História Do Cristianismo -
Teologia 32.287
SUÍÇA
A Reforma na Suíça tem uma
importância especial. Zwínglio foi um dos primeiros reformadores a pregar o
Evangelho, mas quem influiu no
caráter da Reforma na Europa mais do que ele foi João Calvino. A Suíça era uma
república, constituída de estados, chamados "cantões", cada um com
governo independente, mais livre ainda do que os Estados do Brasil ou dos da
América do Norte. Sendo uma democracia, o governo da igreja tomou forma democrática
também. Na Inglaterra ou nos países que adotaram a forma luterana, a igreja
era episcopal, ou governada por bispos. Esta forma era uma adaptação do sistema
romanista. Os bispos eram a aristocracia da igreja, e governavam os sacerdotes
e o povo. Zwínglio adotou o sistema presbiteriano, que foi mais tarde
desenvolvido por Calvino, e copiado na França, Holanda, Escócia, e no
Palatinado (dois estados de Alemanha). Os ministros e um número de presbíteros
escolhidos pelo povo governavam a igreja. Lutero e os reformadores ingleses
queriam reter, tanto quanto possível, os costumes antigos da Igreja Romana,
purificados dos erros e corrupções, continuando também com suas vestimentas e
uma liturgia modificada. A Reforma na Suíça foi uma limpeza completa, porque
ali os reformadores não tinham respeito nenhum para com os costumes antigos
da Igreja Romana.
Também o ensino de Calvino
influía muito nas igrejas reformadas que adotaram seu sistema de governo. Este
ensino espalhou-se na Inglaterra entre os puritanos e nas colônias da América
do Norte. A doutrina especial de Calvino, hoje chamada "calvinismo",
era a da eleição ou predestinação, na qual o reformador pôs muita ênfase.
Calvino em sua luta com os romanistas, em vista da tendência da igreja romana
de atribuir a salvação da alma aos esforços humanos, frisou a soberania de
Deus. Alguns dos seus seguidores levaram estas doutrinas ao extremo, quase negando
a responsabilidade humana. A justa inferência de tais ensinos seria que Deus é
o autor do pecado, e a oferta de salvação aos pecadores não é de boa fé, porque
a maioria não pode aceitá-la por Deus ter predestinado essa maioria à
condenação, e somente os eleitos, à salvação. No princípio foram os teólogos
católicos que se opuseram às doutrinas de Calvino, mas, no fim do século XVI,
um teólogo protestante chamado Tiago Armínio (1590-1609) começou a ensinar
doutrina oposta ao calvinismo; sua doutrina é chamada "arminiana".
Embora seus seguidores mais
tarde também levassem sua doutrina ao extremo, ela tinha moderação, e servia de
antídoto às doutrinas extremas do calvinismo. Hoje em dia tais doutrinas ainda
são discutidas, mais a maior parte dos crentes reconhece que a graça soberana
de Deus e a vontade livre dos homens são como os dois trilhos de uma estrada
de ferro, paralelos, não precisando de reconciliação. Mas na Holanda alguns dos
seguidores de Armínio sofreram terríveis perseguições, e a contenda tem
revivido diversas vezes, notavelmente no tempo de João Wesley. Foi esta
questão que dividiu Wesley de Whitefield e do Conde Zinzendorf, e no mesmo
século houve muita polêmica entre estes e outros teólogos.
Devemos mencionar outra contenda
no século XVI. Enquanto Zwínglio pregava em Zurique, diversos pastores eruditos
e piedosos queriam voltar às práticas primitivas, separando a Igreja do Estado,
e recusando batizar as crianças, dizendo que somente pessoas convertidas
deviam ser batizadas. Zwínglio se opôs a este povo, e as autoridades de Zurique
perseguiram todos os que adotaram tais idéias. Devido ao seu ensino e prática,
estes foram chamados "a-nabatistas" e mais tarde
"batistas". Naquele tempo era considerado crime horrível recusar-se a
batizar crianças e rebatizar adultos que já haviam recebido o rito na infância.
E o imperador da Alemanha, um religioso fanático, mandou queimar ou afogar
muitos que praticavam.tais "crimes". E na própria Zurique
protestante, os chefes batistas, homens eruditos e piedosos recebiam muitas
vezes como castigo da sua pregação o afogamento. Há quem acuse Zwínglio de
haver, por omissão, consentido nessa perseguição desumana.
A verdade é que ele não
empregou sua grande influência para impedir castigos tão injustos como os
usados pela Igreja Romana. Muitos anabatistas foram expulsos da Suíça.
Infelizmente, depois da morte dos seus chefes, alguns anabatistas adotaram
práticas extravagantes. Na Alemanha, ajuntando-se aos camponeses, por motivos
políticos, fizeram a revolta chamada a "Guerra dos camponeses". Este
movimento foi condenado por Lutero, e o exército deles foi derrotado e
castigado com brutalidade.
Outros anabatistas numa cidade
chamada Munster, enxotaram todos os cidadãos que não aceitaram suas idéias;
proclamaram João Leiden seu prefeito e praticaram crueldades e até poligamia.
Nesse tempo, a cidade deles foi tomada pelo exército do bispo. Estas
extravagâncias deixaram um estigma em todo o movimento.
De tudo isso, se vê que as
atrocidades cometidas pela Inquisição da Igreja Romana durante séculos
influíram em alguns que saíram do catolicismo para ingressarem na Reforma,
pois muitas vezes se tratava de convencidos, que apenas mudavam de
religião, e não de verdadeiramente convertidos ao Evangelho, ou nascidos de
novo.
