Homilética - Teologia 33.24

FORMAS ESPECÍFICAS DE EXEGESE
A variedade de formas específicas de exegese bíblica é resultante das épocas diversas em que o texto bíblico originou-se, das formas literárias distintas existentes na própria Bíblia, da classificação dos livros bíblicos (históricos, poéticos, proféticos etc.) e de autores que representam camadas sociais diferentes (reis, lavradores, pescadores, profetas, apóstolos, poetas, músicos, acadêmicos).
A exegese do Antigo
Testamento
Qual a relação entre o
Antigo e o Novo Testamentos? Qual dos dois testamentos é o mais importante? Em
que consiste a unidade essencial entre os dois testamentos? Por que o Antigo
Testamento às vezes parece-nos tão difícil?
Em comunhão com Seus
discípulos e em Suas mensagens, Jesus referiu-Se várias vezes ao Antigo
Testamento (Mt 22.39-45; 21.42s.; Lc 24.26s.; 44-46; Mt 27.46). No Antigo
Testamento, Jesus percebeu o futuro de Seu caminho; o Antigo Testamento era a
palavra da qual Jesus vivia, em
que Ele meditava, até na hora de Sua morte. A igreja
primitiva alimentava-se do Antigo Testamento e reconheceu nele a Palavra de
Deus (At 17.11; 1 Ts 4.13; 2 Tm 3.14ss.; At 2.17ss., 25ss.; 34s.; 4.25s.;
7.3ss.; 13.41, 47).
O Antigo Testamento
testifica a revelação de Deus na história de Seu povo, Israel, do qual viria o
Salvador (Jo 4.22; Gl 4.4). Israel recebeu, preservou e anunciou as promessas
do Messias vindouro.
O Antigo e o Novo
Testamentos complementam-se porque tratam da mesma história e plano de
salvação, do mesmo Messias, embora com perspectivas diferentes (profecia e
cumprimento). O que isto significa para a exegese?
Na exposição de textos do
Antigo Testamento, partimos do fato de que todos culminam na vinda do Messias.
Nem sempre os textos dão um testemunho direto a respeito de Jesus, o Filho de
Deus e Messias prometido, mas todos testificam os caminhos de Deus com Seu povo
até que, na plenitude dos tempos, Ele enviou Seu Filho para a salvação de todo
aquele que nEle crê (Gl 4.4).
Os textos históricos do
Antigo Testamento revelam o amor infinito de Deus para com Seu povo escolhido,
Israel, e testificam também a majestade de Deus na criação e sustentação do
mundo como lugar da revelação divina. Finalmente, os textos históricos revelam
a pedagogia divina no juízo e na graça, na desobediência e na submissão. Muitos
deles possuem um significado tipológico em relação a Jesus Cristo:
Melquisedeque (Gn 14), o sacrifício de Isaque (Gn 22), o sofrimento e a
exaltação de José (Gn 37ss.), a serpente de bronze (Nm 2), a salvação de Jonas
(Jn 1 ss.), o tabernáculo ( 25-31 e 37-40) e o maná ( 16).
Exercícios
1. Leia cuidadosamente
João 3.14-15.
2. Compare as afirmações
de João 3.14-15 com Números 21.4-9.
3. De que maneira Jesus
faz uma comparação entre Números 21 e Seu próprio discurso, relatado por João,
no capítulo 3 de seu evangelho?
4. Como Jesus relaciona
Números 21 com Sua obra salvadora?
5. Apresente um esboço
tipológico de Números 21 à luz de João 3.14-15.
Na exposição dos textos
históricos do Antigo Testamento a exegese bíblica segue o modelo das dez regras
metodológicas apresentadas anteriormente. Além dessas dez regras, o exegeta
deve se lembrar de mais alguns aspectos.
Na exegese de textos
históricos do Antigo Testamento, a exegese histórico-cultural é de suma
importância. Os acontecimentos históricos, as afirmações doutrinárias, as
recomendações éticas, os costumes e os princípios espirituais são mais bem
compreendidos no horizonte da época em que o evento realmente ocorreu.
