História De Israel – Teologia 31.98
CAPÍTULO 2
JEORÃO, FILHO DEJOSAFÁ, SUCEDE-O. ÓLEO MULTIPLICADO
MILAGROSAMENTE
POR ELISEU EM FAVOR DA VIÚVA DE OBADIAS. HADADE, REI DA
SÍRIA,
MANDA TROPAS PARA PRENDÊ-LO, MAS DEUS OS FERE COM CEGUEIRA,
E
ELISEU OS CONDUZ A SAMARIA. HADADE SITIA FORÃO, REI DE
ISRAEL.
ASSÉDIO LEVANTADO MILAGROSAMENTE, SEGUNDO APREDIÇÃO DE
ELISEU.
HADADE É ESTRANGULADO POR HAZAEL, QUE USURPA O REINO DA
SÍRIA E DE DAMASCO. HORRÍVEL IMPIEDADE E IDOLATRIA DE JEORÃO, REI DE
JUDÁ.
ESTRANHO CASTIGO COM QUE DEUS O AMEAÇA.
377. 2 Crônicas 21.
josafá, rei de ]udá, deixou vários filhos, jeorão, que era o mais velho,
sucedeu-o no trono, como ele havia ordenado. A mulher de Jeorão, como vimos,
era irmã de Jorão, rei de Israel, filho de Acabe, que, ao regressar da guerra
contra os moabitas, levara Eliseu com ele para Samaria. Os feitos desse profeta
são tão memoráveis que julguei dever relatá-los aqui, segundo o que está
escrito nos Livros Santos.
378. 2 Reis 4. A
viúva de Obadias, mordomo do rei Acabe, veio dizer ao profeta que, não tendo
meios de restituir o dinheiro que seu marido havia emprestado para alimentar os
cem profetas que, como Eliseu devia saber, ele salvara da perseguição de
jezabel, os credores queriam tomá-la como escrava e também aos seus filhos. E,
por causa dessa dificuldade em que se encontrava, recorria a ele, para rogar
que tivesse piedade dela.
Eliseu perguntou-lhe se ela possuía alguma coisa. A mulher
respondeu que só lhe restava um pouco de óleo. O profeta então mandou-lhe que
tomasse emprestado dos vizinhos algumas vasilhas vazias, fechasse a porta do
quarto e enchesse os vasos com óleo, com a firme confiança de que Deus os
encheria a todos. Ela fez o que ele ordenou, e a promessa do profeta
realizou-se. Ela foi logo contar-lhe o resultado. Ele disse-lhe então que
vendesse o óleo: uma parte do dinheiro serviria para pagar as dívidas, e o
resto deveria ser guardado para sus-tentar os filhos. Assim, ele satisfez a
pobre mulher e livrou-a da perseguição dos credores.
379. 2 Reis 6. Eis um
outro grande feito do profeta: Hadade, rei da Síria, pôs homens de emboscada
para matar Jorão, rei de Israel, quando este fosse à caça, mas Eliseu foi
avisá-lo e impediu assim que ele fosse morto. Hadade ficou encolerizado por ver
frustrada a sua esperança, tanto que ameaçou matar todos os que havia
encarregado daquela missão, pois, tendo falado somente a eles, alguém devia
tê-lo traído e avisado o inimigo. Um deles então protestou, dizendo que eram
todos inocentes daquele crime e que o rei deveria entender-se com Eliseu, a
quem nenhum de seus intentos era segredo, os quais o profeta referia a Jorão.
Hadade aceitou essas razões e ordenou que procurassem saber em que cidade
estava o profeta.
Hadade soube que ele estava em Dota e para lá enviou um
grande número de soldados, a fim de prendê-lo. Penetraram na cidade à noite, para
que ele não pudesse escapar, porém o criado de Eliseu o soube e bem cedo, todo
trêmulo, correu a contar ao profeta. Este, que confiava no socorro do alto,
disse-lhe que nada temesse e rogou a Deus que o tranqüilizasse, fazendo-lhe
conhecer a grandeza de seu poder infinito. Deus o ouviu e permitiu que o servo
contemplasse uma grande multidão de cavaleiros e carros armados, prontos para
defender o profeta. Eliseu rogou a Deus também que cegasse de tal modo os
sírios que eles nada pudessem ver. Deus consentiu, e o profeta meteu-se no meio
deles, per-guntando a quem procuravam. Responderam que procuravam Eliseu, o
profeta. Ele disse-lhes: "Se quiserdes seguir-me, levar-vos-ei até a
cidade onde ele está". E, como Deus não somente lhes tirara a vista, mas
obscurecera-lhes também o Espírito, eles o seguiram.
