História De Israel – Teologia 31.85
CAPÍTULO 11
DAVI MANDA SALOMÃO CONSTRUIR O TEMPLO. ADONIAS QUER FAZER-SE
REI, MAS DAVI SE DECLARA A FAVOR DE SALOMÃO. TODOS ABANDONAM
ADONIAS, E ELE MESMO SUBMETE-SE A SALOMÃO. DIVERSAS
DETERMINAÇÕES DE DAVI. O MODO COMO FALA AOS PRÍNCIPES DE SEU REINO E A SALOMÃO, A QUEM SAGRA REI PELA SEGUNDA VEZ.
304. Davi, depois do que acabo de relatar, mandou chamar
Salomão e disse-lhe: "A primeira coisa que vos ordeno, meu filho, para
depois que me tiverdes sucedido, é a construção de um templo em honra a Deus,
honra que eu mesmo muito desejei realizar, mas Ele, por meio de seu profeta, me
proibiu fazê-lo, porque as minhas mãos foram manchadas com o sangue das
inúmeras guerras que fui obrigado a empreender e de que tomei parte. Ele
disse-me que escolhera para realizar esse desejo o mais jovem de meus filhos,
que se chamaria Salomão, que teria por esse filho um amor de pai e que a nossa
nação seria tão feliz sob o seu reinado que gozaria toda espécie de bens, numa
paz que jamais seria perturbada por guerra alguma, estrangeira ou civil. Assim,
mesmo antes de terdes nascido, Deus vos destinou para ser rei. Por isso
esforçai-vos para ser digno de tão grande honra, por vossa piedade, coragem e
amor pela justiça. Observai religiosamente os mandamentos que Ele nos deu por
meio de Moisés e não permitais que outros os violem. Considerai como grande
favor a graça que Ele vos faz, permitindo-vos construir-lhe um templo, e
trabalhai nele com ardor, sem que a grandeza do empreendimento vos espante.
Antes de morrer, prepararei o que for necessário para a sua realização. Já
ajuntei dez mil talentos de ouro e uma enorme quantidade de ferro, cobre,
madeira e pedras. Tenho ferreiros, pedreiros e carpinteiros. Se ainda faltar
alguma coisa, vós mesmo providenciareis e assim vos tomareis agradável a Deus.
Ele será o vosso protetor e o seu auxílio Todo-poderoso nada vos fará
temer".
305. Depois de falar
a Salomão, Davi exortou os chefes das tribos a ajudar o filho na construção do
Templo e a servir fielmente a Deus e a esperar como recompensa de sua piedade
que nada perturbasse a paz e a felicidade que Ele os faria desfrutar. Ordenou
que, depois de concluído o Templo, a arca da aliança para lá fosse levada, com
todos os vasos sagrados, que lá deveriam estar há muito tempo, se os pecados de
seus pais e o desprezo pelos mandamentos de Deus não tivessem impedido a sua
construção. Pois deveriam tê-lo erigido logo que tomaram posse da terra que
Deus lhes prometera.
306. 1 Reis 1. Esse
sábio e admirável rei tinha apenas setenta anos, mas as grandes dificuldades
que suportara no decurso da vida o haviam enfraquecido tanto que não lhe
restava mais calor natural algum, e tudo o que usavam para cobri-lo não o podia
aquecer. Os médicos opinaram que a única solução seria fazê-lo dormir com uma
jovem, para que ela o aquecesse como se aquece uma criança. Escolheram a mais
bela de todo o país, chamada Abisague, de que falaremos em seguida.
307. Adonias, quarto
filho de Davi, que ele tivera de Hagite, uma de suas mulheres, era um príncipe
alto e belo e não era menos ambicioso que Absalão. Assim, ele determinou
fazer-se rei e comunicou o seu desígnio a todos os seus amigos. Fez em seguida
provisão de cavalos e de carros, tomando cinqüenta homens para a sua guarda.
Como tudo se fazia à vista de todos, nada ficou oculto ao rei seu pai. Todavia
este não lhe disse nada. Joabe, general do exército, e Abiatar, sumo sacerdote,
puseram-se a serviço de Adonias. Porém Zadoque, também sumo sacerdote, o
profeta Nata, Benaia, comandante da guarda de Davi, ao qual muito ele amava, e
aquela tropa de bravos de que falamos há pouco continuaram fiéis aos interesses
de Salomão.
