História De Israel – Teologia 31.03
CAPÍTULO 3
DA POSTERIDADE DE ADÃO ATÉ O DILÚVIO, DO QUAL DEUS PRESERVOU
NOÉ POR MEIO DA ARCA, PROMETENDO-LHE NÃO MAIS CASTIGAR OS HOMENS COM DILÚVIO.
10. Gênesis 5. Sete gerações continuaram a viver no
exercício da virtude e no culto do verdadeiro Deus, ao qual reconheciam por
único Senhor do universo.
Mas as que vieram em seguida não imitaram os costumes dos
pais. Não prestavam mais a Deus a honra que lhe era devida nem exerciam mais a
justiça para com os homens, mas se entregavam com mais ardor ainda a toda sorte
de crimes, enquanto os seus antepassados se haviam dedicado à prática de toda
espécie de virtudes. Assim, atraíram sobre si a cólera de Deus, e os grandes*
da terra, que se haviam casado com as filhas dos descendentes de Caim,
produziram uma raça indolente que, pela confiança que depositavam na própria
força, se vangloriava de calcar aos pés a justiça e imitava os gigantes de que
falam os gregos.
_____________________
* Nessa época, havia duas raças distintas: a descendência de
Sete e a de Caim. Os expositores modernos, em sua maioria, concordam que os
"filhos de Deus", citados em Gênesis 6.2, constituíam a descendência
de Sete, e os "filhos dos homens", a descendência de Caim. (N do E)
11. Noé, entristecido pela dor de vê-los imersos nos crimes,
exortava-os a mudar de vida. Mas quando viu que em vez de seguir os seus
conselhos eles se tornavam cada vez piores, o temor de que o fizessem morrer
com toda a sua família levou-o a deixar a sua pátria. Deus, que o amava por
causa de sua probidade, ficou tão irritado pela malícia e corrupção do resto
dos homens que resolveu não somente castigá-los, mas exterminá-los
completamente e repovoar a terra com ho-mens que vivessem na pureza e na
inocência. Assim, abreviou-lhes o tempo da vida, reduzindo-o a cento e vinte
anos, inundou a terra de modo a parecer que ela havia sido tomada pelo mar e
fê-los todos perecer nas águas, com exceção de Noé. A este, para salvá-lo,
ordenou que construísse uma arca de quatro andares, com trezentos côvados de
comprimento, cinqüenta de largura e trinta de altura; que lá se encerrasse com
a esposa, os três filhos e as três esposas deles; e que levasse todo o
necessário para o seu alimento e também para os animais de todas as espécies,
os quais ele deveria levar consigo, para conservar-lhes a raça. Isto é, um
casal de cada espécie, macho e fêmea, e sete casais de algumas. O teto e os
lados da arca eram tão fortes que ela resistiu à violência das águas e dos
ventos e salvou Noé e sua família da inundação geral que fez morrer todos os
outros homens. Ele era o décimo descendente de Adão, de masculino em masculino,
pois era filho de Lameque, que era filho de Metusalém. Metusalém era filho de
Jarede. Jarede era filho de Maalalel, que tinha vários irmãos. Maalalel era
filho de Cainã. Cainã era filho de Enos. Enos era filho de Sete, e Sete era
filho de Adão.