Lembre-se de que desde que
a Escritura originou-se num contexto histórico, só pode ser compreendida à luz
da história bíblica. W. A. Henrichsen, Princípios de Interpretação da Bíblia
(São Paulo: Mundo Cristão, 1983) regra 18, p. 56.
As perguntas a seguir
podem ajudá-lo a compreender melhor o texto histórico em seu horizonte passado:
1. Por que este texto foi
incluído no Antigo Testamento (e. g., 2 Rs 21.19-26)?
2. Qual o testemunho deste
texto (e. g., 1 Cr 25-26)?
3. Qual seu aproveitamento
pessoal ao ler este texto (e. g., 1 Sm 23.15-18)?
A exegese de textos do
Antigo Testamento procura também relacionar os acontecimentos ao plano de
salvação, à história da salvação. Sabemos que Deus revelou Seu plano de
salvação progressivamente através da história do Antigo Testamento, culminando
na vinda de Jesus Cristo.
Nem todos os textos do
Antigo Testamento contêm o testemunho cristológico ou referem-se de maneira
direta ao Messias prometido, mas mesmo assim testificam o caminho de Deus na
história que leva a Cristo (Jo 5.39). Portanto, o exegeta deve analisar o
Antigo Testamento, procurando Cristo nele.
Exercícios
1. Como você relaciona as
afirmações sobre o anjo do Senhor, no Antigo Testamento, com a pessoa de
Cristo? (Primeiramente, você procura todas as referências do Antigo Testamento
a respeito do anjo do Senhor, com o auxílio de uma concordância bíblica.
Depois, relaciona as afirmações com a pessoa e a obra de Cristo.)
2. Qual a relação entre a
rocha, de Êxodo 17.6, e Cristo? (Veja também 1 Coríntios 10.4.)
3. Com que base
relacionamos o Salmo 8.4-5 com Cristo?
4. Por que o Salmo 16.10
fala da ressurreição de Cristo?
5. O que o Servo do
Senhor, em Isaías 42.1-9; 49.1-13; 50.4-10ss.; 52.13-53.12, tem a ver com Jesus
Cristo?
Muitos textos do Antigo
Testamento contêm diretrizes práticas para a atualidade, porque neles não se
revela a vontade de Deus apenas para a época em que foram escritos, mas também
para as situações específicas de hoje. Nisto se vê o caráter eterno da Palavra
de Deus!
Com as seguintes
perguntas, você pode analisar um texto histórico do Antigo Testamento:
- Que mensagem este texto
contém para nossa época?
- Como as diretrizes, as
ordens e os exemplos deste texto apóiam o ensino do Novo Testamento?
- De que maneira os
princípios revelados neste texto são normativos para a igreja do século XX?
A literatura sapiencial do
Antigo Testamento encontra-se principalmente nos chamados livros poéticos: Jó,
Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares. Estes livros poéticos originaram-se
no período áureo da história dos hebreus, na era teocrática de Davi e Salomão.
Sendo bastante genéricos em sua natureza, não estão intimamente relacionados a
incidentes particulares da história de Israel, exceto alguns salmos e a
história de Jó.
O teor principal dos
textos poéticos é o ensino voltado para indivíduos e para a congregação da
antiga aliança. Os textos poéticos abordam todas as questões e fases da
existência humana, a alegria e o sofrimento, a comunhão fraterna e a solidão,
as vitórias e as derrotas, o louvor e a depressão. Por isso, são muito
apropriados para casamentos, funerais, aniversários, trabalhos da mocidade e,
principalmente, para estudos bíblicos.
Na exposição de textos
poéticos, levamos em consideração o paralelismo hebraico, que se apresenta sob
as seguintes formas:
1. O paralelismo perfeito
ou sinônimo: este paralelismo ocorre quando uma linha ou um dístico compõe-se
de duas partes que se correspondem perfeitamente. Neste caso, a segunda linha
repete com palavras diferentes o pensamento da primeira (e. g., Sl 52.3; Sl
90.9).
2. O paralelismo
antitético: no paralelismo antitético, uma das partes é contrária à outra, como
é o caso da maioria dos 376 versos entre Provérbios 10.1 e 22.16. Na versão em
língua portuguesa, a segunda parte geralmente inicia com a conjunção
adversativa mas (e. g., Pv 15.20-22).
