e o que já conheciam pela própria experiência.
Acrescentou que entregassem nas mãos dos levitas as trinta e oito cidades que faltavam para completar o número de quarenta e oito: as dez outras já lhes haviam sido entregues além do Jordão, no país dos amorreus. Destinou três dessas trinta e oito para serem lugares de refúgio, porque não havia recomendação mais insistente que a de executar com rigor tudo o que Moisés determinara. As três cidades foram: Hebrom, na tribo de Judá, Siquém, na tribo de Efraim, e Cades, que está na Alta Galiléia, na tribo de Naftali. Dividiu depois o que restava da presa, a qual era tanta, quer em ouro, quer em vestes, quer em toda sorte de objetos, que a República e seus habitantes ficaram ricos. Quanto aos cavalos e outros animais, o seu número era incontável.
191. Josué 23. Josué reuniu depois todo o exército e assim falou às tribos levadas para o outro lado do jordão, cinquenta mil combatentes e os que se haviam juntado aos das outras tribos para a conquista que acabavam de fazer: "Aprouve a Deus, que é não somente o Senhor, mas também o Pai de nossa nação, dar-nos este rico país, com promessa de o possuirmos para sempre e segundo a sua ordem. E, como vos unistes tão generosamente a nós nesta guerra, é bem razoável, agora que nada mais resta de difícil a se fazer, que volteis a desfrutar em vossas casas um justo descanso. Assim como não podemos duvidar de que se tivéssemos ainda necessidade de vosso auxílio teríeis prazer em no-lo dar, não queremos abusar de vossa boa vontade, mas, ao contrário, muito vos agradecemos pela vossa participação nos mesmos perigos que corremos até aqui. Pedimo-vos somente que conserveis por nós sempre o mesmo afeto e que vos lembreis de que, depois da proteção de Deus, devemos ao vosso auxílio a felicidade de que desfrutamos e que deveis igualmente ao nosso a que possuis. Recebestes como nós a recompensa pelos trabalhos que juntos sustentamos nesta guerra, porque ela também vos enriqueceu e, além da quantidade de ouro, prata e presas que levais, deu-vos uma coisa que vos deverá ser ainda mais preciosa: a generosidade que todos conhecemos em vós e que estaremos igualmente sempre prontos a vos manifestar. Pois, como é verdade que depois da morte de Moisés não executastes com menor solicitude e afeto as ordens que recebestes, cumprindo-as como se ele ainda estivesse vivo, nada se pode acrescentar à gratidão que sentimos. Deixamo-vos, pois, voltar às vossas casas e vos rogamos que nunca ponhais limites à amizade, que deve ser inviolável entre nós, e que este rio que nos separa não nos impeça de nos considerarmos sempre como hebreus, pois pelo fato de morarmos em margens diferentes não somos menos que os outros da raça de Abraão. E, tendo o mesmo Deus dado vida aos vossos antepassados e aos nossos, somos igualmente obrigados a observar, tanto na religião quanto no nosso proceder, as leis que dEle recebemos por meio de Moisés. É a essas leis santas e divinas que nos devemos inviolavelmente apegar e crer que enquanto delas não nos afastarmos Deus sempre nos protegerá e combaterá à frente de nossos exércitos, ao passo que se abraçarmos os costumes das outras nações Ele não somente se afastará de nós, mas nos abandonará completamente".
Depois que Josué assim falou, disse adeus em particular aos chefes das tribos que voltavam e em geral a todo o exército. Todos os hebreus que ficaram com ele os acompanharam, e as lágrimas mostravam o quanto essa separação lhes era dolorosa.
192. Josué 22. Depois que passaram o Jordão, as tribos de Rúben e de Gade e metade da tribo de Manasses ergueram um altar às margens do rio, para dar à posteridade um sinal de sua estreita aliança com os compatriotas que moravam do outro lado. As outras tribos souberam-no e, não conhecendo a causa,  imaginaram que o altar fora erguido para prestar adoração sacrílega a divindades estrangeiras. E o seu zelo, sob a falsa suspeita de que eles haviam abandonado a fé de seus antepassados, levou-as a tomar as armas para castigá-los por tão grande crime.
Julgaram que a honra de Deus lhes deveria ser muito mais importante que o parentesco de sangue ou a posição de quem cometera semelhante impiedade e, nesse ímpeto de cólera, desejaram marchar naquele mesmo instante contra eles. Porém Josué, o sumo sacerdote Eleazar e o Senado detiveram o povo, alegando que era preciso, antes de se recorrer às armas, saber qual a intenção daquelas tribos, e, se por acaso fosse a que imaginavam, poderiam então agir pela força contra eles. Em seguida, mandaram Finéias, filho de Eleazar, acompanhado de dez outros respeitáveis enviados para saber com que intenção haviam construído aquele altar à beira do rio.
