Eclesiologia - Teologia 25.20
Zeloso Part 1/2
Nas igrejas
evangélicas da atualidade
é hábito ou
tradição já bem
arraigada a prática de ler o texto de 1ª Coríntios
11.23-34 durante a celebração da ceia do
Senhor. O contexto imediato da passagem, porém, começa antes com o
versículo 17 dentro
do contexto mais
amplo dos capítulos
10 a 14.
Há certo debate
referente à divisão mais apropriada das seções da carta, mas o papel do
capítulo
onze
no mínimo serve de uma ponte entre o capítulo 10 e os capítulos de 12 a 14. Para compreender bem o texto de
11.23-34, é indispensável lê-lo como um
todo no mínimo desde
11.17, assim respeitando
o contexto imediato.
Uma leitura melhor
compreenderia os capítulos
de 10 a
14, como sempre,
o ideal seria a leitura da carta em sua
íntegra.
Em
toda a carta, Paulo está respondendo a certas colocações e práticas da
igreja em Corinto,
dando um aval
e orientando a
igreja referente aos
seus posicionamentos. Este é
realmente o propósito geral de Paulo em toda a carta, e este fato deve ser lembrado ao interpretar
qualquer passagem dela. A partir do
versículo 17, Paulo
começa a tratar
certo problema referente
à celebração de
Cristo, especificamente em relação à ceia. O problema tratado tem a ceia
como pretexto e situação, mas o assunto
não é a ceia em si. O
interesse de Paulo é de tratar a
questão da unidade
da igreja, ou
seja, a falta
de união existente,
um segundo abuso no culto
cristão em Corinto.
Vejamos o tratamento e o contexto coríntio.
Nos
versículos 18 e 19, Paulo levanta a questão de facções, ou partidos dentro
da igreja. Esses
crentes estavam exibindo
rivalidades, como também
já fora levantado mais de uma vez desde o início da
carta. O problema dessas divisões
foi uma
temática repetida de
Paulo, problema básico
que aparentemente ocasionou
a escrita da
carta. No versículo
20, o assunto
das dissensões, rivalidades, ou
facções é dirigido
à prática de
celebrar a ceia.
Paulo explicitamente diz neste
versículo que o problema é de que estão se reunindo, mas
com um propósito
esquivado do devido.
Enquanto deveriam estar
se reunindo para celebrar a ceia
de Cristo, o propósito de sua celebração havia sido abandonado.
Nos próximos três versículos,
esse problema fica
ainda mais explícito.
Paulo exemplifica o
assunto apontando que
os Coríntios não
exibem nenhum tipo
de união e
comunhão no comer
juntos, como deveria
ser uma celebração da Ceia do Senhor.
Para
começar, havia uma desigualdade entre os crentes em termos financeiros, e estavam
fazendo celebração com
distinções sociais dentro
da igreja. Aqueles
com mais condições estavam trazendo as suas práticas aprendidas dos
romanos à reunião
para supostamente celebrar
o Seder de
Cristo. É interessante
notar que Paulo
especificamente menciona como
problemática a questão
de que os
coríntios não estavam esperando uns aos outros para que juntos
participassem da celebração. Uns tinham
pouco para comer, enquanto outros se enchiam de volumes glutônicos de comida, ignorando a
necessidade dos seus irmãos e até
humilhando-os.
Entre certos
grupos religiosos pagãos
havia uma espécie
de refeição tida
em comum entre ricos e pobres,
porém os coríntios não alcançavam os padrões de comunhão
desses grupos. Não
esperavam nem que
os pobres e
escravos chegassem, nem
compartilhavam com eles de sua abundância. É bem provável que estavam seguindo os padrões romanos em
comer até que fosse necessário
volver o estômago
para poder comer
mais. Isso, enquanto
outros passavam fome.
Foi retratado em
termos de “pobres,
famintos encontrando ricos
intoxicados, naquilo que
deveria ser a
ceia do Senhor”.
Em tal contexto,
Paulo responde, dizendo
que seu reunir
não tem nada
a ver com
celebrar a ceia
de Cristo.
O
formato da celebração na época teria sido muito mais próximo à forma
judaica de celebrar
a páscoa, do
que as formas
atuais que se
restringem aos dois
elementos mencionados por Paulo neste texto. O contexto era da
celebração de uma ceia - uma refeição
completa. Era costume
para as igrejas
da época celebrar o que alguns chamaram de uma “ceia
de amor”. Traziam suas comidas e as
compartilhavam entre si numa atmosfera de celebração e união, uma refeição ou
banquete, qual era
sua forma de
celebrar a ceia.
Esta ceia tinha
como sua base
a celebração judaica
do Pêssach, sendo
a continuação cristã
dessa celebração.
Vale
investigar um pouco da forma histórica das celebrações nas vilas romanas da
época, para melhor
entendermos o que
se passava dentro
da igreja em Corinto. Constata-se pela
arqueologia que uma típica vila romana acomodava de nove a doze pessoas reclinadas à mesa no
salão de banquetes, os outros trinta a
quarenta convidados eram
relegados a ficarem
de pé na
antesala. Era comum
até servir comidas
qualitativamente diferentes para
os convidados, de
acordo com a
sua classe social.
Um governador romano,
escrevendo por volta
de cinqüenta anos após a época
da carta de Paulo, detalha a “hospitalidade” de um homem de seu conhecimento:
Os melhores
pratos eram colocados
em frente de
si e de
uns poucos selecionados, e as migalhas baratas perante
o resto dos convidados. Ele havia até
colocado o vinho
em pequenos odres,
dividido em três
categorias, não com
a idéia de
dar oportunidade aos
convidados para escolherem,
mas para fazer
impossível para que rejeitassem o que lhes era oferecido. Uma categoria
estava intencionado para si e para nós,
outra para os seus amigos secundários (todos os seus
amigos eram classificados), e a terceira
para os seus
e os nossos
servos livres.
Aparentemente, era
esse o padrão
de “hospitalidade” e
“comunidade” que os
coríntios estavam celebrando,
observando as distinções
sociais entre si.
O problema especial
dos coríntios era de que
parte deles estavam
celebrando glutonaria e
desigualdade e não
Cristo. Estes se
davam de importantes
e privilegiados, enquanto
outros na mesma
celebração padeciam necessidades
e fome. Nessa
celebração, que era
uma refeição completa,
os coríntios estavam
neglicenciando a razão de estarem reunidos, o “partilhar de um só pão”.
Não se lembravam de
sua união essencial
e de sua
dependência de Cristo.
Sua celebração dividia o corpo
de Cristo, conforme as suas distinções de classe.
Veja também:
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine o nosso entendimento
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