História De Israel – Teologia 31.141
CAPÍTULO 11
JUDAS MACABEU DERROTA UM GRANDE EXÉRCITO ENVIADO POR ANTÍOCO
CONTRA OS JUDEUS. LÍSIAS RETORNA NO ANO SEGUINTE COM UM EXÉRCITO AINDA MAIS
FORTE. JUDAS MATA CINCO MIL HOMENS E OBRIGA LÍSIAS A SE RETIRAR. PURIFICA E
RESTAURA O TEMPLO. OUTROS GRANDES FEITOS DESSE PRÍNCIPE DOS JUDEUS.
O rei Antíoco ficou tão irritado com a derrota de seus dois
generais que não se contentou em reunir todas as suas tropas, mas tomou ainda,
sob pagamento, soldados das ilhas e resolveu marchar contra os judeus no começo
da primavera. Porém o seu tesouro ficou esgotado depois do pagamento das
tropas, tanto porque as revoltas de seus súditos o impediam de receber os
tributos quanto pelo fato de ele ser naturalmente muito amigo do luxo, fazendo
enormes despesas. Assim, julgou conveniente ir antes à Pérsia receber o que lhe
era devido.
Ao partir, deixou a Lísias, em quem depositava toda a sua
confiança, a direção dos negócios, o governo das províncias que se estendem
desde o Eufrates até o Egito e a Ásia Menor, e uma parte de suas tropas e de
seus elefantes. Recomendou-lhe que tivesse grande cuidado de seu filho, o
príncipe Antíoco, durante a sua ausência, e que destruísse toda a Judéia,
levando escravos todos os seus habitantes, aniquilasse Jerusalém e exterminasse
a nação dos judeus. Depois de dar essas ordens, partiu para a viagem à Pérsia,
no ano cento e quarenta e sete, passando o Eufrates e marchando para as
províncias superiores.
473. Lísias escolheu, dentre os mais valentes generais e os
de maior confiança do rei, Ptolomeu, filho de Dorímenes, Górgias e Nicanor e os
enviou à Judéia com quarenta mil soldados de infantaria e sete mil de
cavalaria. Depois que chegaram a Emaús e acamparam na planície vizinha, foram
aumentados com o reforço dos sírios e das nações limítrofes e com grande número
de judeus. Vieram também alguns negociantes com dinheiro para comprar os
escravos e com cadeias para ligá-los. Judas, vendo aquela grande multidão de
inimigos, exortou os seus soldados a não temer, mas a colocar toda a sua
confiança em Deus e a se revestir de um saco, como faziam os seus pais nos
grandes perigos, a fim de pedir a Ele que lhes concedesse a vitória, pois era o
único meio de atrair a sua misericórdia e obter a força de que precisavam para
vencer os inimigos.
Ordenou em seguida aos chefes de campo e oficiais que
assumissem o comando das tropas, como se fazia antigamente. Despediu os
recém-casados e os que haviam adquirido alguma propriedade recentemente, de
modo que a má disposição deles por haverem deixado a mulher ou a propriedade
não viesse diminuir a coragem dos outros. Depois fez uma exortação aos soldados
com estas palavras: "Jamais encontraremos ocasião em que nos seja mais
necessário mostrar coragem e desprezar o perigo do que esta, pois, se
combatermos gene-rosamente, a liberdade será a recompensa de nosso valor, e,
por mais desejável que ela seja por si mesma, tanto mais a devemos desejar,
porque não poderemos sem ela conservar a nossa santa religião. Considerai então
que o resultado desta jornada ou nos cumulará de felicidade, dando-nos os meios
de observar em paz as leis e os costumes de nossos antepassados, ou nos lançará
a toda espécie de misérias, cobrindo-nos de infâmia, se, por nossa
pusilanimidade, formos causa de que o resto de nossa nação seja completamente
exterminado. Lembrai-vos de que nem os covardes nem os corajosos podem evitar a
morte, mas, expondo-se a vida pela religião e pelo país, é possível conquistar
uma glória imortal. E não duvideis de que, indo ao combate com a firme
resolução de morrer ou de vencer, o dia de amanhã vos fará triunfar sobre os
vossos inimigos".
474. As palavras de judas animaram-nos, e, ante o aviso de
que Górgias, guiado por alguns judeus trânsfugas, vinha atacá-los durante a
noite com mil cavaleiros e cinco mil soldados de infantaria, ele decidiu antecipar-se
e ir-lhes ao encontro, atacando naquela mesma noite o acampamento dos inimigos,
que então estaria mais fraco, pela diminuição de seus homens. Assim, depois de
dar a refeição aos seus homens e acender várias fogueiras, marchou protegido
pelas trevas para Emaús. Górgias não deixou de vir e, como não encontrou
ninguém no acampamento dos judeus, julgou que o medo os obrigara a se esconder
nos montes. Marchou então para ir procurá-los.
Judas, ao despontar do dia, chegou ao acampamento dos
inimigos, com três mil homens somente, todos muito mal armados, tanto era
triste a sua situação. Quando ele viu que aqueles aos quais queria atacar
estavam bem armados e tinham o seu campo muito bem defendido, disse aos seus
homens que nada deveriam temer, pois Deus sentiria prazer vendo que eles não
temiam atacar, naquele estado, um exército tão numeroso e de inimigos tão bem
armados, e certamente lhes daria a vitória. Ordenou em seguida que se tocasse o
sinal de avançar. A surpresa dos inimigos foi tão grande que muitos foram
mortos de imediato, e os outros, perseguidos até Gadara e aos campos da
Iduméia, de Azoto e de jamnia, de modo que eles perderam três mil homens. Judas
proibiu aos seus de se entregarem ao saque, porque tinham ainda de combater
Górgias, mas lhes prometeu que, após tê-lo vencido, iriam se enriquecer com
tantos despojos.