3. O paralelismo
imperfeito: neste, uma das unidades de pensamento numa parte não tem correspondência
na outra (e. g., Sl 1.5).
4. O paralelismo sintético
ou progressivo: aqui, não se trata de qualquer paralelismo; há somente ritmo de
som e não de pensamento. Às vezes, a segunda linha complementa a primeira,
oferecendo ambas um pensamento completo (e. g., Sl 27.6).
5. O paralelismo
simbólico: este se caracteriza pelo fato de que uma parte utiliza o sentido
literal e a outra, o figurado, ou vice-versa (e. g., Sl 103.13).
6. O paralelismo
gradativo: reconhecido por uma parte ou linha repetida em outra, sendo esta o
novo ponto de partida para outro membro ou linha (e. g., Sl 29.1; Sl 29.9).
Quanto aos textos proféticos
do Antigo Testamento (Isaías a Malaquias), estes se relacionam diretamente com
a história presente e futura de Israel e, às vezes, com a história da
humanidade inteira. Os textos proféticos testificam a ação divina na história
de Israel e na história do mundo, proclamam a vinda do Messias, trazendo
salvação para judeus e gentios, a futura restauração de Israel e a glória
eterna do Messias entre as nações.
Numa maneira especial, o
apóstolo Pedro fala da importância dos textos proféticos (1 Pe 1.10-12; 2 Pe
1.16, 19-21). Para ele, os textos proféticos do Antigo Testamento são
significativos porque alumiam nosso caminho na escuridão desta vida (2 Pe
1.19a) e porque são necessários como tais, em todo o tempo, até que venha o dia
preciso do surgir da estrela da alva (2 Pe 1.19b). Os textos proféticos do
Antigo Testamento também são importantes porque constituem um guia seguro da
vontade de Deus (2 Pe 1.20s.) e transmitido por homens movidos pelo Espírito
Santo (2 Pe 1.21b).
Em 1 Pedro 1.10-12,
percebemos as dificuldades cronológicas na interpretação de textos proféticos.
Pedro afirma que os profetas do Antigo Testamento viram os sofrimentos de
Cristo (1 Pe 1.11b-Sl 22; Is 53) e Sua glória (1 Pe 1.11c-Sl 24; Is 60), mas
não compreenderam todas as suas implicações e pormenores (1 Pe 1.12a). Só a
pregação apostólica, mediante a iluminação do Espírito Santo, era capaz de
esclarecer a plena revelação (1 Pe 1.12b).
Na interpretação de textos
proféticos do Antigo Testamento, enfrentamos estas mesmas dificuldades cronológicas.
A razão disso encontra-se nas características inerentes às profecias bíblicas.
Em primeiro lugar, a profecia bíblica é progressiva, cumprindo-se, muitas
vezes, aos poucos. Veja a maneira como o nascimento de Cristo foi profetizado
no Antigo Testamento, começando com a semente da mulher (Gn 3.15), limitando-se
à linhagem de Sem (Gn 9.25-27), depois à de Abraão (Gn 12.1-3), Isaque (Gn
21.12), Jacó (Gn 25.23), Judá (Gn 49.8-12), Davi (2 Sm 7.12-16), Emanuel (Is
7.14), ao tempo em que iria nascer o Messias (Dn 9.24-26) e, finalmente, à
cidade (Mq 5.2).
Outras profecias têm um
cumprimento parcial e um cumprimento pleno e final. Tomemos como exemplo a
promessa feita a Davi em 2 Samuel 7.12-16. Por meio da história, sabemos que a
promessa foi cumprida parcialmente em Salomão, que levantou e inaugurou o
magnífico templo. Todavia, sabemos que o templo salomônico não permaneceu; foi
destruído juntamente com Jerusalém, em 587 a . C., por Nabucodonosor. Tiago, porém,
citando o profeta Amós (Am 9.11-12), declara que o tabernáculo de Davi será
reedificado na volta do Senhor (At 15.16).
Uma terceira dificuldade
na exposição de textos proféticos encontra-se nas profecias simbólicas (Gn
2.16s.; Os 11.1; Mt 2.15; Ml 4.4-5; Is 40.3-4).
