História De Israel – Teologia 31.39
CAPÍTULO 13
MOISÉS MANDA EXPLORAR A TERRA DE CANAÃ. MURMURAÇÃO E SEDIÇÃO
DO POVO POR CAUSA DO RELATÓRIO QUE LHES FOI FEITO. JOSUÉ E CALEBE
FALAM GENEROSAMENTE DE CANAÃ. MOISÉS, DA PARTE DE DEUS,
ANUNCIA-LHES QUE, COMO CASTIGO PELO PECADO, ELES NÃO
ENTRARIAM
NA TERRA QUE ELE LHES HAVIA PROMETIDO, MAS QUE SOMENTE OS
SEUS
FILHOS A POSSUIRIAM. LOUVOR DE MOISÉS, A EXTREMA VENERAÇÃO
EM
QUE SEMPRE VIVEU E COMO AINDA É VENERADO.
149. Números 13 e 14. Moisés levou em seguida o exército
para as fronteiras dos cananeus, a um lugar chamado Para, onde é difícil morar,
e ali falou a todo o povo, desta maneira: "Deus, pela sua extrema bondade
para convosco, prometeu-vos a liberdade, terra abundante e toda espécie de
bens. Agora desfrutareis uma e logo outra, pois acabamos de chegar à fronteira
dos cananeus, dos quais nem os reis, nem as cidades, nem todas as forças unidas
juntamente nos poderão impedir o usufruto do efeito de suas promessas.
Preparai-vos, portanto, para combater generosamente, pois não será sem luta que
vos abandonarão esse rico país. Mas nós o possuiremos contra a vontade deles,
depois de os termos vencido. Precisamos começar por mandar alguém verificar a
fertilidade da terra e a força dos que nela habitam. E necessitamos,
principalmente, nos unirmos todos, mais do que nunca, e prestarmos a Deus a
honra que lhe devemos, a fim de que Ele seja o nosso protetor e o nosso
auxílio".
O povo enalteceu bastante essas propostas e escolheu doze
dos mais importantes entre eles, um de cada tribo, para ir explorar o país dos
cananeus, a Começar do lado que limita com o Egito, continuando até a cidade de
Hamate e o monte Líbano. Empregaram quarenta dias nessa viagem e, depois de
considerarem bastante a natureza do país e de estarem muito particularmente
informados da maneira de viver dos seus habitantes, fizeram uma relação do que
tinham visto e trouxeram frutos daquela terra, cujo tamanho e beleza animaram o
povo a conquistá-la. Mas, ao mesmo tempo, todos esses enviados, exceto dois,
desanimaram o povo pela dificuldade da empresa, dizendo que era necessário
atravessar grandes rios, muito profundos, escalar montanhas quase inacessíveis,
atacar cidades muito fortes e poderosas, combater os gigantes com se haviam
deparado em Hebrom e que nada haviam encontrado de tão temível depois de
haverem saído do Egito.
O medo desses homens passou assim do seu espírito para o do
povo, que perdeu a esperança de obter um feliz resultado em tão difícil
empreendimento. E então voltaram às suas tendas, com as suas mulheres e filhos,
para lastimar a sua desgraça. O sofrimento e o desânimo levou-os mesmo a dizer
que Deus lhes fazia muitas promessas, mas que não viam os resultados.
Insurgiram-se ainda contra Moisés e passaram toda a noite a clamar contra ele e
contra Arão. E, logo que raiou o dia, reuniram-se tumultuosamente, com o
intento de apedrejá-los e de voltar para o Egito.
Josué, filho de Num, da tribo de Efraim, e Calebe, da tribo
de Judá, que eram dois dos doze que haviam ido fazer o reconhecimento, vendo
aquela desordem e temendo as conseqüências, disseram-lhes que não deviam perder
a esperança, nem acusar a Deus de ser infiel às suas promessas e nem prestar fé
aos vãos temores de que ouviram falar, representando as coisas muito diferentes
do que eram na realidade, mas deviam acreditar na palavra deles e segui-los
para a conquista daquela terra tão fértil; que se ofereciam para servir-lhes de
guia naquela gloriosa empresa; que não viam nisso tantas dificuldades como lhes
haviam dito: as montanhas não eram tão altas nem aqueles rios tão profundos que
pudessem arrefecer nos homens a coragem; e que nada tinham a temer, pois Deus
se manifestava em favor deles e queria combater por eles. "Marchai, pois,
sem temor", acrescentaram, "na certeza de seu auxílio, e segui-nos
para onde estamos prontos a vos levar!"
Enquanto esses dois verdadeiros e generosos israelitas assim
falavam, para procurar acalmar a multidão tão revoltada, Moisés e Arão,
prostrados por terra, rogavam a Deus não que os livrasse do furor do povo, mas
que tivesse piedade da loucura daquela gente e lhes acalmasse os espíritos
perturbados pelas necessidades presentes e por vãs apreensões para o futuro. A
oração foi ouvida, e viu-se uma nuvem cobrir todo o Tabernáculo, sinal de que
Deus o enchia com a sua presença.
