Escatologia - Teologia 17.09
b)
Entre os reformadores
Durante
quase toda a idade média a igreja Católica Romana teve o domínio da
interpretação bíblica atribuindo a si mesma, como a única capaz de fazê- lo corretamente:
“Pois tudo
o que concerne
à maneira de
interpretar a Escritura,
está sujeito em
última estância ao
juízo da igreja,
que exerce o
mandato e ministério divino de guardar e interpretar a
palavra de Deus”. (Bíblia Ave Maria, Constituição
dogmática Dei Verbum sobre a revelação divina).
Com a reforma protestante, o método literal volta com
grande força por ser este o método usado por seus líderes. Weldon E. Viertel em
seu artigo sobre os “Princípios
Hermenêuticos de João Calvino”, escreve:
“Calvino doutrinava
que a primeira responsabilidade de um intérprete é deixar que o autor diga
aquilo que de fato diz, em vez de atribuir
a ele o
que nós pensamos
que ele deveria
dizer. É tarefa
do intérprete mostrar a
mente do escritor.
Considerou como sacrilégio
o uso da
Escritura à mercê
do prazer de
cada um. Ele
recusou apresentar seus
pontos de vista
teológicos em conjunto
com sua interpretação
da Escritura. Os princípios de
Calvino sobre a interpretação incluíam o sentido literal (princípio
gramático-histórico) (...)”.
Sabemos que parece um pouco contraditório o fato de
Calvino ser literalista e espiritualizar vários textos, principalmente
escatológicos, para que seus ensinos
sejam fundamentados, porém o que nos importa é seu reconhecimento quanto ao uso
indispensável do método literal.
Todo o
movimento reformista aderiu ao método literal, a declaração de fé de
Westminster tem o seguinte parágrafo:
“A regra infalível
de interpretação da
Escritura é a
mesma Escritura; portanto,
quando houver questão
sobre o verdadeiro
e pleno sentido
de qualquer texto
da Escritura (sentido
que não é
múltiplo, mas único),
esse texto pode
ser estudado e
compreendido por outros
textos que falem mais claramente”.
Este
foi incluído também, na declaração de fé Batista de 1689.
Paulo
R. B. Anglaba em seu artigo faz comentário sobre o rompimento com o alegorismo
medieval:
John Colet (1467-1519) foi um dos primeiros reformadores
a romper com o método alegórico medieval, ao expor em 1496, em Oxford, as cartas do apóstolo Paulo em seu sentido
literal e no seu contexto histórico. Três anos depois, em 1499, ele
já sustentava o princípio de que as
Escrituras não podem ter senão um único significado: o mais
simples.
Lutero também rejeitou a interpretação alegórica. Defendeu
que ‘‘nós devemos nos ater ao sentido simples, puro e natural das
palavras, como requerido pela gramática
e pelo uso do idioma criado por Deus entre os homens.’’
Quanto a Calvino, sua aversão à interpretação alegórica
era de tal ordem que ele chegou a afirmar ser satânica, por desviar o homem
da verdade das Escrituras. ‘‘É uma
audácia próxima do sacrilégio’’, escreveu ele, ‘‘usar as Escrituras ao nosso
bel-prazer e brincar com elas como com
uma bola de tênis, como muitos antes de nós o fizeram’’.
Muitos outros nomes poderiam ser citados, porém os
destacados falam por todo o grupo, que mesmo divergindo em questões
doutrinárias tinham comum parecer
quanto ao método de interpretação.
A conclusão que chegamos, tendo em vista que
a igreja moderna e a contemporânea seguiram os passos da reformada quanto à
hermenêutica, é que não há outro método
de interpretar a palavra de Deus, que não seja o de respeitar e não deturpar o
seu sentido original, ou seja, levar em consideração aquilo que o escritor realmente queria dizer. O fato é
que na escatologia lidamos com textos de difícil elucidação, no entanto não
temos o direito de dar-lhe outro sentido
apenas baseando-se em nossos pensamentos e
raciocínios e é justamente o que tem acontecido em nossos dias. Sobre os que
brincam com o sentido das Escrituras,
Teodoro de Mopsuéstia disse “agem como se toda a narrativa histórica
da Escritura divina de nenhum modo diferisse de sonhos à noite”.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine o nosso entendimento
Não perca tempo, Indique esta maravilhosa Leitura
Custo:O Leitor não paga Nada,
Você APENAS DIVULGA
E COMPARTILHA