História De Israel – Teologia 31.42
CAPÍTULO 3
CASTIGO ESPANTOSO DE CORA, DATÃ E ABIRÃO E DOS DE SEU
PARTIDO.
155. Números 16. No dia seguinte, todo o povo reuniu-se para
ver, pelos sacrifícios que se fariam, a quem Deus escolheria para o sumo
sacerdócio. A expectativa de tal acontecimento não foi isenta de tumulto, pois,
além da multidão naturalmente ávida de novidades e inclinada a falar mal de
seus superiores, os espíritos estavam divididos: uns desejando que Moisés fosse
publicamente reconhecido como culpado e os mais sensatos desejando ver
terminada a sedição, que não podia continuar sem causar a ruína completa da
República. Moisés mandou dizer a Data e a Abirão que viessem assistir aos
sacrifícios, como se havia deliberado.
Eles recusaram-se, dizendo que não podiam mais tolerar que
Moisés se atribuísse autoridade soberana sobre eles. Depois dessa resposta, ele
fez-se acompanhar por alguns dos mais importantes e, embora colocado por Deus
para governar a todos de modo geral, não deixou de ir procurar os revoltosos.
Data e seus partidários, tendo sabido que ele vinha acompanhado, saíram de suas
tendas com as suas esposas e filhos para esperá-lo e levaram também gente
consigo, para resistir-lhe, caso tentasse alguma coisa.
Quando Moisés se aproximou, levantou as mãos ao céu e, tão
alto que todos puderam ouvi-lo, orou: "Soberano Senhor do Universo, que,
levado pela compaixão livrastes o vosso povo de tantos perigos, vós que sois
testemunha fiel de todas as minhas ações sabeis, Senhor, que tudo o que fiz foi
por vossa ordem. Ouvi, pois, a minha oração! E, como penetrais até os
pensamentos mais secretos dos homens e os recessos mais íntimos de seus
corações, não deixeis, meu Deus, de fazer conhecer a verdade e de confundir a
ingratidão daqueles que me acusam tão injustamente. Vós sabeis, Senhor, tudo o
que se passou nos primeiros anos de minha vida e o sabeis não por terdes ouvido
dizer, mas por terdes estado presente. Vós sabeis tudo o que me aconteceu
depois, e esse povo também não o ignora. Mas, por interpretar maliciosamente o
meu proceder, dai, por favor, meu Deus, testemunho de minha inocência. Não
fostes vós, Senhor, que pelo vosso auxílio, por meu trabalho e pelo afeto que
meu sogro tinha por mim, quando eu passava com ele uma vida tranqüila e feliz,
me obrigastes a deixá-la para me entregar a tantos trabalhos e dificuldades,
para a salvação deste povo e particularmente para tirá-lo do cativeiro? No
entanto, depois de haver sido livre de tantos males por meu intermédio, me
tornei objeto de seu ódio. Então vós, Senhor, que bem me quisestes aparecer no
meio das chamas, no monte Sinai; que lá me fizestes ouvir a vossa voz e
tornar-me espectador de tantos prodígios; que me mandastes levar as vossas
ordens ao rei do Egito; que fizestes sentir o peso do vosso braço a todo o seu
reino, para dar-nos o meio de escapar de lá e da servidão; que humilhastes
diante de nós o seu orgulho e o seu poder; que, quando não sabíamos o que
fazer, nos abristes um caminho milagroso pelo mar e sepultastes em suas águas
os egípcios que nos perseguiam; que nos destes armas quando estávamos
desarmados; que tornastes doce, em nosso favor, as águas antes tão amargas; que
fizestes sair água de um rochedo para matar a nossa sede; que nos destes
víveres de além-mar quando não mais o podíamos obter da terra; que nos
mandastes do céu um alimento antes desconhecido aos homens; e que, por fim,
regulastes todo o nosso governo pelas admiráveis e santas leis que nos destes, vinde,
ó Deus Todo-poderoso, julgar a nossa causa — vós que sois ao mesmo tempo juiz e
testemunha incorruptível. Fazei todo o povo conhecer que jamais recebi
presentes para cometer injustiças, nem preferi os ricos aos pobres, nem nada
fiz de prejudicial à República, mas, ao contrário, sempre me esforcei por