Eliseu levou-os a Samaria. O rei Jorão, por seu conselho,
rodeou-os com todas as suas tropas e fechou as portas da cidade. Então o
profeta rogou a Deus que lhes tirasse a cegueira, e assim se fez. Não se pode
descrever a surpresa e o terror daqueles homens ao se acharem no meio dos
inimigos. Jorão perguntou ao homem de Deus se queria que os matasse, a
flechadas, e ele respondeu que o proibia terminantemente, porque não era justo
matar prisioneiros que não haviam sido vencidos na guerra e que nenhum mal
tinham feito ao país, mas que Deus os entregara nas mãos do rei por um milagre.
Ele devia, ao contrário, tratá-los bem e enviá-los de volta ao seu rei. Jorão
seguiu o conselho, e Hadade concebeu tal admiração pelo homem de Deus e pelas
graças com que Ele favorecia o seu profeta que enquanto Eliseu viveu não usou
mais de ardil algum contra o rei de Israel, determinando combatê-lo somente em
luta aberta.
Dessa forma, entrou em Israel com um grande exército. Jorão,
não se julgando capaz de lhe resistir, encerrou-se em Samaria, confiando em
suas fortificações. Hadade, julgando que não podia tomar a cidade à força,
resolveu cortar-lhe os víveres e assim começou o cerco. A falta de todas as
coisas necessárias à vida foi logo tão grande que a cabeça de um asno era
vendida por oitenta peças de prata, e um sextário de estrume de pomba, de que
se serviam em lugar de sal, custava cinco. Tal miséria fez Jorão temer que
alguém, levado pelo desespero, fizesse os inimigos entrar na cidade e por isso
inspecionava pessoalmente todos os guardas.
Numa dessas rondas, uma mulher veio lançar-se aos seus pés,
rogando-lhe que tivesse piedade dela. Ele julgou que ela desejava alguma coisa
para comer e rudemente respondeu que ele não tinha nem eira nem lagar de onde
lhe pudesse tirar alimento. A mulher retrucou que não era isso o que estava
pedindo, mas apenas que fosse juiz de uma questão entre ela e uma de suas
vizinhas. O rei, então, pediu-lhe que expusesse a sua dúvida. A mulher contou que
ela e a vizinha estavam morrendo de fome e, tendo cada uma um filho, entraram
em acordo para comê-los, pois não viam outro modo de salvar a própria vida. Ela
matara o seu, e ambas o haviam comido, mas agora a outra mulher, contrariando o
ajuste, não queria matar o dela e até o havia escondido.
Essas palavras comoveram tanto o soberano que ele rasgou as
próprias vestes e começou a gritar. Cheio de cólera contra Eliseu, determinou
matá-lo, porque, podendo o profeta obter de Deus, com as suas orações, o livramento
de tantos males, se negava a pedi-lo. Assim, ordenou que fossem imediatamente
cortar-lhe a cabeça, e os soldados partiram para executar a ordem. O profeta,
que estava descansando em sua casa, ciente da ordem por uma revelação de Deus,
disse aos seus discípulos: "O rei, sendo filho de um homicida, mandou os
seus homens para me cortar a cabeça. Ficai perto da porta, porém, para mantê-la
fechada a esses assassinos, quando virdes que se aproximam, pois o rei se
arrependerá de ter dado essa ordem e virá aqui ele mesmo, em seguida".
Fizeram o que ele havia determinado, e Jorão, arrependido de ter dado a ordem e
com receio de que a executassem, veio apressadamente para impedi-los e lamentou
o pouco interesse do profeta pelos seus sofrimentos e pela infelicidade do
povo, pois não se dignava pedir a Deus que os livrasse de tantos males.
2 Reis 7. Então Eliseu prometeu que, no dia seguinte, à
mesma hora, ele teria tal abundância de víveres em Samaria que a medida de
farinha de trigo seria vendida a um sido no mercado, e duas medidas de cevada
não custariam mais. Como o príncipe não podia duvidar das predições do profeta,
após haver constatado tantas vezes a sua veracidade, a esperança de um feliz
futuro deu-lhe tal alegria que o fez esquecer a infelicidade presente. Os que o
acompanhavam não ficaram menos alegres, exceto um dos oficiais, que comandava o
terço das tropas e em quem o rei tinha plena confiança. Ele disse a Eliseu:
"O profeta, o que prometeis ao rei não é possível, ainda que Deus faça
chover do céu farinha e cevada". Respondeu Eliseu: "Não duvideis,
porque o vereis com os vossos próprios olhos. Mas somente o vereis, não
participareis dessa felicidade". E aconteceu como ele predisse.