Um homem chamado Meno Simonis,
no ano de 1537, ajuntou-se a esse grupo fanatizado, e a sua piedade e moderação
impediram que eles praticassem excessos. Meno morava na Holanda, mas devido a
uma forte perseguição foi obrigado a fugir para Fresemburgo, em Holstein, onde
o Conde Alefeld o protegeu, com muitos dos seus seguidores, que eram chamados
menonitas.
Alguns se recusaram a tomar
armas e participar nas guerras, ou jurar nos tribunais de justiça. Muitos deles
viviam no Norte da Alemanha, e no século XVIII uma colônia de menonitas
mudou-se para a Rússia, convidada pela imperatriz Catarina, que prometeu-lhes
isenção do serviço militar. Ainda hoje seus descendentes vivem ali.
No tempo da Reforma, os
anabatistas não queriam tomar parte na política nem no governo do país,
dizendo que a Igreja é um corpo separado do mundo, do Estado e da política. Mas
Lutero, Zwínglio, Calvino, Knox e outros reformadores, ligaram a Igreja ao
Estado. No sistema episcopal, o Estado dominava a igreja, e no sistema
presbiteriano, as autoridades da igreja é que dominavam o Estado. Deve-se
admitir que a influência pessoal destes mencionados reformadores fosse boa,
porque aconselharam reformas nas leis e melhor constituição do país, mas a
aliança da Igreja e o Estado tem introduzido muitos males na Igreja. João
Calvino cria na necessidade do novo nascimento, mas tratou a todos os cidadãos
de Genebra como membros da Igreja e sujeitos à sua disciplina. Pessoas sem
piedade nem santidade foram obrigadas a conformar-se com as regras estreitas
da Igreja Calvinista. A liberdade de consciência não era entendida por esses
reformadores, e Calvino tem sido muito censurado pela morte de Miguel Serveto,
que foi queimado vivo em praça pública, por ter negado a doutrina da Trindade,
pois Calvino não empregou sua influência para salvar-lhe a vida, deixando-se
levar pelo fanatismo da época, embora procurasse, debalde, mudar a forma de
execução do fogo para a espada. É verdade que esses fatos lamentáveis da época
da Refprma foram atos isolados, em nada comparáveis às dezenas de milhares de
pessoas que foram queimadas, trucidadas pela Igreja de Roma durante séculos.
Calvino morreu no ano de 1564,
e seu amigo Teodoro Beza tomou seu lugar, e continuou pregando em Genebra até a
sua morte no ano de 1605. Havia diferenças entre os pareceres de Calvino e
Zwínglio, mas eles chegaram a um acordo chamado "Confissão
Helvética", em 1566. Depois da morte de Calvino, a igreja de Roma fez um
grande esforço para restaurar na Suíça a fé antiga, à força e por propaganda.
O Duque de Sabóia era governador de cantão perto da cidade de Genebra e fez uma
tentativa para tomar a cidade à força, mas foi rechaçado. A igreja de Roma
nomeou como bispo de Genebra o celebre Francisco de Sales, que embora não
pudesse pregar na cidade, pregou no cantão vizinho de Chabelais, e
"converteu" milhares de adeptos forçados do calvinismo. Todavia, o
bispo era notável pela sua piedade e oratória e depois da sua morte foi canonizado
pelo Papa. O bispo ergueu uma grande cruz quase à porta da cidade, mas não
ganhou autoridade dentro de Genebra.
Durante os séculos XVII e XVIII
houve muitas contendas entre católicos e protestantes. Os estados protestantes
lucraram muito durante a perseguição dos huguenotes, que fugiram da França e
acharam abrigo na Suíça.
O século XVIII foi marcado na
Suíça, como em diversos países, por uma decadência espiritual. Um escritor
contemporâneo disse: "O domingo é encerrado com divertimentos, e os
pastores tomam parte deles com o seu rebanho. Embora haja ainda conservado
decência e sobriedade de costumes, o poder do Evangelho é pouco demonstrado
entre os ministros e o povo. O ateu Rousseau, com suas opiniões destrutivas, e
Voltaire, seu sutil rival, propagavam na vizinhança e especialmente em
Genebra, o veneno do seu ceticismo. Há dúvida se ainda resta um professor ou
pastor em Genebra que siga a Calvino em princípio e em prática. As
convulsões, sob o nome de liberdade, têm aumentado a apostasia geral. Em toda
a Suíça o mesmo espírito prevalece, embora não sem muitíssimas exceções felizes
da infelicidade geral".
Nos princípios do século XIX
houve um avivamento espiritual. Roberto Haldane, um escocês, pregou em Genebra,
e diversos estudantes de teologia receberam uma grande bênção espiritual; como
Malan, Teodoro Monod, e Merle d'Aubigné, que vieram a ser pregadores notáveis,
havendo o último escrito a "História da Reforma" obra traduzida em
diversas línguas. Mais tarde J. N. Darby visitou a Suíça várias vezes,
pregando no Cantão de Vaud e em Genebra com muita aceitação.
Hoje Genebra tem uma Sociedade
Bíblica, seminários para treinar evangelistas e missionários. Como em todos os
países, o modernismo está ali ganhando terreno, mas ainda existe uma grande
corrente que aceita as antigas verdades bíblicas.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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