servi-la com todas as minhas forças. E agora, que me acusam de ter constituído
a Arão sumo sacerdote não para obedecer-vos, mas por favor e por afeto
particular, fazei ver que nada fiz sem ordem vossa e também qual o cuidado que
vos apraz ter de nós, castigando Datã e Abirão como eles merecem, pois se
atrevem a vos acusar de ser insensível e de vos deixardes enganar por meus
artifícios. E, para que o castigo que dareis a esses profanadores de vossa honra
e de vossa glória seja conhecido por todos, não os façais, por favor, morrer de
uma morte comum e ordinária, mas que a terra, sobre a qual são indignos de
andar, se abra para engoli-los, bem como a todas as suas famílias e todos os
seus bens, e que esse fato incomum, causado por vosso soberano poder, seja um
exemplo que ensine a todos o respeito que se deve ter por vossa suprema
Majestade e uma prova de que não fiz no ministério com que me honrastes outra
coisa senão executar as vossas ordens. Mas se, ao contrário, os crimes de que
me acusam são verdadeiros, conservai os meus acusadores e fazei cair sobre mim
somente o efeito único de minhas imprecações. Porém, Senhor, depois de terdes
castigado dessa maneira os amotinadores de vosso povo, conservai, eu vos suplico,
o resto na união, na paz e na observância de vossas santas leis, pois seria
ofender à vossa justiça crer que ela quis fazer cair sobre os inocentes o
castigo que somente os culpados mereceram".
Moisés uniu as próprias lágrimas a essa oração, e logo que a
terminou viu-se a terra tremer e agitar-se com violência semelhante à das ondas
do mar, quando batidas pelos ventos numa grande tempestade. Todo o povo ficou
petrificado de medo, e então a terra abriu-se com um ruído espantoso, tragando
aqueles rebeldes juntamente com as suas famílias, as suas tendas e todos os
seus bens e fechan-do-se em seguida sem deixar vestígio algum de tão prodigioso
acontecimento.
Esse foi o fim desses miseráveis e como foram conhecidos o
poder e a justiça de Deus. O castigo foi ainda mais deplorável porque os amigos
dos revoltosos passaram, de uma vez, dos sentimentos que estes lhes haviam
inspirado a uma disposição contrária, regozijando-se com a infelicidade deles
em vez de lamentá-los. Eles louvaram com grandes aclamações o justo juízo de
Deus e exclamaram que mereciam ser detestados como peste pública.
156. Moisés mandou vir em seguida os que disputavam a Arão o
cargo de sumo sacerdote, a fim de conferi-lo àquele de quem Deus se tivesse
dignado aceitar o sacrifício. O número destes era de duzentos e cinqüenta,
todos muito estimados pelo povo, quer pela virtude de seus antepassados, quer
por valores próprios. Arão e Cora apresentaram-se por primeiro, e todos estavam
diante do Tabernáculo, com o turíbulo na mão. Então queimaram perfumes em honra
a Deus.
Imediatamente apareceu um fogo imenso e terrível, como
jamais se vira igual, mesmo quando montanhas cheias de enxofre vomitam de suas
entranhas acesas turbilhões inflamados ou quando as florestas em chamas, onde o
furor do vento aumenta ainda mais o incêndio, se reduzem a cinzas. Via-se que
somente Deus seria capaz de acender um fogo tão brilhante e ao mesmo tempo tão
ardente, e a sua violência consumiu de tal sorte os duzentos e cinqüenta
pretendentes, e Cora com eles, que não restou o menor vestígio de seus corpos.
Somente Arão ficou sem receber queimadura alguma daquelas
chamas sobrenaturais, para que não se pudesse duvidar de que eram efeito da
onipotência de Deus. Moisés, para deixar à posteridade um monumento de tão
memorável castigo e fazer tremer os ímpios que imaginassem que Deus podia ser
enganado pela malícia dos homens, ordenou a Eleazar, filho de Arão, que
anexasse ao altar de bronze os turíbulos dos infelizes que haviam perecido de
maneira tão espantosa.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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