12. Noé tinha seiscentos anos quando veio o dilúvio. Foi no
segundo mês, que os macedônios chamam dius, e os hebreus, maresvã, pois os
egípcios assim dividiram o ano. Quanto a Moisés, ele deu, nos seus fastos, o
primeiro lugar ao mês chamado nisã, que é o xântico macedônio, porque foi nesse
mês que ele retirou os hebreus da terra do Egito e por essa razão começou por
esse mesmo mês a registrar o que se refere ao culto a Deus. No que se refere às
coisas civis, no entanto, como as feiras e mercados determinados pelo comércio
e empreendimentos semelhantes, não houve mudança alguma. Moisés registra que a
chuva causadora do dilúvio geral começou a cair no dia 27 do segundo mês do ano
2256 depois da criação de Adão. A Sagrada Escritura faz o cálculo disso e anota
com cuidado muito particular o nascimento e a morte dos grandes personagens
daquele tempo.* Adão viveu novecentos e trinta anos e tinha duzentos e trinta**
quando nasceu o seu filho Sete. Sete viveu novecentos e doze anos e tinha
duzentos e cinco quando nasceu o seu filho Enos. Enos viveu novecentos e cinco
anos e tinha cento e noventa quando nasceu o seu filho Cainã. Cainã viveu
novecentos e dez anos e tinha cento e setenta quando nasceu o seu filho
Maalalel. Maalalel viveu oitocentos e noventa e cinco anos e tinha cento e
sessenta e cinco quando nasceu o seu filho Jarede. Jarede viveu novecentos e
sessenta e dois anos e tinha cento e sessenta e dois quando nasceu o seu filho
Enoque. Enoque viveu trezentos e sessenta e cinco anos e tinha cento e sessenta
e cinco quando nasceu o seu filho Metusalem. Na idade de trezentos e sessenta e
cinco anos, foi tirado do mundo, e ninguém escreveu sobre a sua morte.
Metusalem viveu novecentos e sessenta e nove anos e tinha
cento e oitenta e sete quando nasceu o seu filho Lameque. Lameque viveu
setecentos e setenta e sete anos e tinha cento e oitenta e dois quando nasceu o
seu filho Noé. Noé viveu novecentos e cinqüenta anos, os quais, acrescentados aos
seiscentos que já contava na ocasião do dilúvio, perfazem o número
anteriormente assinalado de dois mil duzentos e cinqüenta e seis anos. Foi mais
conveniente para esse cálculo citar, como fiz, a época do nascimento desses
primeiros homens, e não a de sua morte, porque a vida deles era tão longa que
se estendia até a posteridade mais remota.
____________________
* Este trecho está inteiramente corrompido no texto grego e
foi corrigido pelo que dizem os manuscritos.
** Algumas idades neste trecho diferem do relato bíblico
porque seguem a cronologia da Septuaginta — o texto da Bíblia é baseado na
cronologia hebraica. (N do E)
13. Gênesis 7e8. Deus, então, deu o sinal e livre curso às
águas, a fim de inundarem a terra, e elas elevaram-se, por uma chuva contínua
de quarenta dias, até quinze côvados acima das mais altas montanhas e não
deixaram nenhum lugar para onde o povo pudesse fugir e salvar-se. Depois que a
chuva cessou, passaram-se cento e cinqüenta dias antes que as águas se
retirassem, e somente no vigésimo sétimo dia do sétimo mês a arca se deteve
sobre o vértice de uma montanha da Armênia. Noé então, abriu uma janela e,
vendo um pouco de terra ao redor da arca, começou a se consolar e a conceber
melhores esperanças. Alguns dias depois, ele fez sair um corvo para saber se
havia ainda outros lugares de onde as águas se tivessem retirado completamente
e se ele podia sair sem perigo. O corvo, porém, achando a terra ainda toda
inundada, voltou à arca. Sete dias depois, Noé fez sair uma pomba, e ela voltou
com os pés enlameados, trazendo no bico um ramo de oliveira. Assim, ele soube
que o dilúvio havia cessado. Após haver esperado outros sete dias, fez sair
todos os animais que estavam na arca. E ele também saiu, com a mulher e os
filhos, ofereceu um sacrifício a Deus em ação de graças e deu um banquete à
família.
Os armênios chamaram a esse lugar Descida ou Saída, e os
seus habitantes apontam ainda hoje alguns restos da arca. Todos os
historiadores, mesmo os bárbaros, falam do dilúvio e da arca, dentre outros
Berose, caldeu. Eis as suas palavras: "Diz-se que ainda hoje se vêem
restos da arca sobre a montanha dos Cordiens, na Armênia, e alguns levam desse
lugar pedaços de betume, com o qual ela estava recoberta, e dele se servem como
impermeabilizante". jerônimo, egípcio que escreveu sobre as antigüidades
dos fenícios, Mnazeas e vários outros disso falam também. Nicolau de Damasco,
no nonagésimo sexto livro de sua história, menciona-o nestes termos: "Há
na Armênia, na província de Miniade, uma alta montanha chamada Baris, sobre a
qual, diz-se, muitos se salvaram durante o dilúvio, e que uma arca cujos restos
se conservaram por vários anos, e na qual um homem se havia encerrado,
deteve-se no cume dessa montanha. Há probabilidade de que esse homem é aquele
de que fala Moisés, o legislador dos judeus".