Moisés, então, cheio de confiança, apresentou-se ao povo e
disse-lhes que Deus estava resolvido a castigá-los, não tanto quanto eles o
mereciam, mas do modo como o bom pai castiga os seus filhos. "Pois",
acrescentou, "tendo entrado no Tabernáculo para pedir-lhe com lágrimas que
não vos exterminasse, Ele me fez ver os benefícios com que já vos presenteou,
bem como a vossa extrema ingratidão e a ofensa que lhe fazeis em prestar mais fé
a falsas referências que às suas promessas. No entanto garantiu-me que, por vos
ter escolhido dentre todas as nações para serdes o seu povo, não vos destruirá
inteiramente, mas, para castigo de vosso pecado, não possuireis a terra de
Canaã, nem desfrutareis a doçura e a abundância de seus frutos, e andareis
errantes durante quarenta anos pelo deserto, sem ter casa nem cidades, o que
não impedirá que Ele dê a vossos filhos a posse do país e dos bens que vos
prometeu e dos quais vos tornastes indignos por vossa murmuração e
desobediência".
Essas palavras encheram o povo de espanto e de profunda
tristeza. Rogaram a Moisés que fosse o seu intercessor junto a Deus, para que
Ele se dignasse esquecer-lhes a falta e cumprisse as suas promessas. Ele
respondeu-lhes que não deviam esperar que a sua soberana Majestade se deixasse
comover pelos seus rogos, porque não fora por transporte de cólera ou por
leviandade, como os homens, mas por ato de justiça e de vontade deliberada que
Deus havia pronunciado contra eles aquela sentença.
150. Ainda que pareça incrível que um só homem tenha podido
acalmar num momento uma quase incontável multidão de homens, no mais forte de
sua agitação e revolta, não há motivo para admiração, porque Deus, que sempre
assistia Moisés, lhes havia preparado o coração para deixar-se persuadir por
aquelas palavras, e porque já haviam experimentado muitas vezes, no meio de
tanta infelicidade que os afligiu, castigos pela incredulidade e desobediência.
Mas que maior sinal se pode desejar da eminente virtude desse admirável
legislador e da maravilhosa autoridade que conquistou do que ver que não
somente aqueles que viviam no seu tempo, mas toda a sua posteridade o tem em
veneração? Tanto é que, ainda hoje, não se vê entre os hebreus quem não se
julgue obrigado a observar com exatidão as suas ordens ou que não o considere
presente e prestes a castiaar quem as infringir.
Dentre várias outras provas dessa autoridade mais que humana
por ele adquirida, eis aqui uma, que me parece muito importante. Pessoas que tinham
vindo das províncias de além do Eufrates para visitar o nosso Templo e nele
oferecer os seus sacrifícios, tendo caminhado com grande perigo durante quatro
meses, com muitas despesas e dificuldades, não puderam conseguir nem mesmo uma
parte pequenina dos animais que ofereceram em holocausto, pois a nossa lei não
o permite, por certas razões. Outras não puderam obter a licença para
sacrificar. Outras ainda foram obrigadas a deixar os seus sacrifícios
incompletos. E outras, por fim, não puderam sequer entrar no Templo. No entanto
não se julgaram ofendidas e nem fizeram a menor queixa, preferindo obedecer às
leis estabelecidas por esse grande personagem a satisfazer os próprios desejos.
Essas pessoas foram levadas a tal submissão unicamente pela admiração à virtude
de Moisés, porque, persuadidos de que ele recebera essas leis do próprio Deus,
consideravam-no mais que um homem.
E, não há muito tempo, pouco antes da guerra dos judeus, sob
o reinado do imperador Cláudio, quando Ismael era sumo sacerdote, a Judéia foi
flagelada por uma grande carestia — uma medida de farinha era vendida por
quatro dracmas. Levou-se, para a festa dos Asmos, setenta medidas, que perfazem
trinta e um medins sicilianos e quarenta e um medins áticos, sem que nenhum dos
sacerdotes, embora atormentados pela fome, ousasse tocar naquilo para comer, de
tanto que temiam faltar à Lei e atrair sobre si a cólera de Deus, que castiga
tão severamente os pecados, mesmo os ocultos.
Quem se admirará, então, de que Moisés tenha feito coisas
tão extraordinárias, se depois de tantos séculos e ainda hoje vemos, no que
deixou escrito, tal autoridade que mesmo os nossos inimigos são obrigados a
reconhecer que foi o próprio Deus quem, por meio dele, outorgou aos homens uma
regra de vida tão perfeita e se serviu de seu admirável proceder para fazer com
que a recebessem? Todavia deixo a cada qual que julgue como lhe aprouver.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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