Adonias preparou um grande banquete num arrabalde de
Jerusalém, próximo à fonte do jardim do rei, e convidou todos os seus irmãos,
exceto Salomão. Convidou também Joabe, Abiatar e os chefes da tribo de Judá,
mas não convidou Zadoque, Nata e Benaia. Nata avisou a Bate-Seba, mãe de
Salomão, do que se passava, acrescentando que o único meio de garantir a sua
segurança e a do filho era relatar o fato ao rei em particular, pois, embora
ele tivesse prometido com juramento que Salomão iria sucedê-lo, Adonias já
estava de posse do reino. Deu-lhe ainda a certeza de que estaria presente à entrevista,
para confirmar o que ela dissesse.
Bate-Seba seguiu o conselho e foi procurar o rei.
Prostrou-se diante dele e depois de suplicar permissão para falar de um assunto
muito importante disse-lhe que Adonias dera um grande banquete, para o qual
convidara todos os irmãos, menos Salomão; que convidara também Abiatar, Joabe e
os principais amigos; que o povo, vendo aquela grande reunião, aguardava por
quem e para quem se declarar; que ela então suplicava que o rei se lembrasse da
promessa que tão solenemente fizera de escolher Salomão para seu sucessor; e
que considerasse que, quando não estivesse mais no mundo e Adonias viesse a
reinar, ela e o filho teriam morte certa.
Enquanto ela assim falava, avisaram o rei que Nata chegava
para conversar com ele, e Davi mandou que o fizessem entrar. O profeta
perguntou-lhe se era sua intenção que Adonias reinasse depois dele e se o havia
declarado rei, porque ele estava dando um grande banquete para o qual todos —
os irmãos, Joabe e vários amigos — haviam sido convidados, menos Salomão, e, em
meio à alegria e regozijo, os convidados lhe estavam desejando um longo e feliz
reinado. Acrescentou que Adonias não o convidara, nem a Zadoque e nem a Benaia.
E assim, como era necessário que todos soubessem naquela circunstância qual era
a vontade do rei, ele vinha suplicar-lhe que a revelasse.
Assim falou o profeta, e Davi então mandou chamar Bate-Seba,
que havia saído do quarto à entrada de Nata. Quando ela chegou, disse-lhe:
")uro-vos pelo Deus eterno e Todo-poderoso que Salomão, vosso filho,
estará sentado sobre o meu trono e que ele reinará desde hoje". Bate-Seba
prostrou-se até o solo ante essas palavras e desejou-lhe longa vida.
Davi mandou chamar também Zadoque e Benaia e, para dar a
conhecer a todo o povo que ele escolhia Salomão como sucessor, ordenou que eles
e o povo, acompanhados por toda a sua guarda, o fizessem subir a uma
cavalgadu-ra, na qual nenhum outro havia montado, senão o rei. Depois deveriam
levá-lo à fonte de Giom, onde Zadoque e Nata o consagrariam rei, derramando-lhe
óleo santo sobre a cabeça, e em seguida atravessar toda a cidade, com um arauto
a proclamar adiante dele estas palavras: "Viva o rei Salomão! Que ele
ocupe por toda a sua vida o trono real de judá!" Em seguida, mandou chamar
Salomão e deu-lhe preceitos para bem reinar e para governar santamente e com
justiça não somente a tribo de |udá, mas também todas as outras.
Benaia, acompanhado por todos aqueles de quem acabamos de
falar, após ter rogado a Deus que fosse favorável a Salomão colocou-o sobre a
cavalgadura e levou-o pela cidade até a fonte de Giom, onde foi sagrado rei.
Depois reconduziu-o pelo mesmo caminho. Esse ato público eliminava toda e
qualquer dúvida quanto a ser Salomão o escolhido por Davi dentre todos os seus
filhos para sucedê-lo. Todos gritaram então: "Viva o rei Salomão! Deus
queira que ele governe feliz por muitos anos!" Quando chegaram ao palácio
fizeram-no sentar no trono do rei seu pai. A alegria do povo foi grande, como
jamais se vira em toda a cidade. Eram banquetes e festins de regozijo. O som
das harpas, das flautas e de muitos outros instrumentos musicais era tão forte
que todo o ar ressoava, e a terra estava possuída de grande júbilo.