Quando lá chegaram, Finéias assim falou-lhes, em assembléia: "A falta que cometestes é demasiado grande para ser castigada somente com palavras. No entanto a consideração pelo sangue que nos une tão estreitamente e a nossa esperança de que lamentareis o fato de a terdes cometido impediu-nos de tomarmos imediatamente as armas para vos castigar. Mas, para evitar que nos acusem de deliberar levianamente esta guerra, vimos como delegados para junto de vós, a fim de sabermos o que vos levou a erguer esse altar à beira do rio, se tivestes boas razões para isso, e assim não tenhamos motivo para vos censurar. Se fordes culpados, todavia, executaremos a vingança que merece tão grande crime, isto é, faltar ao que deveis a Deus. Temos grande dificuldade em crer que, conhecendo bastante a sua vontade e tendo vós mesmos ouvido as leis promulgadas pela boca de Moisés, não nos tenhais deixado para voltar a um país, o qual possuis pela bondade divina, apenas para vos esquecerdes dos favores de que Ele se dignou cumular-vos, para abandonar o seu Tabemáculo, a arca de sua aliança e o seu altar e adotar as impiedades dos cananeus, sacrificando aos seus falsos deuses. Se no entanto fostes infelizes o bastante para cair nessa falta, nós vo-la perdoaremos, contanto que nela não persistais e volteis à religião de nossos antepassados. Se vos obstinardes no vosso pecado, nada haverá que não façamos para mantê-la e ver-nos-eis, armados do zelo pela honra de Deus, tornar a passar o Jordão e tratar-vos do mesmo modo como tratamos os cananeus. Pois não penseis que, estando separados de nós por um grande rio, ficais fora dos limites do poder de Deus, porque Ele se estende por toda parte, e é impossível furtar-se à sua justiça e ao seu domínio. Se a província em que habitais é um obstáculo à vossa salvação, dèveis abandoná-la, por mais rica que seja, e faremos uma nova divisão. Mas seria muito melhor renunciardes ao vosso erro, como vos aconse-lhamos, pelo amor que tendes às vossas esposas e aos vossos filhos, a fim de que não sejamos obrigados a vos declarar inimigos. Pois, para vos salvardes e a tudo o que vos é caro, somente uma destas duas deliberações deveis tomar: ou deixar-vos persuadir por nossas razões ou declararmos guerra uns contra os outros".
Assim falou Finéias, e os principais da assembléia responderam-lhe: "jamais pensamos em alterar a união que tão estreitamente nos une ou em nos afastar da religião de nossos antepassados: nela queremos sempre nos manter. Reconhecemos que há um só Deus, que é o Pai comum a todos os hebreus, e desejamos sacrificar apenas sobre o altar de bronze que está à porta do Tabernáculo. Quanto ao que erguemos às margens do Jordão e que deu lugar às suspeitas que tivestes de nós, não o fizemos com intenção de nele oferecer vítimas, porém somente para dar à posteridade um monumento à união que existe entre nós e à obrigação que temos de permanecer firmes na mesma crença. Deus é testemunha do que vos dizemos, e assim, em vez de continuar a nos acusar, deveis ter para o futuro uma opinião melhor de nós, como não desconfiar de um crime do qual ninguém da descendência de Abraão se pode tornar culpado sem merecer a pena de morte".
Finéias ficou tão satisfeito com essa resposta que lhes teceu grandes elogios e, tendo voltado a Josué, prestou-lhe contas de sua embaixada na presença de todo o povo. Houve alegria geral por ninguém ser obrigado a tomar armas para derramar o sangue dos irmãos. Deram graças a Deus por meio de sacrifícios, e cada qual retornou à sua casa. Então Josué fixou moradia em Siquém.
193. Josué 24. Depois de transcorridos vinte anos, esse excelente chefe dos israelitas, achando-se velho e cansado, reuniu o Senado, os príncipes das tribos, os magistrados, os principais da cidade e os mais importantes dentre o povo. Falou-lhes da série contínua de benefícios que Deus lhes concedera, fazendo-os passar da miséria a tão grande prosperidade e glória. Exortou-os a observar rigorosamente os mandamentos, a fim de conservá-lo sempre favorável. Declarou que se via obrigado a adverti-los, antes de morrer, sobre os deveres que tinham de cumprir e rogou-lhes que deles jamais se esquecessem. Ao encerrar as suas palavras, entregou o espírito, na idade de cento e dez anos, dos quais passara quarenta sob o governo de Moisés e, depois da morte deste, vinte e cinco anos orientando o povo.
Era um homem tão prudente, eloqüente, sensato em seus conselhos, corajoso na ação e capaz das mais importantes ações na paz e na guerra, que nenhum outro de sua época foi ao mesmo tempo tão excelente general e tão hábil governante de um povo tão numeroso. Enterraram-no em Timnate-Sera, cidade da tribo de Efraim. Eleazar, sumo sacerdote, morreu também nessa mesma época, e Finéias, seu filho, sucedeu-o. Ainda hoje se vê o seu túmulo, na cidade de Gibeá.
194.  O povo consultou o novo sacerdote para saber qual era a vontade de Deus referente a quem deveria ser o chefe contra os cananeus, e ele respondeu que se devia deixar à tribo de Judá a direção dessa guerra. Assim foi-lhe entregue essa responsabilidade, e a tribo de Simeão foi designada para ajudá-la, com a condição de que Judá, depois exterminar o que restava dos cananeus na extensão do território de sua tribo, prestaria o mesmo auxílio à tribo de Simeão, para exterminar também os que restavam entre eles.



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