Finalmente, encontramos
ainda profecias não cumpridas, como Isaías 65.17-25 e Zacarias 14.1-21.
A seguir, algumas
recomendações práticas para a exposição de textos proféticos do Antigo
Testamento:
1. Faça uma pesquisa
histórica exata e ampla do texto profético, para melhor compreender os motivos
que levaram o profeta a anunciar tal profecia.
2. Uma análise textual
precisa é de suma importância para que se compreendam a intenção e o conteúdo
da profecia.
3. Lembre-se de que você
não conseguirá entender todos os pormenores e implicações de um texto
profético, porque alguns aspectos ainda não se cumpriram.
4. Relacione sempre os
textos proféticos com a história da salvação, com o Messias prometido na
primeira e na segunda vinda de Cristo e com Seu povo escolhido.
5. Busque as passagens
correlatas no Novo Testamento.
6. Observe bem as
ilustrações, metáforas, visões, expressões e atitudes simbólicas dos profetas.
7. Tenha o máximo de
cuidado com os números. Lembre-se de Marcos 13.32. Nada de especulações!
8. Favoreça a
interpretação literal dos textos proféticos, a não ser que o contexto ou outra
parte das Escrituras permitam a interpretação simbólica.
9. Considere que os textos
proféticos possuem cumprimento, ou cumprimentos parciais e finais.
10. Ore bastante e
conscientize-se de que, na exegese profética, você depende de maneira mais
acentuada da direção do Espírito Santo.
11. Consulte vários
comentários, para não exagerar na exposição.
12. Lembre-se de que o
centro da mensagem profética gira em torno da pessoa e da obra salvadora e
consumadora de Jesus Cristo.
A exegese do Novo
Testamento
A exegese do Novo
Testamento difere daquela do Antigo Testamento pelo fato de o Messias já ter
vindo. Enquanto o Antigo Testamento revela de maneira progressiva a vontade de
Deus na história, por meio de Israel, o Novo Testamento proclama as boas novas
de salvação, realizadas em
Jesus Cristo , para todo aquele que nEle crê,
independentemente de sua raça, cor, origem, status social ou educação. No
Antigo Testamento, Israel é o recipiente das revelações e promessas divinas, e
os profetas, seus transmissores. No Novo Testamento, Jesus e os apóstolos são
os transmissores, e a Igreja é a receptora das revelações divinas para as
nações. Na exposição do Novo Testamento, é bom diferenciar entre textos
sinópticos em geral, relatos de milagres, discursos, epístolas e textos
proféticos. Uma pesquisa objetiva desses gêneros literários nos ajudará a
reconhecer melhor suas características inerentes, sua ênfase teológica
específica e suas dimensões éticas.
Os primeiros três evangelhos
(Mateus, Marcos e Lucas) são chamados sinópticos, porque fornecem uma sinopse,
i. e., uma vista geral dos mesmos acontecimentos. O problema surge da relação
aparente entre esses três evangelhos, quando sujeitos a uma pesquisa
comparativa. Ao processar-se a comparação, levantam-se certas perguntas que
merecem uma análise cautelosa e detalhada, antes de se tirar qualquer conclusão
definitiva:
- Por que encontramos
estas diferenças?
- Qual dos sinópticos
contém mais pormenores?
- Quais as afirmações idênticas?
- Como se explicam as
diferenças?
- Qual o material peculiar
de cada sinóptico?
- Qual o material omisso
de cada sinóptico?
- Como se explicam o
material peculiar e o omisso?
- Qual a cronologia dos
acontecimentos de cada sinóptico?
Estas questões não são
colocadas para gerar desconfiança ou espírito crítico em relação à Palavra de
Deus, mas, com a atitude certa, ajudam o pregador a se conscientizar da riqueza
da pesquisa bíblica. Desta maneira, possibilitam que ele seja mais bem
informado, obtenha respostas inéditas, que vão além de uma leitura casual, e
esclareça melhor o pano de fundo histórico e a intenção ao ser relatado o
acontecimento.