Adonias e todos os seus convidados ficaram apreensivos, e
Joabe comentou que aquele ruído de tantos instrumentos não o agradava
absolutamente. Todos ficaram alarmados e interromperam o banquete. Então
Jônatas, filho de Abiatar, chegou apressadamente. De início, Adonias
alegrou-se, pensando que ele trazia boas notícias. Mas quando Jônatas contou o
que se havia passado e que o rei se declarara em favor de Salomão, todos se
levantaram da mesa e foram embora.
Temendo a indignação de Davi, Adonias buscou asilo aos pés
do altar e mandou rogar ao novo rei que esquecesse o que ele havia feito e lhe
garantisse a vida. Salomão o atendeu, tanto por prudência quanto por bondade,
porém com a condição de que jamais caísse em falta semelhante e que somente a
si mesmo se responsabilizasse pelo mal que aconteceria, caso viesse a
reincidir. Mandou retirá-lo do asilo e depois que ele se prostrou na sua
presença ordenou-lhe que fosse para casa sem nada temer, mas que não se
esquecesse de viver como um homem de bem.
308. Davi, para
garantir ainda a coroa a Salomão, quis que ele fosse reconhecido rei por todo o
povo. Para esse fim, convocou a Jerusalém os principais das tribos, dos
sacerdotes e dos levitas, cujo número, de trinta anos para cima, era de trinta
e oito mil. Escolheu seis mil deles para julgar o povo e para servir como
notários, vinte e três mil para cuidar da construção do Templo, quatro mil para
porteiros e o resto para cantar hinos e cânticos em louvor a Deus, com os
diversos instrumentos de música que mandara fabricar e de que falamos há pouco.
Empregou-os nesses diversos misteres segundo a sua raça.
Após separar as famílias dos sacerdotes, constatou que eram
vinte e quatro: dezesseis descendentes de Eleazar e oito de Itamar. Determinou
que essas famílias servissem cada uma oito dias, de um sábado a outro,
sucessivamente. A sorte foi lançada na presença dele, dos sumos sacerdotes
Zadoque e Abiatar e de todos os chefes das tribos. Elas foram sendo escaladas
uma após a outra, segundo a sorte ia decidindo. Essa ordem permanece até hoje.
Depois que esse sábio príncipe dividiu as famílias dos
sacerdotes, separou da mesma maneira as dos levitas, para servirem de oito em
oito dias, como os outros. Prestou também uma homenagem particular aos
descendentes de Moisés, entregando-lhes a guarda do tesouro de Deus e dos
presentes que os reis lhe oferecessem. Determinou ainda que toda a tribo de
Levi, tanto os sacerdotes quanto os demais, se entregasse dia e noite ao
serviço de Deus, como Moisés já havia ordenado.
309. Dividiu em
seguida todos os soldados em doze corpos de vinte e quatro mil homens cada um,
comandados por um chefe que tinha sob a sua dependência mestres de campo e
oficiais. Ordenou que cada um desses corpos, por sua vez, fizesse guarda
durante um mês diante do palácio de Salomão e não distribuiu cargo algum senão
a pessoas de mérito e de probidade. Escolheu também o guarda de seus tesouros e
de tudo o que dependia de seu domínio, de que seria inútil falarmos mais
detalhadamente.