Havia entre os samaritanos um costume segundo o qual os
leprosos não podiam ficar nas cidades. Por esse motivo, quatro homens de
Samaria, vítimas dessa doença, residiam fora dos muros. Como não tinham
absolutamente nada para comer e nada podiam esperar da cidade, por causa da
extrema carestia a que estava reduzida, e como sabiam que não deixariam de
morrer de fome, quer fossem pedir esmola, quer ficassem em casa, julgaram
melhor entregar-se aos inimigos. Porque se estes tivessem compaixão deles, lhes
salvariam a vida, e se os matassem, seria uma morte muito mais suave que a outra,
que lhes era inevitável. Depois de tomar essa resolução, partiram para o
acampamento dos sírios.
No entanto Deus tinha feito aquele povo ouvir durante a
noite um rumor semelhante ao de cavalos e de carros, como se um grande exército
os viesse atacar. Isso causou-lhes tal espanto que eles abandonaram as suas
tendas e disseram a Hadade, seu rei, que o rei do Egito e os reis das ilhas
tinham vindo em auxílio de Jorão, e já se ouvia o retinir de suas armas. Como
Hadade havia também escutado o ruído, facilmente prestou fé às palavras deles,
sem que ele ou os seus soubessem o que fazer. Então fugiram, com tanta
precipitação e em tal desordem que nada levaram de seus bens e das riquezas de
que o acampamento estava cheio.
Os leprosos entraram no campo inimigo e lá encontraram em
abundância toda espécie de bens, sem ouvir o menor ruído. Avançaram ainda mais
e entraram numa tenda, onde, não encontrando ninguém, beberam e comeram o
quanto quiseram. Apoderaram-se de vestes, de dinheiro e de grande quantidade de
ouro e prata, que enterraram num campo fora do acampamento. Passaram a outra
tenda e ainda a duas outras, onde fizeram o mesmo, sem encontrar ninguém. Então
não tiveram mais dúvidas de que os inimigos haviam fugido e lastimaram não
terem levado ainda aquela notícia ao rei e aos seus concidadãos. Por isso se
apressaram e foram gritar às sentinelas que os inimigos se haviam retirado.
As sentinelas avisaram o corpo da guarda mais próximo da
pessoa do rei, que ao tomar ciência do fato reuniu em conselho os seus chefes e
servidores particulares e disse-lhes que aquela retirada dos sírios era
suspeita. Tinha motivo para temer que Hadade, ansioso por tomar a cidade pela
fome, tivesse fingido retirar-se, a fim de que os sitiados fossem saquear o
acampamento. Assim, ele voltaria de repente, cercá-los-ia de todas as partes,
matando-os facilmente, e tomaria a cidade sem resistência alguma. Seu parecer
era de que não se incomodassem com o que acontecera e continuassem como antes.
Um dos presentes a esse conselho, que estava entre os mais
sensatos, acrescentou, depois de elogiar tal parecer, que julgava muito
apropriado enviar dois cavaleiros para observar o que se passava no campo até o
Jordão. Se fossem apanhados pelos inimigos, os outros saberiam conservar-se
prudentemente em guarda, para não cair no mesmo perigo. E, se eles fossem
mortos, estariam apenas antecipando um pouco a própria morte, pois não tinham
como conter a carestia.
O rei aprovou a proposta e ordenou imediatamente aos
cavaleiros que fossem observar o campo inimigo. Eles voltaram dizendo que não
haviam encontrado uma pessoa sequer no acampamento e tinham visto o caminho
inteiramente coberto de armas e de grãos, que eles haviam lançado fora para
fugir mais depressa. Então Jorão permitiu aos seus que fossem saquear o campo
dos sírios. Recolheram uma enorme riqueza de despojos, pois, além de grande
quantidade de ouro, prata, cavalos e gado, encontraram tanto trigo e cevada que
parecia um sonho. Assim esqueceram logo os males passados, e houve abundância,
tal como Eliseu havia predito: duas medidas de cevada se vendiam por um sido, e
a medida de farinha, pelo mesmo preço. Essa medida continha um módio e meio, da
Itália.
O único que não teve parte em tão feliz mudança foi o
oficial que acompanhava do rei quando este fora falar com Eliseu. O príncipe
ordenara-lhe que ficasse à porta da cidade, para impedir que as pessoas, na
pressa de sair, matassem umas às outras. E ele foi sufocado, vindo a morrer,
como o profeta havia predito.
380. 2 Reis 8. Hadade retirou-se para Damasco e lá soube do
terror que invadira o seu exército sem que aparecesse qualquer inimigo, mas
sabia também que aquele pavor fora enviado por Deus. Sentiu muito desgosto ao
constatar que Ele lhe era tão contrário, e ficou gravemente enfermo.