Todos os sinópticos narram
a vinda do reino de Deus na pessoa e obra de Jesus Cristo. Eles testificam a
encarnação do Filho de Deus e a pessoa do Messias prometido, relatam Seus
discursos, ensinos e milagres, falam extensivamente de Seu sofrimento vicário
na cruz (25% do material sinóptico) e de Sua poderosa ressurreição e gloriosa
volta no fim dos tempos.
Os sinópticos proclamam as
boas novas de Jesus Cristo e convidam os ouvintes para o arrependimento e a fé:
O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos, e crede
no evangelho (Mc 1.15).
Apresentamos algumas
recomendações práticas para a exposição de textos sinópticos:
1. Leia cuidadosamente o
texto básico em todos os sinópticos, com o auxílio da Harmonia dos Evangelhos
ou, então, com três Bíblias abertas ao mesmo tempo.
2. Faça uma comparação
sinóptica. Anote qualquer material peculiar e omisso de todos os textos
paralelos.
3. Tente harmonizar os
textos sinópticos. Caso não seja possível, explique as diferenças. Neste
processo, as Notas e Comentários à Harmonia dos Evangelhos, de E. Gioia, são de
grande utilidade.
4. Consulte comentários
evangélicos de confiança.
5. Não se perca nos
pormenores, mas verifique o núcleo comum entre os textos sinópticos, e. g., o
ensino fundamental a se aprender, a lição moral a se praticar, o exemplo digno
a ser seguido, a mensagem bíblica a ser crida, o desafio prático a ser
obedecido.
Os milagres, por sua vez,
são manifestações sobrenaturais da intervenção onipotente e misericordiosa de
Deus na natureza e na história. A. Almeida, Manual de Hermenêutica Sagrada, p.
97. Todos os milagres do Novo Testamento são expressões do poder do reino de
Deus (Mt 12.28) e atos de misericórdia e compaixão.
Em termos gerais, pode ser
dito sobre as obras de Jesus que, em sua relação integral para com Sua missão,
em sua freqüência e em sua maneira autoritativa, elas são distintivamente
messiânicas... Os milagres dos apóstolos e de outros líderes da Igreja do Novo
Testamento originaram-se na solidariedade de Cristo com Seu povo. Foram obras
realizadas em Seu nome, em continuação a tudo quanto Jesus começara a fazer e a
ensinar, no poder do Espírito que Ele enviou da parte do Pai. Há um elo íntimo
entre esses milagres e a obra dos apóstolos ao testificarem acerca da pessoa e
da obra de seu Senhor; fazem parte da proclamação do reino de Deus, e não são
uma finalidade em si mesmos. NDB, vol. II, p. 1044.
Os sinais (grego: semeion)
são atos milagrosos que têm por finalidade revelar um propósito. O sinal visa o
poder operante por trás de si mesmo, visa a glória e grandeza de Jesus (Jo
2.11). Não é o sinal que é importante, mas seu causador. O sinal tem um duplo
propósito: objetivamente, revelar a glória de Cristo (Jo 2.11) e,
subjetivamente, gerar a fé nos discípulos (Jo 2.11). Não é o sinal que é
importante, mas a revelação do poder do reino de Deus através dele, visando a
glória de Deus e a fé do ouvinte.
A primeira dificuldade dos
relatos de milagres está na apologia. A autenticidade dos milagres sempre foi
posta em dúvida, principalmente por motivos filosóficos, desde Descartes e
Kant. Por outro lado, é preciso mencionar que muitos milagres relatados no Novo
Testamento são críveis à luz da psicologia moderna e da medicina
psicossomática.
Não existe qualquer razão
a priori para que se suponha que Jesus não lançou mão daqueles recursos da
mente e do espírito do homem que atualmente são utilizados pelos
psicoterapeutas. NDB, Vol II, p. 1043. Portanto, o bom uso da apologética numa
prédica sobre milagres não faz mal algum, principalmente na presença de
universitários e estudantes, desde que ela seja bem fundamentada e não tome a
maior parte do sermão.
O segundo problema da
pregação sobre milagres está na aplicação. Se os milagres são atos poderosos e
misericordiosos de Deus, que intervêm na natureza e na história para mostrar
que Seu reino é chegado, então eles contêm lições espirituais correlatas. Em
potencial, os milagres bíblicos são parábolas em ação. A. Almeida ,
Manual de Hermenêutica Sagrada, p. 97.