14. Gênesis 8 e 9.
Com medo de que Deus inundasse a terra todos os anos, a fim de exterminar a
raça dos homens, Noé ofereceu-lhe vítimas, rogando que nada mudasse na ordem
estabelecida anteriormente e que Ele não usasse de tal rigor, fazendo perecer
todas as criaturas vivas, mas se contentasse por ter castigado os maus, como os
seus crimes mereciam, e por ter poupado os inocentes, aos quais Ele quisera
salvar a vida. Pois, de outro modo, eles seriam ainda mais infelizes do que os
que haviam sido sepultados nas águas, tendo visto com tremor tão estranha
desolação e tendo dela sido preservados apenas para perecer mais tarde, de
maneira semelhante. Assim, rogava que Deus aceitasse o seu sacrifício e não
mais olhasse para a terra com cólera, de jnodo que ele e seus descendentes
pudessem cultivá-la sem medo, construir cidades, desfrutar de todos os bens que
possuíam antes do dilúvio e passar uma vida tão longa quanto feliz, como a de
seus antepassados.
Como Noé era homem justo, Deus atendeu à sua oração e
concedeu-lhe o que pedia, dizendo-lhe que não fora o patriarca a causa dos que
se haviam perdido no dilúvio; que eles só podiam acusar a si mesmos pelo
castigo recebido; que, se tivesse querido perdê-los, não os teria feito nascer,
sendo mais fácil não dar a vida do que a tirar após tê-la concedido; que eles
deviam, portanto, atribuir os castigos aos seus próprios crimes; que, em
consideração à sua oração, não lhes seria mais tão severo no futuro; e que,
quando viessem tempestades e furacões extraordinários, nem ele nem seus
descendentes deveriam pensar num outro dilúvio, pois Ele não mais permitiria
que as águas inundassem a terra. Contudo proibia a ele e aos seus manchar as
mãos no sangue, e ordenava-lhes que castigassem severamente os homicidas, e os
fazia senhores absolutos dos animais, para dispor deles como quisessem, exceto
de seu sangue, do qual não podiam usar como do resto, porque no sangue está a
vida. "E meu arco", acrescentou, "que vereis no céu, será o
sinal e a garantia da promessa que vos faço". Isso disse Deus a Noé. E ao
arco que apareceu no céu, chamaram arco de Deus.
15. Noé viveu trezentos e cinqüenta anos depois do dilúvio,
na máxima prosperidade, e morreu com novecentos e cinqüenta anos de idade. Por
maior que seja a diferença entre a pouca duração da vida dos homens de hoje e a
longa duração da dos de que acabo de falar, o que narro não deve passar por
inverossímil. É que, além de os nossos antepassados serem muito queridos de
Deus, e como obra que Ele havia feito com as próprias mãos, os alimentos de que
se nutriam eram mais apropriados para conservar a vida. E Deus a prolongava,
tanto por causa de sua virtude como para lhes dar meios de aperfeiçoar as
ciências da geometria e da astronomia, que eles haviam inventado — o que eles
não teriam podido fazer se tivessem vivido menos de seiscentos anos, pois é
somente após a revolução de seis séculos que se completa o grande ano. Todos os
que escreveram a história, tanto da Grécia como de outras nações, dão testemunho
do que digo. Mâneto, que escreveu a história dos egípcios, Berose, que nos
deixou a dos caldeus. Moco, Hestieu e Jerônimo, que escreveram a dosfenícios,
dizem também a mesma coisa. Hesíodo, Hecateu, Ascausila, Helânico, Éforo e
Nicolau, referem que esses primeiros homens viviam até mil anos. Deixo aos que
lerem isto que façam o juízo que quiserem.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
Não perca tempo, Indique esta maravilhosa
Leitura
Custo:O Leitor não paga Nada,
Você APENAS DIVULGA
E COMPARTILHA
.
0 Comentários :
Postar um comentário
Deus abençoe seu Comentario