310. Depois que esse
excelente rei dispôs as coisas com tanta prudência e sabedoria, mandou reunir
todos os príncipes das tribos e todos os principais oficiais e, tendo subido ao
trono, declarou: "Meus amigos, julguei-me obrigado a vos fazer saber que,
tendo resolvido construir um templo em honra a Deus e reunido para esse fim
grande quantidade de ouro e cem mil talentos em dinheiro, Ele me proibiu, por
meio do profeta Nata, de executar o meu intento, porque as minhas mãos estavam
manchadas com o sangue dos inimigos que venci em tantas guerras, as quais o bem
público e o interesse da nação me obrigaram a empreender. Ele me fez declarar,
ao mesmo tempo, que aquele de meus filhos que me sucedesse no trono começaria e
terminaria a obra. Como sabeis, embora Jacó, nosso pai, tivesse doze filhos,
Judá foi escolhido com o consentimento geral para príncipe sobre todos os
outros, e, tendo eu seis irmãos, Deus me preferiu a eles para elevar à
dignidade real, sem que eles manifestassem o mínimo ressentimento. Do mesmo
modo, desejo que todos os meus filhos tolerem sem murmurar que Salomão os
governe, porque Deus escolheu elevá-lo ao trono. Pois, ainda que Ele quisesse
nos submeter a estrangeiros, deveríamos tolerá-lo com paciência, quanto mais
temos motivo para nos regozijarmos por Ele ter conferido semelhante honra a um
de nossos irmãos: acaso o parentesco do sangue não nos faz participantes? Rogo
a Deus de todo o meu coração que Ele logo cumpra a promessa que lhe aprouve
fazer-me de tornar este reino muito feliz sob o governo do novo rei, e que essa
felicidade seja duradoura". Voltando-se para Salomão, ele disse:
"Isso acontecerá sem dúvida, meu filho, se amardes a piedade e a justiça e
observardes inviolavelmente as leis que Deus outorgou a nossos antepassados. Se
a elas faltardes, porém, não haverá infelicidade que não possais esperar".
Depois de assim falar, colocou nas mãos de Salomão o plano e
a descrição de como queria que se construísse o Templo, onde tudo estava
determinado com minudências, e também uma lista de todos os vasos de ouro e de
prata necessários para o serviço divino, com o peso que deviam ter. Recomendou
em seguida ao filho que usasse de extrema diligência ao executar a obra e
exortou os príncipes das tribos, particularmente os levitas, que o ajudassem em
tão santa empresa, tanto por causa de sua pouca idade quanto porque Deus o
escolhera para ser o rei deles e para realizar aquele grande empreendimento.
Disse-lhes ainda que não seria difícil fazê-lo, pois
deixava-lhes ouro, prata, madeira, esmeraldas, outras pedras preciosas e todos
os operários necessários para esse fim. Acrescentava ainda de seu próprio
dinheiro e de suas economias três mil talentos do mais puro ouro, para que
fossem empregados nos ornamentos da parte mais santa e mais interna do Templo e
nos querubins que deveriam estar sobre a arca, que era como o carro de Deus a
cobri-la com as suas asas.
As palavras do grande rei foram recebidas com tanta alegria
petos príncipes das tribos, pelos sacerdotes e pelos levitas que todos
prometeram contribuir com toda boa vontade para aquela santa obra com cinco mil
talentos de ouro, dez mil estáteres, cem mil talentos de prata e grande
quantidade de ferro. Os que possuíam pedras preciosas trouxeram-nas para serem
colocadas no tesouro, do qual jeiel, que era da estirpe de Moisés, tinha a
custódia.
Todo o povo ficou comovido — e Davi, mais que todos — com o
zelo que demonstravam as pessoas mais importantes do reino. O religioso
príncipe, em alta voz, deu graças a Deus, chamando-o de Pai e Criador do
Universo, Rei dos anjos e dos homens, Protetor dos hebreus e Autor da
felicidade desse grande povo do qual Ele lhe havia confiado o governo. E
terminou com um fervoroso pedido: que Ele continuasse a cumulá-los de favores e
enchesse o Espírito e o coração de Salomão com toda espécie de virtudes.
Ordenou-lhes em seguida que louvassem a Deus, e imediatamente todos se
prostraram por terra, para adorar a eterna Majestade.
O ato chegou ao seu termo com as demonstrações de gratidão
que todos deram a Davi pela felicidade que haviam desfrutado durante o seu
governo. No dia seguinte, fizeram-se grandes sacrifícios, nos quais se
ofereceram a Deus em holocausto mil carneiros, mil cordeiros, mil novilhos e um
grande número de vítimas para as oblações pacíficas. Davi passou o resto do dia
com o povo, em festa e em regozijo. E Salomão foi sagrado rei segunda vez por
Zadoque, sumo sacerdote, e levado ao palácio, onde se assentou no trono do rei
seu pai, sem que dali em diante alguém o tenha desobedecido.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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