História Do Cristianismo -
Teologia 32.250
O MASSACRE DA NOITE DE S.
BARTOLOMEU
Carlos estava agitadíssimo ao
aproximar-se a hora fatal. Tinha uma palidez mortal, e o seu corpo tremia; um
medonho sentido de remorso lhe oprimindo o coração, e teria dado contra-ordem
se não fossem as instâncias de sua mãe. Esta porém receando alguma indecisão, ordenara que a tragédia começasse uma hora mais cedo da que estava
determinada.
Por fim o sino deu sinal e
todos os campanários de Paris responderam imediatamente, e a carnificina
começou. Uma das primeiras vítimas foi o almirante Coligny, que foi brutalmente
assassinado. Em todas as ruas se ouvia agora o fogo dos mosqueteiros, misturado
com as pragas dos pa-pistas e os gemidos dos moribundos. Os huguenotes, atacados
de surpresa, não podiam oferecer resistência, e quando rompeu a manhã podiam-se
ver cadáveres aos montes por toda a parte. O sangue enchia as ruas, e o Sena
corria avermelhado. A manhã não fez cessar aquela medonha obra, e já então as
indecisões de Carlos se haviam desvanecido, chegando ele a uma varanda com sua
mãe para deleitar a sua vista com aquela cena de carnificina. Isto durou quatro
dias. e ao fim deles os assassinos pararam por puro cansaço, tendo sido
assassinados uns quinhentos protestantes nobres de classe elevada, e uns cinco
a dez mil huguenotes da mais humilde condição.
Mas a mortandade ainda não foi
só aqui: estendeu-se pelas províncias, sendo dadas ordens a vários governadores
e magistrados para que exterminassem os hereges sem piedade. Alguns obedeceram
imediatamente, mas não todos. Seja dito para sua eterna honra, que um prelado
católico, João Hennuyer, bispo de Lisieux, recusou-se a incorrer no crime de um
ato tão odioso, e quando o mensageiro do rei apresentou a ordem ele disse:
"Não! não, Senhor! oponho-me e sempre me oporei à execução de uma tal
ordem: Eu sou o pastor de Lisieux, e esta gente a que me mandam assassinar
pertence ao meu rebanho. Apesar de se terem agora desviado e abandonado a
pastagem do soberano Pastor, Ele confiou-as aos meus cuidados, e ainda podem
voltar. Eu não vejo no Evangelho que o pastor possa permitir que o sangue das
suas ovelhas seja derramado; pelo contrário, vejo ali que ele é obrigado a dar
o seu sangue e a sua vida por elas". Nobre testemunho! E com alegria que o
recordamos aqui, embora as nossas idéias sejam tão completamente diferentes
das do ousado João Hennuyer no que diz respeito às doutrinas que ele ensinava.
O governador de Bayona foi outro que se recusou
a obedecer à ordem assassina: "O rei tem muitos soldados valentes no seu
exército", disse ele, "mas nem um só carrasco".
A carnificina nas províncias
continuou durante seis semanas, e o número de vítimas é diversamente calculado
em cinqüenta, setenta e cem mil. Este último número, se levarmos em conta os
que depois morreram de fome e pesar, é talvez o mais exato.
Roma manifestou uma alegria
ruidosa às primeiras notícias que teve da carnificina. O mensageiro que as
levou foi recompensado pelo cardeal de Lorraine, com mil coroas; houve salvas
de artilharia, e, à noite, brilhantes iluminações. Foi celebrado uma solene
"Te Deum" na igreja de São Marcos em ação de graças a Deus, por tão
assinalada notícia de bênção enviada à Sé de Roma, enquanto em Paris foi
cunhada uma moeda com a seguinte inscrição: "Pietas armavit justitan"
(Piedade armou a justiça). Se alguma vez se viu uma astúcia diabólica na
maldade do homem, foi esta. A premeditação, os solenes juramentos do rei - que
trouxeram os calvinistas a Paris - no casamento real, e o punhal posto nas
mãos da multidão pelos chefes do Estado nesse tempo de paz universal, tudo isto
representa uma conspiração e uma crueldade que não há iguais na História. E
depois, começando pelo papa, todas as comunidades católico-romanas, levantando
as mãos ao Céu, deram um graças a Deus pelo "glorioso" triunfo.
Mas uma solene recompensa
aguardava os autores deste crime inominável da "Santa" igreja
romana: Todos, exceto um, tiveram um fim violento. Carlos morreu, uns dois
anos depois, em horríveis agonias de corpo e alma; e ouviam-no exclamar, pouco
antes da morte: "Que carnificina! quanto sangue inocente! Como foram
perversos os conselhos que eu segui! Oh! meu Deus, perdoa-me e compadece-te de
mim! Eu não sei onde estou, tão medonha é a minha agonia e perplexidade. Qual
será o fim disto? Que será B feito de
mim? Estou perdido para sempre!" O Duque de B Guise foi assassinado, o seu irmão, o cardeal
de Lorraine, B morreu doido furioso; e a miserável Catarina de Médice, B embora
chegasse a uma desonrada idade avançada, foi encarcerada pelo seu filho
favorito, sendo o seu nome, em todo o mundo, sinônimo de perfídia e crueldade.
E a chamada heresia dos
huguenotes não foi exterminada, embora morressem cem mil deles. Aquele que
tinha lançado a semente incorruptível do Evangelho nos seus corações podia
também lançá-la rapidamente nos corações de outros cem mil, e assim aconteceu.
Uma longa série de pequenas guerras entre huguenotes e católicos teve lugar no
reinado de Henrique, sucessor de Carlos, e quando, em 1589, ele foi
assassinado, foi um príncipe protestante, Henrique de Navarra, que lhe sucedeu
no trono da França!
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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