Avisaram-no então de que Eliseu vinha a Damasco, e ele ordenou ao mais fiel de
seus servos, de nome Hazael, que fosse encontrá-lo com presentes e perguntasse
se ele sararia. Hazael mandou carregar quarenta camelos com os mais saborosos
frutos do país e com objetos preciosos e, depois de saudar o profeta,
apresentou-lhe as dádivas do rei, perguntando em seu nome se devia esperar a
cura. O profeta respondeu que Hadade morreria, mas proibiu Hazael de dar-lhe a
notícia.
Essas palavras deixaram Hazael muito aflito, e Eliseu, por
seu lado, derramou lágrimas à vista dos males que se seguiriam ao seu povo após
a morte de Hadade. Hazael rogou a Eliseu que lhe dissesse o motivo daquele
penar, e o profeta respondeu: "Choro por causa dos males que fareis sofrer
os israelitas. Pois fareis morrer os seus melhores homens, reduzireis a cinzas
as suas pra-ças-fortes, esmagareis os seus filhos com pedras e não poupareis
nem mesmo as grávidas". Hazael, assustado com essas palavras,
perguntou-lhe como aquilo poderia acontecer e que probabilidade havia de ele
conquistar tão grande poder. Então o profeta declarou que Deus havia revelado
que ele reinaria sobre a Síria.
Hazael contou a Hadade que este devia esperar a saúde e, no
dia seguinte, asfixiou-o com um pedaço de linho molhado e apoderou-se do reino.
Ele tinha, ademais, muitos méritos e conquistou de tal modo o afeto dos sírios
e dos habitantes de Damasco que eles o têm ainda hoje, tal como a Hadade, no
número de suas divindades e prestam-lhe contínua honra, por causa dos
benefícios que receberam de ambos, dos soberbos templos que eles construíram e
de tantos embelezamentos de que a cidade de Damasco lhes é devedo-ra. Enaltecem
também a antigüidade de sua descendência, pois ainda vivem, mil e cem anos
depois. Jorão, rei de Israel, informado da morte de Hadade, julgou que nada
mais tinha a temer e que passaria tranqüilo o resto de seu reinado.
381. 2 Reis 11; 2 Crônicas 21. Voltemos a Jeorão, rei de
Judá. Não havia ele subido ao trono, e seu mau governo logo se revelou, pelo
assassinato dos próprios irmãos e dos homens mais ilustres do reino, aos quais
Josafá, seu pai, dedicara grandíssima estima. Ele não se contentou em imitar
aqueles reis de Israel que primeiro violaram as leis de nossos antepassados e
mostraram a sua impiedade para com Deus, mas os sobrepujou a todos em muitas
espécies de crimes e aprendeu de Atalia, sua mulher, filha de Acabe, a prestar
aos deuses estrangeiros sacrílegas adorações. Assim, dia a dia, ele cada vez
mais irritava a Deus, por causa de sua impiedade e pela profanação das coisas
mais santas de nossa religião. Deus, no entanto, não o quis exterminar, por
causa da promessa que fizera a Davi.
Os idumeus, todavia, que antes lhe eram submissos, sacudiram
o jugo, começando Dor matar o seu próprio rei, que sempre fora fiel a josafá, e
colocando outro em seu lugar. Jeorão, para vingar-se, entrou à noite naquele
país com muitos carros e soldados de cavalaria e destruiu algumas cidades e
aldeias da fronteira, sem ousar contudo ir além. Mas essa expedição, em vez de
torná-lo temível àqueles povos, levou ainda outros a se revoltar contra ele, e
os que habitam o país de Libna não o quiseram mais reconhecer como soberano.
A loucura e o furor desse rei chegou a tal excesso que ele
obrigou os súditos a adorar falsos deuses nos lugares mais elevados dos montes.
Certo dia, estando ele muito agitado, trouxeram-lhe uma carta de Eliseu, na
qual o profeta o ameaçava com uma terrível vingança da parte de Deus, pois, em
vez de observar as suas leis, como os seus predecessores, ele preferira imitar
os erros abomináveis dos reis de Israel, obrigando a tribo de Judá e os
habitantes de Jerusalém, tal como Acabe fizera aos israelitas, a abandonar o
culto ao verdadeiro Deus para adorar ídolos. E, a tudo isso acrescentara ainda
o assassinato dos próprios irmãos e de tantos homens de bem. Por isso receberia
o merecido castigo: o seu povo cairia sob a espada dos inimigos, e os cruéis
vencedores não poupariam nem as esposas nem os filhos dele. Ele veria com os
próprios olhos saírem-lhe as entranhas de seus corpos e então iria se
arrepender, porém seria tarde demais, e o seu arrependimento não o impediria de
morrer em meio a muitas dores.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
Não perca tempo, Indique esta maravilhosa
Leitura
Custo:O Leitor não paga Nada,
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