Judas ainda falava, quando viram Górgias, que regressava com
as suas tropas, aparecer num elevado. Quando ele viu a mortandade, a derrota do
exército do rei e o campo incendiado, não teve dificuldade em imaginar o que
havia acontecido. Vendo que judas se preparava para atacá-lo, ficou tomado de
tanto medo que fugiu. Assim, Judas venceu-o sem combate e permitiu então aos
seus soldados que se entregassem ao saque. Eles encontraram grande quantidade
de ouro, de prata, de escarlate e de púrpura e voltaram com grande alegria,
cantando hinos em louvor a Deus, o autor da vitória que contribuiu para a
reconquista da liberdade.
475. No ano seguinte,
Lísias, para reparara vergonha daquela derrota, reuniu um novo exército,
composto de tropas escolhidas, em número de sessenta mil soldados de infantaria
e cinco mil cavaleiros, entrou na Judéia e veio pelos montes acampar próximo de
Bete-Zur. Judas marchou contra ele com dez mil homens. Vendo a potência dos
inimigos, rogou a Deus que lhe fosse favorável e confiou no seu auxílio. Então
atacou pela vanguarda e a desfez, matou cinco mil homens e lançou tal medo nos
outros que Lísias, vendo que os judeus estavam resolvidos ou a perecer ou a
reconquistar a liberdade e temendo deles mais o desespero que as forças,
retirou-se para Antioquia com o resto de seu exército. Ali, tomou soldados
estrangeiros sob pagamento e preparou-se para voltar à Judéia com um exército
ainda mais poderoso que o primeiro.
476. Judas, após obter tão grandes vitórias sobre os
generais do exército de Antíoco, persuadiu os judeus a ir a Jerusalém dar
graças a Deus, como lhe eram devidas, purificar o Templo e oferecer
sacrifícios. Quando lá chegaram, no entanto, encontraram as portas queimadas e
os muros cheios de mato, o qual havia crescido durante aquele período de
inteiro abandono. Tão grande desolação arrancou suspiros do coração e lágrimas
dos olhos de Judas. E, depois de ordenar que uma parte da tropa sitiasse a
fortaleza, pôs mãos à obra para purificar o Templo.
Fez-se tudo com o máximo cuidado. Judas colocou nele um
candelabro, uma mesa e um altar de ouro completamente novos. Mandou colocar
também portas novas e cobriu-as com cortinas. Depois destruiu o altar dos
holocaustos, porque fora profanado, e mandou fazer um novo, com pedras que não
houvessem sido trabalhadas a martelo. No dia vinte e cinco do mês de quisleu,
que os macedônios chamam apeleu, acenderam-se as luzes do candelabro,
incensou-se o altar, colocaram-se os pães sobre a mesa e ofereceram- se
holocaustos sobre o novo altar.
Isso se deu no mesmo dia em que, três anos antes, o Templo
fora indigna-mente profanado por Antíoco e abandonado, no dia vinte e cinco do
mês de apeleu, no ano cento e quarenta e cinco, e na Olimpíada cento e
cinqüenta e três. A renovação ocorreu no mesmo dia do ano cento e quarenta e
oito e da Olimpíada cento e cinqüenta e quatro, como o profeta Daniel havia
predito, quatrocentos e oito anos antes, dizendo clara e distintamente que o
Templo seria profanado pelos macedônios.
Judas celebrou durante oito dias com todo o povo, por meio
de solenes sacrifícios, a festa da restauração do Templo, e não houve regozijo
honesto a que não se entregassem durante esse período. Eram festins e banquetes
públicos. O ar ressoava os hinos e cânticos que se elevavam em louvor a Deus, e
a alegria de se ver, depois de tantos anos, quando menos se esperava, a
restauração dos antigos costumes de nossos pais e a prática de nossa religião
foi tão grande que foi determinado realizar-se todos os anos aquela festa,
durante oito dias. Chamaram-na festa das luzes porque, segundo a minha opinião,
essa felicidade foi como uma luz agradável que dissipou as trevas de nossos
longos sofrimentos, aparecendo numa ocasião em que não poderíamos sequer
imaginá-la. Judas, em seguida, mandou restaurar as muralhas da cidade,
fortificou as grandes torres e colocou soldados para defendê-las contra os
inimigos. Fortificou também a cidade de Bete-Zur, para dela se servir como
fortaleza contra os ataques.
477. Os povos vizinhos, não podendo tolerar a ressurreição
do poder de nossa nação, armaram ciladas aos judeus e mataram vários deles.
Judas, que estava continuamente no campo, para impedir tais incursões, atacou
ao mesmo tempo Acrabatena,* matou um grande número de idumeus, descendentes de
Esaú, e apoderou-se de grandes despojos. Tomou também o forte de onde os filhos
de Baam, seu príncipe, incomodavam os judeus, matou os que o defendiam e
incendiou-o. Marchou depois contra os amonitas, que eram em grande número,
comandados por Timóteo, venceu-os, tomou-lhes a cidade de Jasor, saqueou-a e
levou como escravos todos os seus habitantes.
As nações vizinhas, porém, logo que souberam que ele havia
voltado para Jerusalém, reuniram todas as suas forças e atacaram os judeus que
moravam na fronteira de Galaade. Estes refugiaram-se no castelo de Atemam e
mandaram contar a Judas que corriam o perigo de cair nas mãos de Timóteo. Judas
recebeu ao mesmo tempo cartas da Galiléia, pelas quais lhe davam aviso de que
os de Ptolemaida, de Tiro e de Sidom e outros povos vizinhos se reuniam para
atacá-lo.
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* Ou Acrabim.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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Leitura
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