Infelizmente, muitos
pregadores possuem a tendência de alegorizar e espiritualizar os milagres. A
ressurreição física do filho da viúva de Naim, por exemplo, transforma-se de
repente, e ele se torna o filho morto nos delitos e pecados que passa pela
ressurreição espiritual (Jo 5.24); ou a multiplicação dos pães (Mt 14.13-21)
passa a ser um mero símbolo do envolvimento social da igreja; o andar sobre o
mar (Mt 14.22-33) torna-se um símbolo de como vencer os problemas do século XX;
a pesca maravilhosa, um estímulo para as missões transculturais; a tempestade
acalmada (Mc 4.35-41), a vitória sobre as tempestades de nossa vida. É verdade
que Jesus também pode acalmar as tempestades em nossas vidas, mas somente esta
aplicação reduz o impacto do fato histórico de que Jesus realmente silenciou as
forças ferozes da natureza. Ela ignora também o clímax da história, que não
está no milagre, mas na reação dos discípulos: 'Eles, possuídos de grande
temor, diziam uns aos outros: Quem é este que até o vento e o mar lhe
obedecem?' A intenção da história é concentrar a atenção no poder sobrenatural
de Jesus e, no final das contas, na questão da Sua identidade. É triste ver um
pregador que defenderia até à morte a doutrina da divindade de Cristo não dar a
esta doutrina seu lugar de direito nesta parábola. Limitar-se a uma suposta
aplicação espiritual das tempestades em nossas vidas resulta em uma redução da
mensagem cristológica poderosa que ela contém. ENT, p. 129.
A seguir, algumas
recomendações práticas para a exegese de textos que narram milagres:
1. Siga primeiro os dez
passos metodológicos, apresentados anteriormente.
2. Se o milagre faz parte
dos textos sinópticos, observe as instruções para a exposição destes registros,
nas páginas anteriores.
3. Interprete os milagres
como manifestações sobrenaturais da intervenção onipotente e misericordiosa de
Deus, e não como meras parábolas ou símbolos.
4. Interprete os milagres
literalmente, a não ser que o contexto bíblico permita uma aplicação simbólica.
Cuidado para não alegorizar e espiritualizar os milagres.
5. Relacione os milagres
com a real identificação de Jesus Cristo e sua mensagem do reino de Deus.
As 21 epístolas
neotestamentárias foram dedicadas às igrejas primitivas, i. e., às igrejas que
se originaram entre o Pentecoste e o fim da era apostólica (33-100 A . D.). As cartas do Novo
Testamento revelam a sã doutrina dos apóstolos (At 2.42):
a) o ensino sobre a pessoa
e a obra de Jesus Cristo (cristologia Cl 1; Fp 2; 1 Tm 3.16; Tt 2.11-14; 1 Pe
3.18);
b) o ensino sobre a
depravação total do homem e sua salvação pelos méritos de Cristo (soteriologia
Rm 1-3; Rm 6.23; Ef 2; 1 Co 2.14);
c) o ensino sobre as
conseqüências do senhorio de Cristo em nossas vidas e da obediência diária a
Cristo (santificação, ética Rm 12-16; Ef 4-6; 1 Jo 1-5; 1 Tm 4; 1 Ts 5);
d) o ensino sobre a
identidade, o lugar e o propósito da igreja local (eclesiologia Ef 1-6; 1 Co
3.11);
e) o ensino sobre nosso
futuro glorioso (escatologia 1 e 2 Ts; 2Pe 2 e 3; 1Co 15); e
f) o ensino sobre a
atuação do Espírito Santo na vida do cristão e da igreja local (pneumatologia
Rm 12; 1 Co 12-14; Ef 4.11-16).
Todas as
epístolas têm um pano de fundo histórico, cultural e eclesiástico em que se
originaram. Para a exegese de epístolas, oferecemos as seguintes
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
Não perca tempo, Indique esta maravilhosa
Leitura
Custo:O Leitor não paga Nada,
Você APENAS DIVULGA
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